sábado, 14 de julho de 2018

O Mundial das surpresas


França ou Croácia? Com quem ficará o título da Copa do Mundo de 2018? As duas seleções são merecedoras do galardão do torneio mundial. Especialmente a Croácia, desde o início da competição uma grata revelação por seu futebol veloz, alegre e sobretudo ofensivo. Jogando com muita raça, técnica e tática modernas. Desde as eliminatórias já se mostrara como uma seleção promissora. E confirmou esse vaticínio.

A França com apenas um título na competição maior do futebol universal, quando conquistou a taça ao chancelar o torneio mundial de 1998 em seu país, mostrou igualmente um futebol vistoso, com jogadas de ataque rápidas e infiltrantes através de seus laterais e atacantes pelos flancos do campo. Com chutes fortes e certeiros em sua maioria ao gol adversário.

Sem ser um prognóstico dos claudicantes muristas, acho que o título ficará com qualquer um dos dois melhores times da competição. Embora a equipe gaulesa tenha um naipe de jogadores credenciados pelos grandes times que integram fora de seu país. A Croácia, no entanto, pode ser a grande “zebra” pressentida com percentual elevado de se concretizar. O que na realidade não se constituirá em uma surpresa absoluta.

A eliminação do Brasil nas quartas de final, não foi decepcionante. Outras grandes seleções e consideradas até como favoritas, voltaram mais cedo para casa: Argentina, Alemanha, Espanha e Uruguai. Sem contar Itália e Holanda que nem participaram da Copa.

Bira e seus irmãos


Cinco irmãos jogarem no mesmo time já é algo extraordinário. E todos sendo titulares, talvez, uma façanha inédita. Digna de figurar no Guines, o livro dos recordes. 

O velho Herundino que fora um grande artilheiro no ataque do Esporte Clube Macapá, na década de 1950 era pra lá de radical: “Algum filho meu que jogar pelo Amapá (adversário e maior rival de seu time) sai de casa”. Por isso ninguém se arriscaria a desgostar o pai. Bira, Aldo, Marco Antonio, Assis e Haroldo, atuaram juntos pelo clube que corresponderia ao Remo amapaense. As camisas eram na cor azul. E o Amapá, embora listradas, era alvi- negro, mas a galera contrária ao Macapá, considerava-o como se fosse o Paissandu. 

Em tempos idos, o Amapá, era um dos cinco territórios federais do país. 

Bira e Aldo vieram jogar no Papão em 1976. E logo ganharam vagas garantidas no primeiro time bicolor. No ano seguinte, um acerto de bastidores em razão de pendencia jurídica sobre o campeonato de 1976 vencido em campo pelo Papão, mas com a ausência do Remo nas partidas finais, o atacante transferiu-se para o Baenão, E o Remo desistiu do processo no STJD. 

Impetuoso, veloz e sobretudo goleador, Bira sagrou-se tri campeão azulino em 1977/78/79. Foi o maior artilheiro do Leão até hoje no campeonato paraense. Marcou 32 gols no Tri de 1979. Cresceu a fama quando marcou cinco gols em um jogo contra o Guarany de Campinas no Mangueirão. O Bugre campineiro foi o campeão brasileiro daquele ano. Em 1980 Bira teve seu passe comprado pelo Internacional onde brilhou por três anos. E depois ainda jogaria no Juventus paulista e vários outros times. Ao encerrar a carreira em 1986 tornou-se treinador chegando a comandar o próprio Remo, Paissandu e Tuna além de outras equipes do interior. 

Aldo também teve vitoriosa trajetória no Fluminense onde foi titular da lateral- direita por alguns anos. 

Segundo dizem em Macapá, o melhor dos cinco irmãos era Assis, meia-armador, mas que por ser funcionário federal nunca quis arriscar o cargo que ocupava no governo amapaense pelo futebol em outro estado. 

Plantonistas Famosos


Em tempo remoto a voz clara e possante de José Maria Nobre Gonçalves interrompia a transmissão do futebol narrado por Edyr Proença: “Alô, Edyr”. “Fala Zé” – era a brecha do saudoso speaker esportivo para que seu informante do Plantão noticiasse algum resultado importante de jogos pelos pais e pelo mundo afora. 

O Plantão Esportivo da Rádio Clube comandando por Carlos Alberto Pires Vieira, um rádio-escuta dotado de ouvido absoluto naquele tempo das “corujas permanentes” às emissoras de fora apenas pelas chamadas ondas curtas, era outro ponto alto do departamento esportivo da pioneira PRC-5. 

José Maria Gonçalves, contudo, era funcionário da Caixa Econômica e em meados dos anos 1960 foi transferido para o Rio de Janeiro. Ficou uma lacuna na informação plantonista. A extinta Guajará revelara através de seu QG dos Esportes (sigla que significa Quartel- General e adequado ao regime militarista que comandava o Pais naquela época, metaforicamente, equivalente ao Plantão) o locutor comercial Eduardo Tavares. Edu tinha voz aveludada, de timbre agradável e dicção esmerada, além do improviso correto quando por qualquer motivo a transmissão do jogo sofresse alguma interrupção momentânea. Foi a encomenda certa para substituir o antigo titular, por mais de 10 anos. Trocou o rádio pelo exercício da medicina. Morreu em 2010. 

Na atualidade, Carlos Alberto de Alverga que agora acumula a escuta - hoje facilitada pela internet – e também a informação, na equipe da Marajoara e Reinaldo Vieira, plantonista- informante da Liberal, com voz de boa entonação, são os nomes de maior destaque no Plantão das emissoras que transmitem o futebol em Belém.

Isaac Pais e suas controvérsias


O português Isaac Pais, por muito tempo atuou na imprensa esportiva belenense. Começou escrevendo uma coluna no extinto jornal “associado”, A Província do Pará, de onde foi depois seu editor, na metade dos anos de 1960. Nesse tempo eu atuava na Revisão. E trocávamos esparsas conversa na redação. Isaac era quase que um outsider entre a turma do jornal. Ainda que fosse relativamente novo. Gostava de escrever. Era extensivo em seus textos e comentários. Mas demonstrava consistência no que abordava. Dizia-se diplomado tanto como árbitro e ainda treinador pela FIFA. Chegou até a dirigir o departamento especializado (árbitros) da antiga Federação Paraense de Desportos (FPD), antecessora da FPF. 

E como técnico teve uma única experiência. Por sinal, desastrosa dirigindo a seleção paraense em um amistoso contra a seleção amazonense, em Manaus. Perdemos por 7 a 0. Mas quando retornou a Belém, Isaac justificou tintim por tintim todos os gols sofridos naquele placar vexatório. Quase consegue convencer. Era seu jeito de ser, sempre refratário à autocrítica. E excedendo-se na autoconfiança. Um presunçoso. 

Trabalhamos juntos no Liberal. Foi paciente comigo que era um péssimo datilógrafo no início da carreira. Por várias vezes almocei em sua residência que ficava em uma vila em frente ao Colégio Nazaré. Da mesma maneira nos eventos familiares como o aniversário da única filha. Mas nem por isso deixou de pedir minha cabeça ao Rômulo Maiorana quando entrei em uma lista de demissões. O saudoso e prestigiado fotógrafo Pedro Pinto intercedeu por mim junto ao RM e passei a ser repórter da Editoria de Cidade. O lembrado Walter Guimarães era o Chefe-de-Reportagem. 

Quando a Rádio Liberal passou a integrar o grupo de comunicação das ORM Isaac por breve tempo chefiou sua equipe esportiva. E passou a comentar alguns jogos numa linguagem quase grotesca chamando a bola de esférico, a trave de moldura, o goleiro de guarda-valas e por ai seguia sua romaria idiomática genuinamente lusitana. 

Um dia resolveu em sua coluna sugerir uma nova estratégia tática ao Remo. Que nesse tempo era comandado por ninguém menos que Zizinho. O Leão jogaria o clássico de um domingo à tarde no tradicional Re-Pa. 

À noite, com o placar da partida já definido – salvo engano, empate – Mestre Ziza comparece a um programa da extinta TV Marajoara, ancorado por Ivo Amaral que anuncia a participação de Isaac Pais nos debates. Mas ele ainda não se fazia presente ao programa. Zizinho estava com um jornal nas mãos. 

Ao se aproximar da metade do programa, Ivo anuncia que Isaac não se faria presente por estar acometido de forte resfriado, conforme telefonara justificando sua ausência. 

Foi o passe que Zizinho esperava. Dirigindo-se ao apresentador, ele disse que mesmo que o jornalista comparecesse, não debateria com o mesmo.” Esse cara entende muito mais futebol do que todo mundo” – ressaltou Ziza. E continuou: “Ele armou um esquema que somando tudo vai dar em 12 jogadores. E eu até hoje só conheço time com onze”. 

No dia seguinte em A Província”, sendo motivo de zoeira geral, ele não se fez de rogado. Chamou Zizinho de imbecil, pois apenas “hipoteticamente” admitira aquela “tática” com 12 jogadores. Piorou o lance. 

Ele ainda passaria pela redação do extinto O Estado do Pará ao tempo em que o jornal da família de Lopo de Castro foi arrendado à empresa Néo Administração e Participações em fins dos anos 1980. 

Faleceu em 1990.

terça-feira, 3 de julho de 2018

A pátria de chuteiras


Os arautos do caos nacional preconizavam que a pátria brasileira nesta Copa do Mundo penduraria as chuteiras. O “desanimo” com os novos rumos do país chegaria ao cume com a apatia do povo pelo escrete canarinho. O Brasil que usou as cores verde e amarela nas gigantescas manifestações de rua de 2013 desprezaria nossa Seleção no torneio realizado este ano na Rússia. Seria uma forma de protesto pelo que se esperava de melhor e não aconteceu. O futebol é uma paixão brasileira inserido em nossa cultura popular, tal como é o carnaval. Por isso mesmo, nem durante a ditadura militar houve antipatia ao time que nos representou em 1970 no México e trouxe o caneco do TRI. Foi a fase mais dura do regime dos generais. Contam os livros sobre nossa história naquele período sombrio, que até os que se atiraram à luta armada como forma de enfrentamento ao regime, também torceram pelo nosso sucesso. Na cadeia ou fora dela. 

É verdade que a nossa credibilidade futebolística foi duramente abalada naquela trágica e até hoje polemica goleada de 7 a 1 sofrida diante da Alemanha. E pior ainda por ter sido um “feito” que superou a “extraordinária” derrocada de 1950, o patético Maracanazo. A Copa de 2014 tal como a de 1950 é para ser esquecida, e sepultada a ideia de tão cedo o Brasil chancelar uma outra competição equivalente. 

Mesmo sendo prematuro conjecturar sobre uma presumível aclamação nacional pelo Hexa com o qual sonhamos, é inegável que a Seleção continua com seu prestígio popular inabalável. As ruas, residências, bares e logradouros públicos e agora sobretudo as redes sociais têm mostrado isso. Já avançamos às quartas-de-final. E vamos enfrentar nesta sexta-feira a Bélica com certo favoritismo. 

Ninguém descalça as chuteiras do Brasil. Nosso futebol considerado como um grande patrimônio nacional gostem ou não os ressentidos políticos. No ranking l mundial continuamos sendo o país de maior número de títulos em termos de Copa do Mundo. Uma glória, sem dúvida. Nossos graves problemas sociais não têm como agravantes e nem são alienantes, o futebol e o carnaval. Isso é demagogia de tempos remotos. Hoje, o povo despertou. E sabe decidir o seu destino. A eleição que está chegando vai mostrar isso.

A caixinha de surpresas


Desde quando acompanho o futebol – e já faz tanto tempo... – pensei que o aforisma “o futebol é uma caixinha de surpresas” tivesse sido cunhado quase conexo ao surgimento no Brasil do mais popular esporte do mundo. E, sendo desconhecida sua autoria, atribuía à sabedoria popular das arquibancadas um conceito tão singelo quanto verdadeiro, no sentido da expressão. 

Pois foi através de meu biógrafo nacional preferido, o jornalista e escritor Ruy Castro, que recentemente descobri quem foi o autor de um provérbio tão coerente à magia do futebol. Ainda que alguns cronistas autoproclamados como “especialistas na matéria” na mídia esportiva brasileira até esnobem o adágio, vale a pena transcrever alguns tópicos da coluna do consagrado jornalista publicada há poucos dias. 

(...) ”A caixinha de surpresas é muito popular mas poucos conhecem sua história. De onde veio? Onde e quando nasceu e quem foi seu pai? E como e por que passou à posteridade? Bem, ai vai. Seu criador foi o comentarista Benjamin Wright durante a Copa do Mundo de 1950 na histórica Rádio Nacional, de cuja equipe esportiva, comandada por Jorge Curi e Antonio Cordeiro, ele fazia parte. 

“O futebol é uma caixinha de surpresas”. Com ela, Benjamin queria dizer que, por mais rigorosa a análise do comentarista no intervalo, o imponderável sempre poderia decidir uma partida no segundo tempo. Era a caixinha de surpresas. 

Imagino que, já na Copa de 50, ela, a caixinha, tenha feito uma de suas mais surpreendentes e sinistras intervenções, quando o Uruguai virou sobre o Brasil por 2 a 1 na final e foi campeão mundial”. 

(...)”Quando a escutei pela primeira vez, Benjamin pertencia à equipe de Waldir Amaral na Emissora Continental, que eu ouvia sem parar. E, em seus comentários, partida após partida, ele não deixava de citá-la. Mas agora com um adendo: “Não sei se já usei antes essa imagem, mas o futebol e uma caixinha de surpresas. Era um charme de Benjamin. Usava-a em todos os comentários e se em algum jogo, se esquecesse dela, haveria gente telefonando para a Continental em protesto. 

Um deles, era eu” –conclui Ruy. 

No lance: Benjamin Wright era pai do ex- árbitro e depois critico de arbitragem da Globo, José Roberto Wright . Além da Nacional e Continental, ele foi da Globo e durante muito tempo também atuou na Tupi. 

Talvez para esnobar o conceito de Wright . o ex-craque e atual cronista Tostão, disse que poderia até acreditar na caixinha de surpresas se Alemanha, Argentina, Portugal, México e Bélgica, para ele, naturalmente, entre as melhores da atual Copa do Mundo, não fossem além das oitavas-de-final. Quase queima a língua com a Bélgica ...

O eterno Mané Garrincha


(Reproduzido da Revista O Mundo do Futebol).

Esperança remista com Netão


Nem Givanildo e muito menos Artur conseguiram reanimar a apaixonada torcida do Remo da quase prevista desclassificação da série C. Pois o auxiliar técnico dos dois conhecidos treinadores reacendeu a fugidia esperança azulina. Com a vitória da sexta-feira passada sobre o Juazeirense pelo convincente placar de 3 a 0, O Leão ainda pode respirar nessa divisão nacional das mais difíceis por sua forma de disputa. Com três jogos por realizar em Belém – Botafogo, ABC e Náutico – o computo geral dos pontos (20) provavelmente lhe daria a certeza de não descer à famigerada quarta divisão. Serão três partidas presumivelmente difíceis, especialmente contra os times da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Ambos estão em fase descendente na tábua classificatória. A equipe potiguar passa por uma etapa aziaga quase parecida com a do Remo. 

Neste domingo, o time azulino vai enfrentar o Santa Cruz que vem de uma vitória em Natal pelo placar folgado de 3 a 0 e que o fez retornar ao G4. No jogo em Recife não poderá perder correndo o risco de deixar o grupo de cima da tabela. Ao Remo é quase imperioso um triunfo para elevar a confiança na equipe perante sua grandiosa galera. Até mesmo um empate seria de bom tamanho, levando-se cm conta a esquálida totalidade dos pontos conquistado na competição até agora. 

Um compromisso dos mais complicados para o Leão que terá o retorno de três titulares na sua defesa: Bruno Maia, Mimica e Esquerdinha. E pode ser um jogo para as características do arisco atacante Elielton, que depois da conquista do Parzão sumiu com seu bom e veloz futebol.

Turma da Pça. Brasil

Foi a maior turma de bairros dos anos 60. Reuníamos mais de 50 integrantes que residiam nas redondezas da tradicional Praça Brasil. Em algu...