terça-feira, 3 de julho de 2018

A caixinha de surpresas


Desde quando acompanho o futebol – e já faz tanto tempo... – pensei que o aforisma “o futebol é uma caixinha de surpresas” tivesse sido cunhado quase conexo ao surgimento no Brasil do mais popular esporte do mundo. E, sendo desconhecida sua autoria, atribuía à sabedoria popular das arquibancadas um conceito tão singelo quanto verdadeiro, no sentido da expressão. 

Pois foi através de meu biógrafo nacional preferido, o jornalista e escritor Ruy Castro, que recentemente descobri quem foi o autor de um provérbio tão coerente à magia do futebol. Ainda que alguns cronistas autoproclamados como “especialistas na matéria” na mídia esportiva brasileira até esnobem o adágio, vale a pena transcrever alguns tópicos da coluna do consagrado jornalista publicada há poucos dias. 

(...) ”A caixinha de surpresas é muito popular mas poucos conhecem sua história. De onde veio? Onde e quando nasceu e quem foi seu pai? E como e por que passou à posteridade? Bem, ai vai. Seu criador foi o comentarista Benjamin Wright durante a Copa do Mundo de 1950 na histórica Rádio Nacional, de cuja equipe esportiva, comandada por Jorge Curi e Antonio Cordeiro, ele fazia parte. 

“O futebol é uma caixinha de surpresas”. Com ela, Benjamin queria dizer que, por mais rigorosa a análise do comentarista no intervalo, o imponderável sempre poderia decidir uma partida no segundo tempo. Era a caixinha de surpresas. 

Imagino que, já na Copa de 50, ela, a caixinha, tenha feito uma de suas mais surpreendentes e sinistras intervenções, quando o Uruguai virou sobre o Brasil por 2 a 1 na final e foi campeão mundial”. 

(...)”Quando a escutei pela primeira vez, Benjamin pertencia à equipe de Waldir Amaral na Emissora Continental, que eu ouvia sem parar. E, em seus comentários, partida após partida, ele não deixava de citá-la. Mas agora com um adendo: “Não sei se já usei antes essa imagem, mas o futebol e uma caixinha de surpresas. Era um charme de Benjamin. Usava-a em todos os comentários e se em algum jogo, se esquecesse dela, haveria gente telefonando para a Continental em protesto. 

Um deles, era eu” –conclui Ruy. 

No lance: Benjamin Wright era pai do ex- árbitro e depois critico de arbitragem da Globo, José Roberto Wright . Além da Nacional e Continental, ele foi da Globo e durante muito tempo também atuou na Tupi. 

Talvez para esnobar o conceito de Wright . o ex-craque e atual cronista Tostão, disse que poderia até acreditar na caixinha de surpresas se Alemanha, Argentina, Portugal, México e Bélgica, para ele, naturalmente, entre as melhores da atual Copa do Mundo, não fossem além das oitavas-de-final. Quase queima a língua com a Bélgica ...

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