quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O furacão Rony e o outro lado da vida



Campeão em 2014, a arrancada de Rony (detalhe) começou no Remo

O destino às vezes escreve a vida das pessoas como lhe achar mais conveniente. Por vezes, começa pelo avesso do sucesso. Em outras pelo início do fim. Depende do roteiro escolhido pelo acaso e do protagonismo exercido pelo personagem do enredo.

A atuação espetacular do atacante Rony, no jogo de ontem, decisivo da Copa do Brasil e que culminou com o segundo gol do time paranaense, fez o ex-atleta do Remo ser o foco principal da mídia, especialmente das plataformas sociais da internet. Em todas, só dá Rony.

Com uma carreira relâmpago que começa no Remo em 2014, jogando poucas partidas pelo Sub-20, destaca-se, porém, na Copa São Paulo da mesma categoria. Mas ao ver seu time eliminado da competição, o jovem atacante retorna à sua pequena cidade de Magalhães Barata, decerto, desconhecida por muitos, ainda que não tão distante de Belém.

Por lá, desde a infância, a vida foi dura para ele e os quatro irmãos depois da separação do pai da família e a morte da mãe. Foi criado pela avó, que também não demoraria a falecer e fica juntamente com os outros irmãos sob a guarda do avô. Na faina diária de gente humilde, dorme com os irmãos em cima de papeis ou jornais velhos que lhes servem de cama. E quando não tem o que comer, passa fome ou alimenta-se com o que aparecer. E o futuro parece não vislumbrar mudanças. Vira-se como pode: ajudante de mecânico, pedreiro e moto-taxista. Até retornar a Belém, de novo, para vestir a camisa azulina e despontar para a glória em 2014. Foi campeão de profissionais e sem tanta demora, vendido ao Cruzeiro, onde passou pela base,  mas não tendo oportunidade no time de cima, foi cedido ao Náutico. 

No time pernambucano começa a sobressair como artilheiro na série B, não conseguindo, contudo, subir para a Primeira Divisão. Devolvido ao Cruzeiro, é repassado a  um clube do Japão, onde sente bastante a mudança do clima, embora sem se vitimizar. Retorna ao Brasil e passa a viver uma situação indefinida quanto à sua contratação por parte primeiramente do Botafogo e depois do Corinthians, por problemas na sua transferência por parte do clube japonês, que achava ter a preferência em sua renovação contratual. O litígio encerra quando o Athlético Paranaense o contrata no ano passado com o aval da FIFA. 

Sua estrela, então, começa a brilhar ao galgar os degraus da fama de forma frenética. Ganha o campeonato paranaense deste ano, desponta na Libertadores, ganha a Sul Americana e se consagra definitivamente com a conquista ontem à noite da Copa do Brasil. Com as cambalhotas que tornaram-se sua marca registrada ao fazer seus gols, quase sempre em arrancadas fulminantes e o oportunismo do chute forte e bem colocado.

Para onde irá agora o garoto Rony? Dizem que sonha em vestir a camisa canarinho como é natural para qualquer jogador. O Athlético, porém, pensa em ampliar seu caixa, vendendo seu passe a um clube do exterior.

O futebol no Brasil pode se tornar sinônimo de riqueza inesperada para pessoas que nascidas na miséria, tornam-se até milionárias em um contra ponto que só a vida mesma pode explicar. Sem filosofismos de quitanda.

Do Remo ao Athletico PR. uma carreira vertiginosa



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