segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

A cara do pai (6)

Quando o narrador Jorge Luiz trocou a Marajoara-AM pela Metropolitana –FM em 2013, levou consigo um expressivo número de integrantes dos Titulares do Esporte da emissora de Carlos Santos.

Entre eles, o comentarista Nonato Santos (falecido), os repórteres, Chico Chagas, Mário Jorge e Laulito Miranda, além do comentarista ( iniciante) Daniel Barcessat e o narrador revelação Henrique Amado. Incluso ainda nesse time, seu filho Felipe Silva, que estagiava como repórter em sua equipe.

Jorge Luiz que começou na Educadora de Bragança, sua terra natal, veio para Belém no começo dos anos 1980 e logo firmou-se na equipe da Marajoara, quando Jayme Bastos e Ronaldo Porto dividiam a chefia e a narração do futebol.

Com a saída de ambos –Ronaldo para o recém inaugurado canal 13 da RBA (Rede Brasil Amazônia) do saudoso empresário goiano Jair Barnardino e Jayme para cuidar da montagem de sua própria emissora, a Maguary-AM em Ananindeua, Jorge Luiz passa a ser o principal narrador dos Titulares do Esporte. Dividia com Toninho Silva as narrações dos jogos. Depois transfere-se para a Liberal (1988) mas sem tanta demora retorna à Marajoara onde permaneceu por quase 15 anos. Com o som da emissora da Rua Campos decaindo de intensidade e consequente nitidez, e a promessa de um novo transmissor que nunca se concretizava acabou deixando a emissora e apostou no no sucesso da Metrô-FM onde já está há seis anos com boa audiência, principalmente depois que a Liberal extinguiu sua equipe na segunda metade do ano que está se encerrando.

Dois nomes ganharam destaque no novo time do Garotinho na FM de Barcarena: o jovem narrador Henrique Amado e o repórter Felipe Silva que aos poucos foi se firmando como uma repórter de vocabulário seguro e gramaticalmente correto, além, de habilidoso nas perguntas que formula de modo objetivo e com timbre vocal perceptível. . Quando atua nas pontas-de-gol Felipe também sabe dar seu recado, ao fornecer aos ouvintes detalhes complementares ao lance do narrador.

Juntamente com Saulo Zaire, são duas boas revelações na reportagem de campo.

Jorge Luiz começou em Bragança
Felipe Silva é um bom repórter


Intelectual não gosta de futebol?


Paulo Francis cunhou a frase que serviria para demonstrar o estado de ânimo do verdadeiro intelectual. Talvez estereotipado na intelligentsia carioca: “Intelectual não vai à praia. Intelectual, bebe”.

E o futebol ? Também seria rejeitado no cotidiano dos pensadores mais refinados? Parece que nem tanto. Neste livro UM TIME DE PRIMEIRA lançado em 2014 pela Nova Fronteira, um punhado de escritores e jornalistas fala sobre o “soccer”, cada qual ao seu estilo e à época em que escreveu para a coletânea. Alguns são conhecidos pelo seu embrião com o “o esporte das multidões”: Nelson Rodrigues, João do Rio, Rubem Fonseca e Mário Filho.

Vale a pena dar uma olhada e ler os textos originais desse time da fina flor do Lácio.

Edu, o melhor de todos



A voz “aveludada” de Eduardo Tavares, agradável de seu ouvir, ganhava, porém,  um timbre dinâmico nas informações do Plantão Esportivo da Rádio Clube.

Ele foi o substituto de José Maria Nobre Gonçalves, outro monstro sagrado da equipe chefiada  pelo mítico Edyr Proença e cuja voz contrastava com a de Edu, por ser de timbre forte, embora de tom atraente. Ambos, porém, com a mesma dinâmica nas  informações sobre os resultados dos jogos no pais e no exterior. Edu  pegou o inicio da Loteria Esportiva,  quando os plantonistas passam a ter expressiva participação durante as transmissões do futebol. Com os ouvintes acompanhando com a máxima atenção as informações sobre os jogos que integravam a loteca semanal.

Por mais de uma década, depois de surgir na Guajará em 1965,  Edu além de informante foi também o redator e seguro apresentador do programa As primeiras do Esporte, às 13h. Com dicção clara que complementava a bela voz, sabia “segurar” com improviso acurado e verbalmente correto, qualquer interrupção de uma partida. Ficava no ar sozinho sabendo se expressar  ao imaginar situações  que prendessem o ouvinte até o restabelecimento normal do jogo. Em Belém ou na retransmissão por outra emissora de fora do estado. Tudo transcorria normal, apoiado é claro, pelos rádio-escutas do Plantão. Naquele tempo pré-internet formado por Bellar Pereira (já falecido), Elder Bino,  Flávio Moreira e Pedro Hamilton Nery.

Estudante de Medicina, depois que formou-se em meados dos anos 1970, Edu passou a exercer a profissão de médico em vários municípios do interior até se aposentar.

Esta foto é do ano em que faleceu (2010) quando pela última vez esteve na sede campestre da nossa Associação dos Cronistas e Locutores  Esportivos do Pará (ACLEP) levado por mim que o conhecia desde a Praça Brasil onde residíamos nas imediações.

Edu Tavares em sua última visita à sede da ACLEP (2010)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

O Sobrenatural de Almeida



O misticismo integra também a essência do futebol. E entranha-se nele como a desdenhar da lógica que procura-se encontrar nesse esporte tão complexo.

Não foi à toa que a genialidade de Nelson Rodrigues foi buscar no fictício personagem sobrenatural de almeida as razões que a própria razão menospreza para justificar certos fatos acontecidos na universo do futebol.

O Cruzeiro é considerado um dos clubes mais bem estruturados no país. Isso desde os anos 1960. Excede em títulos estaduais,  nacionais e duas Libertadores. Na década de 1990 deu um salto gigantesco modernizando a Toca da Raposa em uma parceria com uma empresa norte americana que causou polêmica entre seus associados . Mas que sacudiu o clube do Barro Preto de Belo Horizonte.

Com raízes italianas o que comprova sua primeira denominação como Palestra, foi a partir da chegada de Tostão –sua maior estrela em todos os tempos – Raul, Piazza, Natal, Toninho Cerezo, Dirceu Lopes, Palhinha e Hilton Oliveira,  entre muitos de seus grandes  craques que o Cruzeiro passa a dividir com o Atlético Mineiro a preferência da torcida das Alterosas.

Conta-se que quando o maior clássico do futebol de Minas Gerais era entre Atlético e América, nas decisões estaduais que aconteciam   entre o Galo Carijó e a Raposa, a diminuta galera do Cruzeiro em comparação  com a do adversário,  chegava cedo ao antigo estádio Independência,  bem antes do jogo começar. E à medida que a torcida do Galo passava a entrar, comprimia os cruzeirenses até entoca-los em um canto do estádio. Era uma diferença brutal. O que hoje é rigorosamente nivelado, embora a de um ou de outro ache que a sua é um pouco  maiorzinha...

Acompanhei a agonia do Cruzeiro nessas últimas partidas em que desesperadamente procurava fugir ao rebaixamento. Para um clube do seu porte, com o  elenco talvez mais caro do futebol brasileiro,   quase uma humilhação. Suas grandes e caríssimas estrelas –entre eles, Fred, Thiago Neves, Edilson, Fábio, Henrique e Robinho de salários fabulosos -  talvez não tenham se empenhado tanto em alguns jogos importantes, como pressão pelos salários ( “merrecas”...) atrasados em mais de dois meses. E haja a corda apertar no pescoço à medida que as rodadas avançavam para as finais.

No jogo com o CSA (o inicio da derrocada fatal),  depois com o Grêmio e ontem contra o Palmeiras, a má fase do Cruzeiro foi definitivamente selada. O rebaixamento à serie B do próximo ano não teve como ser driblado . Com todos os seus muito  títulos mineiros, outros tantos em nível nacional e inclusas as duas Copas Libertadores, o time foi ao fundo do poço. Como já se previra, com a revolta natural de sua galera,  sem justificar, todavia,   a fúria que se apossou dos mais exaltados no Mineirão.

Houve, sem dúvidas, os desmandos administrativos que devem ter contribuído também  para o fracasso do time em campo. Mas em situações análogas e por vezes   mais graves, outros times já conseguiram até ser campeões em disputas de títulos. 

É o futebol com seus caprichos, mistérios e outros fatores transcendentais,  que se traduzem na própria vida.

A foto que ilustra o texto é de uma das revistas que durante muitos anos recebia mensalmente por deferência do amigão e jornalista Marcos Guiotti,  a quem tive a felicidade de conhecer na Copa do Mundo de 1998 na França. Por longo período ele militou e até chefiou as equipes esportivas  das Rádios Globo-CBN de BH.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A cara do pai (5)

Theodorico Rodrigues era ríspido tanto dentro quanto fora de campo. Ele foi árbitro por longo tempo depois de revelado pelo futebol suburbano na metade dos anos 1950, naquela época uma parada indigesta para quem se aventurasse a ser juiz de futebol nos campinhos da periferia. Era preciso ter “aquilo roxo” para encarar craques e pernas de pau, principalmente estes, nos famosos “festivais” que começavam pela manhã e se estendiam até o final da tarde, quando era disputada a chamada prova de honra. O jogo que decidiria a taça da competição eliminatória disputada por cerca de 10 equipes.

Foi a disciplina em campo que caracterizou o estilo do futuro “Papa da Arbitragem” quando deixou o apito e passou a crítico de arbitragem na Rádio Marajoara e depois na Clube. Era tão rigoroso no gramado quanto ao microfone analisando o trabalho de ex-companheiros de ofício. Entre tantos que se aventuraram nessa nova função radiofônica, foi o mais famoso, tendo como concorrente mais forte, Manoel Nery Filho, o pioneiro nessa crítica específica.

Além do conhecimento técnico, contribuiu para o sucesso ao microfone, frases espirituosas cunhadas com ironia e mordacidade, uma sagacidade peculiar ao antigo árbitro Mario Vianna que por muito tempo fez sucesso na Rádio Globo. Alguns desses bordões de Theodorico:
“Esse árbitro árbitro é um paspalhão” (quando o juiz apitava deixando o jogo correr solto sem marcar faltas}; “Tá vendo visagem” ( se o árbitro errasse em marcação   inexistente ), “Passado na casca do alho” (juiz malandro), “saiu da figura A para a figura B (quando o impedimento se caracterizava de fato) “Catando piolho em cabeça de surucucu” (árbitro teria  inventado uma infração) e o goooolll legiiiitiiimo (para confirmar a legalidade do lance que originou o gol).

Ele nunca conseguiu se divorciar do espírito do policial durão que caracterizava seu comportamento. Embora tivesse relativo senso de humor. Cultivava seus “causos” tanto como policial quanto na arbitragem. E narrava-os com certa picardia.

O filho de Theodorico, Mauro Gilberto, desde cedo (14 anos) já mostrava a inclinação herdada do genitor ao apitar jogos em fins da década de 1980 no campo da Colônia Correicional de Menores na ilha de   Cotijuba onde o pai foi diretor por alguns anos. Naturalmente com o incentivo do “velho” e pouco tempo depois, já com 18 anos inscreveu-se e foi aprovado em um concurso de árbitro promovido pela Federação Paraense de Futebol. Rapidamente evoluiu na carreira chegando a apitar alguns Re-Pas, assim como atuar em partidas de competições nacionais fora de Belém. Encerrou a carreira em 1999 e, desde de então, tornou-se funcionário da Assembleia Legislativa do Estado (Alepa).


Mauro Gilberto
Theodorico era um crítico ácido




Os Bendahans



Alberto e Julinho Bendahan eram considerados primos-irmãos. Teriam sido criados juntos. Tinham uma agencia de câmbio na rua Campos Sales. Talvez a única de Belém naquele tempo. Diferentes fisicamente– Alberto era branco e Júlinho bem  moreno. Ambos altos,  embora Julinho fosse magro e Alberto,  forte, já  puxando para o gordo.

Tudo bem entre os dois. Exceto na paixão clubística. Alberto chegou à presidência do Remo e Julinho era “amarrado” no basquete do Paissandu. Além de colaborador financeiro  cativo do futebol, sendo nos anos 1970, diretor do departamento profissional. Chegou à presidência do Papão concluindo através de mandato-tampão  a gestão de Urubatan D´Oliveira. Foi nessa época (1965) que aconteceu a histórica vitória do Paissandu por 3 a 0 sobre o Penarol que era o campeão do Mundo, na Curuzu,  no dia 19 de julho.Na gestão de Alberto (1961/62) o Remo ganhou  quase uma dezena de modalidades amadoras – basquete, vôlei, futebol de salão, atletismo, natação, regata, polo aquático, celotex, entre outras. Mas não conseguiu o mais importante: o futebol profissional. Foi o ano em que o Paissandu contratou ninguém menos que o técnico Gentil Cardoso, já em declínio nos grandes times do país, mas ainda um nome de muito respeito. Quem o contratou foi justamente uma pessoa tida como alheia ao futebol: o empresário Nelson Souza, que diziam disputar com Alberto “conquistas” extra campo. Nelson passou apenas  uma chuva na direção de futebol do Papão. Era dono de uma fábrica de azeite natural, o famoso óleo Dora.

Alberto cumpriu só  a metade de  seu mandato, pois acometida de um doença,  retirou-se de Belém por algum tempo. Após o golpe de 1964, passou a ser olhado com certa desconfiança pelos novos donos do poder os militares. Alegava-se que ele fora um dos colaboradores financeiros da esquerda ´paraense. Era considerado como gente da chamada burguesia esclarecida. Mas nunca sofreu perseguição ostensiva.

Formava com a esposa Myrian, um dos casais mais badalados do soçaite paraense.

Quando o ex-prefeito de Belém, Lopo de Castro, já falecido, arrendou seu jornal O Estado do Pará e a Rádio Guajará em 1978 para os jornalistas Avertano Rocha e Oliveira Bastos, a televisão também  de sua propriedade, o canal 4, foi parar nas mãos de Romulo Maiorana, mas tendo Alberto Bendahan como seu preposto. Ele morreu em 1992.

Júlio foi presidente da Federação Paraense de Basquetebol nos anos 1960.

Faleceu em princípios do novo século.


Julinho foi presidente do PSC e um devoto do basquetebol bicolor

A força da mídia esportiva paraense




Oti Santos liga pra mim: “Preciso que tu vás representar a Aclep no congresso da Abrace em Teresina”. Eu faço que não entendo:” Aonde?” –indago com certa ironia.

O presidente da Aclep naquele distante ano de 1994 justifica que não tem ninguém que possa cumprir a missão. E não queria qeu a nossa entidade estivesse ausente do evento da Associação Brasileira  de Cronistas Esportivos (Abrace). Na chefia, pela segunda vez,  da procuradoria do Tribunal de Contas dos Municípios, por conta e  risco, resolvi encarar a parada. E com um adendo: a passagem ofertada pela Abrace era só de ida...O retorno seria de minha responsabilidade. E mais ainda: sem saber que o avião da Vasp faria pernoite em São Luis, só chegaria em Teresina na tarde do outro dia...No desembarque na capital timbira é que fui informado de que eu era um dos passageiros que teria que descer . De madrugada, tive que ficar hospedado em uma pousada mais em conta. No dia seguinte cheguei no inicio da tarde  à capital piauiense. E logo na recepção do Hotel Luxor, já fui informado de que todos os participantes do congresso mudariam de hotel. Como de  fato aconteceu.

Não era a primeira e nem a segunda vez que estava em Teresina. Mas a organização do evento foi elogiadíssima por quantos participaram do encontro. Fidalguia até em excesso. Debates acalorados, pois esses conclaves esportivos  midiáticos são dominados pela presença maciça de radialistas. Jornalistas da mídia impressa são raros. Considerados até quase como  “corpos estranhos”. Mas enturmando-se com eles, a amizade flui espontaneamente.

No dia do encerramento, uma sexta-feira pela manhã, eu me programei para ir a São Luis desfrutar da praia do Calháu pois chegaria de avião por volta das 13h.A distancia entre as duas capitais é “um pulo”.

Mal termino de fazer uma explanação sobre a importância do XX congresso, eis que sou procurado por uma emissora de televisão. Era a reportagem da TVE local que desejava entrevistar-me sobre a  influencia da mídia esportiva paraense no sucesso do nosso futebol.  Eu quis me recusar pois estava de saída para o aeroporto afim  de embarcar para São Luis. Não me contive, porém  diante da insistência dos confrades da TV e fomos para uma biblioteca do hotel  gravar uma longa entrevista que seria exibida no domingo,  segundo eles me informaram. Um olho no relógio e outro na câmera, quando terminou a reportagem disparei em um taxi para pegar o avião. Ainda deu tempo e pude desfrutar das praias de São Luis até no domingo,  quando retornei à noite para Belém.

Com todos esses ‘transtornos”  fiz grandes amizades que conheci no congresso como o hilariante Garrincha e o Wolteres, este então presidente da entidade congênere do Piauí,  além do falecido Alfredo Nunes, por muito tempo cartola mafrense de muito  prestígio que era vice-presidente da CBF para a região Norte-Nordeste. 

sábado, 16 de novembro de 2019

A cara do pai (4)

Saulo com Guilherme Guerreiro (esquerda)
O jovem Saulo Zaire é a grata revelação como repórter de campo no rádio esportivo nos últimos tempos. Que tem sido escasso em mostrar novos talentos depois de Valdo Souza, que surgiu na década de 1980 e foi depurando seu estilo com o passar do tempo, tornando-se seguro como mestre- de- cerimonia nas jornadas do futebol. Além dos bate-papos no intervalo e no pós jogo. Afora o improviso criterioso, ele ainda tem a vantagem da boa voz de timbre agradável e a dicção clara.

Nos anos 90, Paulo Caxiado e Paulo Fernando, o Bad Boy, sobressaíram pela maneira peculiar como setoristas de Remo e Paissandu. Cada qual procurando elevar o time que cobria e zoar o maior adversário. Caxiado continua na cobertura do Baenão e “Bad” deixou a Curuzu embora permanecendo em atividade na Rádio Clube e também na televisão.

Saulo que iniciou na Cultura-FM em 2014, quando passou para a Clube foi na quase imperceptível função de produtor de programas. Mas ao passar à reportagem, evoluiu rapidamente. E ganhou confiança em si, tanto no campo quanto atuando como ponta –de- gol. principalmente ao substituir Caxiado nos jogos do Remo e Dinho Menezes (atual setorista da Curuzu)) nos do Paissandu, em partidas fora do estado. Talvez por economia de gastos, ele tornou-se o repórter itinerante da emissora. E sempre deu conta do recado. Nas entrevistas, sabe formular perguntas objetivas e corajosas, especialmente quando fala com os treinadores, sem precisar, no entanto, ser agressivo.

Filho do tarimbado narrador e apresentador Zaire Filho que transmite o futebol para o rádio desde 1970 e já passou pela televisão no extinto canal 2, a TV Marajoara dos “associados”, militou por longo tempo na Liberal e por quase 20 anos apresenta o consagrado Camisa 13 no canal 13 da RBA no início da manhã, Saulo tem tudo pra ganhar mais destaque como repórter. Com voz agradável, bem articulado e sabendo fazer uso da blague nos momentos certos, sem abusar, no entanto, das piadas insossas nas reportagens e entrevistas, o garotão da Clube tem potencial para concretizar uma carreira bem-sucedida como a do pai.

Zaire Filho tem longa carreira no rádio e na TV

Galhardo é o nome do homem!


Nem Pikachu e nem Rony. A grande surpresa do futebol é a inesperada ascensão de Thiago Galhardo que passou pelo Remo em 2014. Sem deixar saudades pelo futebol que mostrou. Ainda que se reconheça que é um jogador que sabe trabalhar com a bola nos pés, mas deixando-se dominar pelo excessivo individualismo em detrimento do jogo coletivo que é a tática básica no futebol.

Depois que saiu do Remo Galhardo foi para  Cametá. Para muitos, quase o fim de linha na carreira. Mas o futebol é esquisito tanto dentro quanto fora do gramado, Galhardo reapareceu jogando pelo Coritiba e de lá foi pra o Vasco. No ano passado teve destaque pela equipe cruzmaltina, embora o realce não tivesse tanta relevância pela pífia campanha do time da Colina, lutando para não ser rebaixado à Segunda Divisão.

Nesta temporada, ele foi contratado pelo Ceará onde é um dos artilheiros da competição, com 12 gols marcados. E tendo excelente atuação no conjunto do time. Continua, porém, com aquela pretensão de se considerar mais importante do que realmente sabe jogar.

Nesta semana leio em um jornal online de Fortaleza que ele está sendo pretendido por outras equipes maiores do país,  além de times do exterior. E o Ceará pretende concretizar a venda de seu passe, que seria o maior valor até agora de quantos craques já vendeu de todos os tempos.
O futebol tem dessas coisas.  


Galhardo teve surpreendente valorização no fim da carreira

sábado, 2 de novembro de 2019

O sucatão do Sport Clube Belém


O Sport Clube ´Belém, já foi considerado o  4º grande time da capital . E desde 1970, quando foi fundado pelo coronel Rodopiano Barbalho, então comandante da Base área de Belém, o Brasinha, como era chamado, já  teve excelentes equipes.

Este da foto era um autentico “sucatão” formado entre outros por ex-craques da Tuna como Leônidas( terceiro da esquerda para a direita), Ribamar(goleiro), Olaci (lateral direito), Bosco (meia-armador) e Gonzaga (ponta esquerda).O restante do time quem se arriscaria em escalar? Detalhe: na foto só aparecem 10 jogadores.


O timaço do Sport em 1979, formado por muitos veteranos. A foto registra só dez jogadores.

O dilema da Tuna


A Tuna parece ter esgotado as próprias forças para poder retornar à Primeira Divisão do futebol paraense.

Há seis anos a Lusa do Souza luta com todas as forças que lhe são permitidas – e elas  são bem limitadas – para formar um time capaz de ganhar  uma das duas vagas através da Segundinha. Mas não consegue nada. Este ano a “campanha” foi mais do que pífia. Só conquistou quatro pontos em quatro empates ainda que jogando em estádios diferentes, incluso até o Baenão.

O ciclo cruzmaltino no futebol amparado pela grana farta da colônia portuguesa endinheirada já vai longe. Na década de 1950, conseguiu ganhar três títulos estaduais (51/55/58) Foi sua maior façanha em termos locais. É verdade que possui também dois campeonatos nacionais. Um na Segunda Divisão  e dois na Terceira.

Um dos presidentes mais recentes da Lusa revelou-me que para manter um time de nível técnico razoável, a folha de pagamento não pode exceder aos 100 mil reais. E pra minha maior surpresa ainda, acentuou que um salário  em torno de cinco mil reais que algum jogador de maior expressão possa ganhar, a diferença da base referencial ( R$ 2 mil) teria que ser  completado por algum abnegado. Convenhamos, quase impossível querer montar uma equipe razoável tecnicamente, com “toda” essa grana...

Considerado com inteira justiça por seu patrimônio material e esportivo, principalmente no futebol paraense onde possui 10 títulos, a Tuna sempre foi a terceira força da capital. Um clube tradicional e elitizado. Respeitado por sua rica história na terra e no mar. Onde já conquistou inúmeros campeonatos de remo.

Para sua reduzida (em comparação com Remo e Paissandu) porém, ardorosa torcida, o futebol tunante parece estar em falência concreta. Que espera-se não seja uma profecia  a se concretizar.

Por que não procurar uma solução fora de Belém? O Red Bull não está investindo em vários clubes do pais, sem a expressão que a Águia do Souza possui? Um contrato no formato do que foi firmado com o Bragantino paulista, que está quase certo de retornar à Primeira Divisão nacional, poderia impulsionar novamente o futebol tunante. Sem pruridos de vaidade por ser considerado uma  “terceirização” do clube.

O mundo mudou. E quem parou no tempo, perdeu seu lugar na história.



O timaço que ganhou três títulos paraenses na década 1950
A suntuosa sede da Praça da República






A cara do Pai (3)

Hailton Silva

Rigorosamente não se poderia dizer que  o refrão “filho de peixe, peixinho é" se aplicaria ao caso de Hailton Silva e o filho, o árbitro Andrey da Silva e Silva.

Ainda que quando pré-adolescente Andrey tenha ajudado o pai em serviços de alto-falantes, mas só na corretagem de anúncios , em Icoaraci. E, na extinta Rádio Maguary onde o pai também atuou,  apenas auxiliar no setor técnico.

Conhecido como “Sentinela” pois quando começou na Rádio Clube, já era funcionário civil da Auditoria Militar, Hailton surgiu na década de 1970 quando a Clube ainda era comandada pela família Proença e o departamento esportivo chefiado  por Edyr Proença. Depois que a emissora foi vendida (1983) ele se transfere para a Marajoara e algum tempo depois (1988), passa a atuar na Liberal onde inclusive chegou a comentar jogos de menor importância. Quando a Liberal reformulou  sua equipe em 1988 e  com a inauguração da Maguary-AM de Jayme Bastos em 1990, ele integra algum tempo depois uma boa equipe formada além de Jayme,  por Edyr Proença, Ronaldo Porto, Chico Chagas, Paulo Bahia, Giuseppe Thomazo e ele. Mas esse time de nomeada não duraria tanto tempo e aos poucos seus integrantes vão deixando a emissora de Ananindeua.

Na primeira experiência da Rauland-FM no esporte em 1992, uma reduzida, porém, eficiente equipe foi montada com Cláudio Guimarães, Edson Matoso, Nildo Lima, Hailton e o irmão Reginaldo Barros, além do plantonista Reinaldo Vieira.

Em 1986, quando a Clube reativou sua equipe, depois de um ano e meio inativa,  Hailton estava de volta entre os integrantes da nova turma. Depois de idas e vindas por outras estações, retornou  ao prefixo originário em 1996 onde  permanece até hoje. É o apresentador do programa As Primeiras do Esporte, de manhã cedinho.

O filho Andrey, por influência do pai, deixou-se contagiar pela arbitragem do futebol e em 1999 inscreveu-se e foi aprovado em um concurso promovido pelo Departamento de Árbitros e passou a integrar o quadro titular  da Federação Paraense de Futebol  e,  por tabela e  competência,   sendo também árbitro da CBF. Ele aspira chegar à FIFFA, tal como outro paraense, o Dewson Freitas. Na família de Hailton, além do irmão Reginaldo, a sobrinha Hélida Farias também   atua no rádio esportivo sendo até pouco tempo, repórter da Liberal-AM que todavia  extinguiu seu setor especializado faz poucos meses.


Andrey Silva

sábado, 19 de outubro de 2019

Guarany vs Guerreiro


A parada era dura. Nos estádios, muitas vezes discussões acaloradas pelo resultado de alguma pesquisa do Ibope que desagradara um dos dois.

Em fins dos anos 1980, Liberal e Marajoara disputavam a primazia do esporte principalmente nas transmissões do futebol. A Clube nesse tempo, depois de um retorno triunfal, após quase um ano e meio com seu departamento desativado por parte dos novos donos da emissora, contratara uma nova equipe (1986) que incluía Carlos Castilho, Theodorico Rodrigues, Adonay do Socorro, Guilherme Guerreiro e Agripino Furtado que viriam se incorporar aos antigos integrantes do Timão do Rádio: Cláudio Guimarães, José Maria Simões, Jones Tavares, Osmar Simões, Nonato Santos, José Lessa e Beraldo Francês. Mas aos poucos foi sendo esvaziada, com a saída desde o chefe da equipe, Edyr Proença, que se afastara depois da venda da emissora (1983) da qual sua família era uma das maiores acionistas. Mas em pouco tempo quase o time inteiro deixou a Poderosa. Em que pese as contratações de Jayme Bastos, Jorge Dias   e Edson Matoso, nesse período, o restante da equipe era formada só por nomes quase todos  desconhecidos.

Após a saída de Adwaldo Castro para chefiar a programação da Clube, Guarany Junior assume a direção da Liberal. Mantem o finado Carlos Cidon como chefe da equipe esportiva. Mas na realidade as decisões sobre contratações e dispensas eram da iniciativa dele.

E o “vai pra lá, vem pra cá” torna-se incessante entre as duas emissoras. Guerreiro que logo saiu da Clube ingressa na Marajoara como sub-chefe da equipe comandada por Carlos Castilho após a saída de Ronaldo Porto para o novel canal 13, a TV RBA do falecido empresário Jair Bernardino.

Deixam a Marajoara no rumo da Liberal: Ivo Amaral (1982) e depois: Paulo Bahia, Hailton Silva, Mário Sales e Gilson Faria. Inversamente, ingressam nos Titulares do Esporte da Marajoara; Giuseppe Thomazo, Redivaldo Lima, Hailton Silva que terão a companhia das revelações da própria emissora Waldo Souza e Carlos Ferreira. Guarany Jr. introduz após as jornadas do futebol uma espécie de mesa redonda que se prolonga por longo tempo após o encerramento dos jogos. Sem dúvida, uma iniciativa arrojada e pioneira.  

Aos poucos, porém, as duas emissoras vão perdendo o fôlego com o retorno de Guerreiro para a Clube onde já estava Giusepe Thomazzo e começa o desmonte na Marajoara com as saídas de Castilho, Waldo Souza e Carlos Ferreira para reforçar a nova equipe que estava sendo montada visando retomar a dianteira no esporte para a tradicional PRC-5.

Na Liberal, Guarany perde força com o retorno do saudoso Adwaldo Castro à direção geral que sem tanta demora prescinde de alguns nomes de peso no esporte como Cláudio Guimarães, embora contratando Jorge Luiz que era o narrador titular da Marajoara. Adonay retornara da Clube e Hailton Silva passa também a comentar alguns jogos. Agripino é outro que ingressa na Equipe Legal. Na contra partida, Paulo Bahia retorna à Marajoara.

Foi uma fase bastante agitada no rádio esportivo. Até mesmo porque no vácuo da Clube, a Cultura –OT formou uma grande equipe com nomes conhecidos como Zaire Filho, Jota Serrão, Tavernard Neves, Mário Sales, Luiz Araújo, Hélio Nascimento e outros. E a Rauland-FM pela primeira vez resolveu transmitir o futebol com uma equipe reduzida mas qualificada: Claudio Guimarães, Edson Matoso, Nildo Lima, Reginaldo Barros, Waldir Oliveira e Reinaldo Vieira (Plantão). Tempos bons e saudosos do rádio esportivo de Belém.

Após quase 50 anos na empresa onde ingressou em 1971 como repórter da recém criada Equipe Legal, galgando outros cargos - foi diretor de marketing por longos anos – Guarany Junior deixou as ORM este ano. Diz, entretanto, que preferiu ficar apenas como consultor do grupo –jornal, rádios e TV.

Uma inesperada crise familiar eclodiu este ano  entre os Maioranas que respingou em vários nomes que ocupavam cargos de direção há muito tempo, como foi o caso de Guarany Jr , por longos anos diretor de marketing  do grupo ORM.

Guilherme Guerreiro possui status elevado na Rede Brasil Amazônia de Comunicação(RBA) sendo o chefe da equipe de esportes da Rádio Clube que na contra mão da crise que se abateu em algumas emissoras (a Liberal inclusive extinguiu seu departamento) em todo o país, comanda um time com mais de 20 integrantes. E,  por isso mesmo, tem a maior audiência esportiva do Brasil, conforme revelam, pesquisas do Ibope. Ele ainda comanda aos domingos à noite o Bola na Torre, programa de debates com grande audiência, em que pese a concorrência que enfrenta a Band (a RBA é sua afiliada ) no mesmo  horário.

Guarany (esq.) e Guilherme Guerreiro


terça-feira, 15 de outubro de 2019

A cara do Pai (2)

Júlio Salles e o filho Mário, na Rádio Assunção, em foto de 2003


Quase octagenário, o paraense Júlio Sales continua a narrar o futebol pela Rádio Assunção de Fortaleza.

Desde o remoto ano de 1962, ele é um dos “sobreviventes” raros de uma geração de grandes nomes no rádio esportivo cearense. Entre tantos: Ivan Lima, Gomes Farias, Paulino Rocha, José Santana, José Cabral, Barbosa Filho, Celso Martinelli e Sérgio Pinheiro, falecido recentemente. Nem todos cearenses de nascimento.

Júlio começou na Marajoara quando Jayme Bastos projetou montar uma equipe que pudesse concorrer com o timaço de Edyr Proença, da Rádio Clube. Que tinha naquela época, Grimoaldo Soares, Luiz Solheiro, João Álvaro, Carlos Estácio, José Maria Nobre Gonçalves, Carlos Alberto Vieira, Carlos Duílio, Almir Nobre e Virgílio Câmara.

Por um mal entendido entre Jayme e Helio Thys,  novo diretor de programação que viera da Tupi do Rio, aconteceu a entrega do lugar por parte do narrador titular e Júlio em solidariedade ao companheiro, também deixou a Marajoara.

Sem tanta demora estava ingressando na equipe de Edyr Proença. Ainda  teve breve passagem pela Difusora de Macapá, mas logo retornando à Clube.

Em 1962 recebeu convite quase irrecusável e foi para a Dragão do Mar de Fortaleza, mas sua longa  permanência  aconteceria na extinta Uirapuru. E depois que a emissora entrou em fase de declínio financeiro trocando de proprietários, ingressa na Asssunção onde está até hoje.

A grande sacada de Júlio ao chegar ao rádio alencarino foi observar  a empatia quase que total por parte os que militavam ao microfone esportivo com o time do Ceará Sporting. Decidiu então mostrar identificação com o Fortaleza que naquele tempo ainda tinha sua torcida bem menor que a  do maior rival. Ganhou grande audiência por parte dos simpatizantes do Tricolor do Pici.

Mário Sales surgiu na Clube em fins dos nos 1970 cobrindo as atividades da Tuna Luso Brasileira e depois passou a atuar nas reportagens dos jogos como ponta-de-gol. Transferiu-se para a Marajoara e depois ingressa na Cultura. Na década de 80, na Marajoara, consegue surpreender na narração do futebol tal como aconteceria com Gilson  Faria, também revelado pelo Plantão da Clube e indo depois para o rádio de Teresina onde passou uma temporada. Ambos receberam oferta tentadora da Liberal e foram atuar na emissora das Organizações Rômulo Maiorana.

No inicio da década de 1990, Mario segue o rumo do pai indo para o rádio de Fortaleza onde já atuou pelas rádios :Cidade, Clube e Band-FM. E finalmente passou a atuar ao lado do pai na Assunção.

Embora com estilos diferentes – e nem poderia ser de outra maneira, pelo longo tempo que etariamente os separa – os dois possuem audiência cativa no rádio alencarino.

Ao contrário do pai, Mário optou por simpatizar com o “vovô alencarino”,  como é conhecido o time do Ceará.

Anúncio de 1957/58


quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Raul Carneiro

Um dos raros remanescentes do famoso Bando Guarany da Praça Brasil, dos anos 1950, que tinha como seu expoente máximo o poeta e compositor Fernando Sales, autor de inúmeras marchinhas carnavalescas de sucesso como "Valete", "Vila Sapo", "Outeiro", "Maçaneta" e "Zepelin" entre tantas outras, faleceu ontem, o amigão Raul Carneiro. Ele é de uma geração antes da minha na histórica Praça do Índio. De sua época podem ser citados nomes já falecidos como o Dr. Baetas, José Maria Valente (foi meu chefe na Revisão de A Província do Pará), o ex-árbitro de futebol Darcey Lucas, os irmãos Milton e Romeu Peres, e o engenheiro Alfredo do Carmo Caldas entre outros.

Raul, de uma família de oito irmãos (só uma mulher) era a “ovelha azulina” pois todos os demais torcem pelo Paissandu. Mas ainda que isolado, diziam seus irmãos, valia por todos e ainda vencia nas discussões clubisticas. Era um autêntico remista “até debaixo d’água”, tendo integrado algumas diretorias do Mais Querido na função de tesoureiro, além de outros cargos ocupados nos quadros dirigentes do Leão Azul. Torcedor azulino ferrenho, não perdia um jogo nos estádios, embora nos últimos anos tenha se afastado presencialmente por motivo de saúde.

Era funcionário aposentado da Petrobrás como Engenheiro. 

À grande família Carneiro, a qual eu prezo muito pela longa amizade, principalmente com o Altair, que conheci no Colégio Paes de Carvalho e me fez ingressar no jornalismo e com o Domingos, meu colega na Revisão do extinto jornal “associado”, minhas condolências fraternas como se eu fosse um integrante da própria família dos Guimarães Carneiro. 

Frustrações azulinas


Um time de massa como o Remo, um dos maiores do Brasil, não pode sofrer seguidas frustrações por parte de sua apaixonada e grandiosa torcida. Como vem acontecendo nos últimos tempos. Ainda que se explore politicamente a decadência administrativa do clube –o que é um fato – ladeira abaixo na última década. E com diretorias que passaram pelo Leão Azul quase o levando ao caos financeiro. Faz parte do futebol em clubes pujantes de aficionados. 


Só não dá para apelar ao reducionismo em circunstancias como recentemente aconteceu em menos de um mês, com a não conseguida classificação à série B nacional e no último domingo (06) com a eliminação da Copa Verde. Torneio, aliás, que já proporcionou à galera azulina as maiores decepções desde a primitiva Copa Norte em 1997 quando tinha tudo para ser o campeão em Belém. Perdeu para o modesto Rio Branco dentro do Mangueirão. Mas o maior vexame viria em 2015 quando depois de vencer a primeira partida das finais em Belém por 4 a 1, conseguiu ser superado pelo Cuiabá na capital mato-grossense por 5 a 1.Quase inacreditável!

Este ano, depois de arrancar na Terceira Divisão com folga de pontos na tabela, na última partida da competição foi eliminado por uma combinação de resultados desfavorável a si. Embora tenha abusado do desperdício de pontos quando empatou em Belém, contra o Luverdense na reabertura do Baenão e foi derrotado pela Tombense no Mangueirão. Quatro pontos que lhe garantiriam a passagem direta para a Série B, sem depender de ninguém na última partida contra seu maior rival e empatou o jogo.

Após essa traumática desclassificação, a reta final da Copa Verde ainda por jogar, concentrou a atenção da ardorosa galera azulina na possível conquista pela primeira vez do torneio regional. Precipitadamente ou talvez para amainar a frustração do acontecido na Terceira Divisão, o presidente Fábio Bentes contratou por “ouvir dizer” o anônimo   técnico Eudes Pedro, apena porque fora “bem recomendado” por Cuca e Abel Braga. E daí? Ele nunca treinara qualquer equipe. Sempre foi auxiliar-técnico. Desconhece o futebol nortista e pincipalmente uma decisão de Re-Pa. No domingo que passou, quase que repetindo a partida anterior de uma semana atrás, o time remista voltou a apresentar os mesmos erros de escalação e de sistema tático. Perdia por 1 a 0 até aos 40 minutos da fase final e aos trancos e barrancos incentivado pelo Fenômeno Azul, conseguiu o milagroso gol de empate que levaria a decisão para as penalidades máximas. Pois o Remo ainda se aventurou nos acréscimos da partida a vencer o jogo. Perdeu por 3 a 1. E deixou perplexa mais uma vez sua apaixonada torcida.

Quando todos clamam pela saída imediata do obscuro treinador, que ainda demonstra a apatia própria dos desmotivados fora do gramado, a diretoria azulina ainda discute a possibilidade de substitui-lo ou não. E anuncia também a perspectiva da contratação de um novo diretor-executivo de futebol. Pra que? O último deles, foi um desastre em termos de contratações de jogadores. Tanto que foi dispensado logo após a eliminação da Série C.
Com impressionante reducionismo da situação, o presidente remista se limita em citar a reabertura do estádio Evandro Almeida após cinco anos desativado e que se traduz, sem dúvidas em grande feito de sua administração, ainda que com o entusiasmo publicitário da grande galera azulina que aderiu em massa ao projeto comprando ingressos caros antecipados e a prometida iluminação do Baenão para o mais breve possível. Embora dentro de campo o time só   continue a aprontar afronta à sua imensa torcida.

Até quando?

Eudes: anônimo e apático

sábado, 28 de setembro de 2019

A cara do pai (1)


É provável que no jornalismo esportivo o pai sonhe em deixar seu DNA profissional em um herdeiro como forma de perenizar seu nome. Claro que em outras profissões ocorra o mesmo. E são quase até genéricas essas transferências subjetivas. 

No rádio esportivo isso engloba não só filhos como outros parentes mais próximos. 

Quando pressentiu que sua performance de narrador festejado já estava se exaurindo, especialmente quanto ao fôlego para acompanhar as jogadas rápidas e as novas bossas introduzidas no relato dos jogos a partir dos anos 1960, Edyr Proença, vislumbrou no filho mais velho, Edgar Augusto, o seu sucessor. Sem ainda alcançar a maioridade, Edgar foi aos poucos se entrosando com a equipe esportiva da Rádio Clube, já naquele tempo integrada pelo saudoso Jair Gouveia e por Cláudio Guimarães que se revezavam na narração de jogos que Edyr se abstinha em narrar ainda como o locutor titular da emissora. 

Com estilo parecido com o do pai, ainda que sem o mesmo timbre de voz anasalado e a dicção perfeita que realçavam na narração do ícone de todos os tempos na locução esportiva paraense, Edgar por quase 20 anos narrou o futebol. Fez parte de um extenso naipe de narradores que além de Cláudio e Jair, incluiu também José Simões, Guilherme Jarbas, Zaire Filho, Tavernard Neves, e Guilherme Pinho no longo tempo em que esteve em atividade. Seu slogan era “o locutor mi-nu-ci-o-so”. 

Quando a tradicional PRC-5 mudou de donos em 1983, Edgar afastou-se juntamente com o pai do prefixo do qual a família Proença fora uma das sócias desde sua fundação em 1928. Edyr ainda voltaria para chefiar uma nova equipe em 1986 quando a emissora foi incorporada ao grupo do jornal diário do Pará. O time da Poderosa fora desativado por quase dois anos ao ser comprada pelo grupo empresarial anterior em 1983. 

Ainda que sendo os donos de uma FM –que adotou vários nomes fantasia enquanto pertenceu aos Proença desde os anos 1980 até a negociação este ano com a CBN pertencente a um grupo de Manaus – nunca houve a intenção dos irmãos Edgar, Edyr Augusto e Janjo, em montar uma equipe de esportes.

Milton Neves e seu carisma


Tenho grande admiração pelo apresentador Milton Neves. Que para muitos é tido como um cara cheio de estrelismos, “se acha” e parece ter a presunção de dono da verdade em suas opiniões, quase sempre cheias de ironias e gozação em cima de quem diverge dele. 

A primeira vez em que mantive contato com sua equipe foi quando editei juntamente com o saudoso companheiro Ronaldo Bandeira, o álbum do Centenário do Clube do Remo em 2005. Enviei um exemplar da reduzida coleção especial que me foi ofertada pela Gráfica Alves. A cor da capa (dura) era amarela, alusiva à secular existência do clube. A edição normal tinha sua capa na cor cinza e os dois escudos azul-marinho destacando o primitivo do Grupo do Remo e o que o substituiu até hoje. 

Nesse tempo atuando com um longo programa aos domingos à noite na Record, Milton foi generoso para comigo, elogiando e mostrando a publicação por relativo tempo dentro do programa. 

Anos depois (2013) enviei-lhe o livro “RE-PA- Rivalidade Gloriosa” e fiz menção ao que lhe mandara anteriormente. E na correspondência provoquei-o indagando se ainda lembrava de mim. A resposta veio em forma de um bilhete escrito por ele de próprio punho. Singelo, mas de valor sentimental para mim. Ele já estava na Band e publicou a capa do livro em seu site, um dos mais acessados no país. 

Milton que foi revelado pelo Plantão (informante) da Jovempan é a maior revelação do rádio esportivo que deu certo na TV. Por sua descontração, autenticidade e a extraordinária capacidade mnemônica desenvolvida com extrema desenvoltura a qualquer momento em que seja necessário relembrar de algum fato pretérito. Na maioria das vezes, recôndito no tempo das suas reminiscências. Sem falhar.

Marajoara, futebol dos anos 1980




Durante o longo tempo em que a Rádio Marajoara pertenceu aos Diários e Emissoras Associados, o poderoso grupo de comunicação – jornais, rádios e televisões – de Assis Chateaubriand, desde quando Jayme Bastos passou a transmitir o futebol (primórdios da inauguração da emissora em 1954) várias equipes esportivas se revezaram na emissora.

A estrutura de uma equipe completa, foi montada pelo carioca Luiz Brandão quando veio substituir Jayme Bastos em 1958. Ele era da Tupi do Rio. Abriu concurso (melhor chamar de teste) para novos integrantes de seu time. E ai surgem Carlos Castilho, Jones Tavares, Júlio Linch, Carlos Cavalcante e Tavernard Neves, entre outros.

Quando Brandão retorna ao Rio em 1963, Ivo Amaral passa a ser o novo chefe da equipe e isso vai se estender até 1980 quando a rádio é vendida para o então deputado federal Manoel Ribeiro. Sem tanta demora, Ivo deixa a emissora e vai para a Liberal juntamente com Jones Tavares. Fica só Carlos Castilho que era o comentarista titular. Jayme Bastos e Ronaldo Porto dividem então o comando dos Titulares do Esporte .

Com a inauguração da RBA- canal 13 do falecido empresário Jair Bernardino, Ronaldo Porto deixa a equipe que já perdera também Jayme Bastos. Ai acontece uma transformação estrutural na equipe que passa a ter o comando de Castilho, mas na realidade, o coordenador Guilherme Guerreiro até então apenas plantonista e depois mestre de cerimônia da Clube, passa a implementar modificações na nova equipe da ex-emissora associada .Desfalca tanto a Clube quanto a Liberal, contratando gente de peso, além de promover revelações como Waldo Souza, Carlos Ferreira e mais alguns nomes.

Na foto, Guerreiro aparece (centro) com Guiseppe Thomazzo e Waldo Souza. (1988)

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O furacão Rony e o outro lado da vida



Campeão em 2014, a arrancada de Rony (detalhe) começou no Remo

O destino às vezes escreve a vida das pessoas como lhe achar mais conveniente. Por vezes, começa pelo avesso do sucesso. Em outras pelo início do fim. Depende do roteiro escolhido pelo acaso e do protagonismo exercido pelo personagem do enredo.

A atuação espetacular do atacante Rony, no jogo de ontem, decisivo da Copa do Brasil e que culminou com o segundo gol do time paranaense, fez o ex-atleta do Remo ser o foco principal da mídia, especialmente das plataformas sociais da internet. Em todas, só dá Rony.

Com uma carreira relâmpago que começa no Remo em 2014, jogando poucas partidas pelo Sub-20, destaca-se, porém, na Copa São Paulo da mesma categoria. Mas ao ver seu time eliminado da competição, o jovem atacante retorna à sua pequena cidade de Magalhães Barata, decerto, desconhecida por muitos, ainda que não tão distante de Belém.

Por lá, desde a infância, a vida foi dura para ele e os quatro irmãos depois da separação do pai da família e a morte da mãe. Foi criado pela avó, que também não demoraria a falecer e fica juntamente com os outros irmãos sob a guarda do avô. Na faina diária de gente humilde, dorme com os irmãos em cima de papeis ou jornais velhos que lhes servem de cama. E quando não tem o que comer, passa fome ou alimenta-se com o que aparecer. E o futuro parece não vislumbrar mudanças. Vira-se como pode: ajudante de mecânico, pedreiro e moto-taxista. Até retornar a Belém, de novo, para vestir a camisa azulina e despontar para a glória em 2014. Foi campeão de profissionais e sem tanta demora, vendido ao Cruzeiro, onde passou pela base,  mas não tendo oportunidade no time de cima, foi cedido ao Náutico. 

No time pernambucano começa a sobressair como artilheiro na série B, não conseguindo, contudo, subir para a Primeira Divisão. Devolvido ao Cruzeiro, é repassado a  um clube do Japão, onde sente bastante a mudança do clima, embora sem se vitimizar. Retorna ao Brasil e passa a viver uma situação indefinida quanto à sua contratação por parte primeiramente do Botafogo e depois do Corinthians, por problemas na sua transferência por parte do clube japonês, que achava ter a preferência em sua renovação contratual. O litígio encerra quando o Athlético Paranaense o contrata no ano passado com o aval da FIFA. 

Sua estrela, então, começa a brilhar ao galgar os degraus da fama de forma frenética. Ganha o campeonato paranaense deste ano, desponta na Libertadores, ganha a Sul Americana e se consagra definitivamente com a conquista ontem à noite da Copa do Brasil. Com as cambalhotas que tornaram-se sua marca registrada ao fazer seus gols, quase sempre em arrancadas fulminantes e o oportunismo do chute forte e bem colocado.

Para onde irá agora o garoto Rony? Dizem que sonha em vestir a camisa canarinho como é natural para qualquer jogador. O Athlético, porém, pensa em ampliar seu caixa, vendendo seu passe a um clube do exterior.

O futebol no Brasil pode se tornar sinônimo de riqueza inesperada para pessoas que nascidas na miséria, tornam-se até milionárias em um contra ponto que só a vida mesma pode explicar. Sem filosofismos de quitanda.

Do Remo ao Athletico PR. uma carreira vertiginosa



Livro do Quarenta

A longa e gloriosa  trajetória não só no futebol, mas em sua existência longeva de 90 anos benfazejos, estão compilados no livro que o conhe...