A parada era dura. Nos estádios, muitas
vezes discussões acaloradas pelo resultado de alguma pesquisa do Ibope que desagradara
um dos dois.
Em fins dos anos 1980, Liberal e
Marajoara disputavam a primazia do esporte principalmente nas transmissões do
futebol. A Clube nesse tempo, depois de um retorno triunfal, após quase um ano
e meio com seu departamento desativado por parte dos novos donos da emissora,
contratara uma nova equipe (1986) que incluía Carlos Castilho, Theodorico Rodrigues,
Adonay do Socorro, Guilherme Guerreiro e Agripino Furtado que viriam se
incorporar aos antigos integrantes do Timão do Rádio: Cláudio Guimarães, José
Maria Simões, Jones Tavares, Osmar Simões, Nonato Santos, José Lessa e Beraldo
Francês. Mas aos poucos foi sendo esvaziada, com a saída desde o chefe da
equipe, Edyr Proença, que se afastara depois da venda da emissora (1983) da
qual sua família era uma das maiores acionistas. Mas em pouco tempo quase o
time inteiro deixou a Poderosa. Em que pese as contratações de Jayme Bastos,
Jorge Dias e Edson Matoso, nesse período,
o restante da equipe era formada só por nomes quase todos desconhecidos.
Após a saída de Adwaldo Castro para
chefiar a programação da Clube, Guarany Junior assume a direção da Liberal. Mantem
o finado Carlos Cidon como chefe da equipe esportiva. Mas na realidade as
decisões sobre contratações e dispensas eram da iniciativa dele.
E o “vai pra lá, vem pra cá” torna-se
incessante entre as duas emissoras. Guerreiro que logo saiu da Clube ingressa
na Marajoara como sub-chefe da equipe comandada por Carlos Castilho após a
saída de Ronaldo Porto para o novel canal 13, a TV RBA do falecido empresário
Jair Bernardino.
Deixam a Marajoara no rumo da
Liberal: Ivo Amaral (1982) e depois: Paulo Bahia, Hailton Silva, Mário Sales e
Gilson Faria. Inversamente, ingressam nos Titulares do Esporte da Marajoara;
Giuseppe Thomazo, Redivaldo Lima, Hailton Silva que terão a companhia das revelações
da própria emissora Waldo Souza e Carlos Ferreira. Guarany Jr. introduz após as
jornadas do futebol uma espécie de mesa redonda que se prolonga por longo tempo
após o encerramento dos jogos. Sem dúvida, uma iniciativa arrojada e pioneira.
Aos poucos, porém, as duas emissoras
vão perdendo o fôlego com o retorno de Guerreiro para a Clube onde já estava Giusepe
Thomazzo e começa o desmonte na Marajoara com as saídas de Castilho, Waldo
Souza e Carlos Ferreira para reforçar a nova equipe que estava sendo montada
visando retomar a dianteira no esporte para a tradicional PRC-5.
Na Liberal, Guarany perde força com o
retorno do saudoso Adwaldo Castro à direção geral que sem tanta demora prescinde
de alguns nomes de peso no esporte como Cláudio Guimarães, embora contratando
Jorge Luiz que era o narrador titular da Marajoara. Adonay retornara da Clube e
Hailton Silva passa também a comentar alguns jogos. Agripino é outro que
ingressa na Equipe Legal. Na contra partida, Paulo Bahia retorna à Marajoara.
Foi uma fase bastante agitada no
rádio esportivo. Até mesmo porque no vácuo da Clube, a Cultura –OT formou uma
grande equipe com nomes conhecidos como Zaire Filho, Jota Serrão, Tavernard
Neves, Mário Sales, Luiz Araújo, Hélio Nascimento e outros. E a Rauland-FM pela
primeira vez resolveu transmitir o futebol com uma equipe reduzida mas
qualificada: Claudio Guimarães, Edson Matoso, Nildo Lima, Reginaldo Barros, Waldir
Oliveira e Reinaldo Vieira (Plantão). Tempos bons e saudosos do rádio esportivo
de Belém.
Após quase 50 anos na empresa onde
ingressou em 1971 como repórter da recém criada Equipe Legal, galgando outros
cargos - foi diretor de marketing por longos anos – Guarany Junior deixou as ORM
este ano. Diz, entretanto, que preferiu ficar apenas como consultor do grupo
–jornal, rádios e TV.
Uma inesperada crise familiar eclodiu
este ano entre os Maioranas que
respingou em vários nomes que ocupavam cargos de direção há muito tempo, como
foi o caso de Guarany Jr , por longos anos diretor de marketing do grupo ORM.
Guilherme Guerreiro possui status
elevado na Rede Brasil Amazônia de Comunicação(RBA) sendo o chefe da equipe de
esportes da Rádio Clube que na contra mão da crise que se abateu em algumas
emissoras (a Liberal inclusive extinguiu seu departamento) em todo o país,
comanda um time com mais de 20 integrantes. E, por isso mesmo, tem a maior audiência
esportiva do Brasil, conforme revelam, pesquisas do Ibope. Ele ainda comanda
aos domingos à noite o Bola na Torre, programa de debates com grande audiência,
em que pese a concorrência que enfrenta a Band (a RBA é sua afiliada ) no
mesmo horário.
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Guarany (esq.) e Guilherme Guerreiro |