sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

O tempo que nunca envelhece


Minha geração de jornalistas – os iniciados nos anos 1960– parece que não veio fadada à longevidade biológica.

Poucos chegaram aos “setentinha”. Padrão etário razoável para a nova fase de expectativa de vida dos brasileiros. Gente  competente como Aldo Almeida (ainda muito jovem já assinava coluna política  em A Província do Pará dos “Associados”); o corrosivo e polêmico João Seixas, Euclides “Chembra” Bandeira,  brilhante em um só jornal, o consagrado colunista social Edwaldo Martins  e Luiz Paulo Freitas (Paulo Zing) o eclético e bem informado colunista de O Liberal, foram além do meio do caminho,  mas sem chegar ao estigmatizado pódio cronológico. Sem contar meu saudoso amigo e compadre, Ronaldo Bandeira, também incluído nesse naipe, que jurava para mim, principalmente nos finais de farra sorumbáticos, saber a idade em que “subiria”: pelos seus cálculos, por volta dos 74 anos. 

Na época ainda estávamos na expectativa dos cinquenta. Um câncer quase sempre ameaçador aos tabagistas inveterados, encurtou, todavia,  sua “profecia”, o peculiar otimismo - por vezes até inconsequente -  e a alegria de viver, em 10 anos. Sou um dos “sobreviventes”, como costuma  nos zoar Jayme Bevilácqua, outro dessa “fauna jurássica”  que ainda vive,  para gáudio dos amigos daquela época tão recuada. Embora há muito afastado do jornalismo. Desde quando a gloriosa “ A Província” bateu as botas em definitivo, no início do novo século. Confesso que nunca pensei em ir tão longe ao atravessar a barreira dos setenta 1º de junho e mais alguns trocados. 

Mas vou levando e cuidando do corpo na esperança de preservar a vida  por  mais alguns anos. A dificuldade maior nesses novos tempos de tecnologia galopante é a adaptação às ferramentas da modernidade. O computador, por exemplo,  essa “máquina de fazer doidos”, como   chamava-o  Ronaldo Bandeira, entrou em meu cotidiano faz pouco tempo. Na marra. E passei a gostar dessa geringonça. Já superei duas fases: a do Orkut e até alguns meses atrás, o desvairado Facebook. 

Segundo alguns o verdadeiro “templo da ignorância”. Não o vejo tanto assim. Há, é verdade, recalques demais sendo expelidos como forma de aliviar tensões e frustrações do pesado cotidiano em que vivemos. Acredito que no mundo inteiro. No watsap me viro como posso e o twiter e instagram considero-os apenas  como supérfluos na modernice  da comunicação.

Este Blog se propõe a perenizar o rádio esportivo e o futebol paraense do passado. Sem perder de vista, porém, o que se passa no presente. Por não ter compromisso com a instantaneidade da informação, o chamado tempo real  da linguagem informática, pretendo que uma vez por semana, as notícias se renovem. Vídeos , áudios   de transmissões do futebol (apenas alguns trechos, evidente) e similares, tenciono  também postá-los.

Com a ajuda dos que desejarem colaborar para isso, meu novo  hobby para espantar o tédio da longevidade, com certeza, vai se tornar mais light.

O título está em sintonia com o tema rádio, ainda que ponta de gol seja uma expressão quase que exclusiva da terminologia do rádio esportivo paraense. O Google que até certo tempo o recepcionava, hoje restringe-se  à sinonímia de repórter de  atrás do gol, repórter de pista ou repórter  de campo, a função similar em outros estados. E ainda  serve de gancho como referência à inesquecível revista GOL  da qual mantenho o título.


Sejam bem-vindos. 

Expedito Leal.

5 comentários:

  1. Um excelente começo de blog de um excelente jornalista.

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  2. Até que enfim surgiu algo novo no esporte paraense. Expedito Leal que diz ter uma idade "avançada", inova com um blog interessantíssimo sobre o outro lado do esporte paraense: o lado das cabines de rádio, o lado do ouvinte torcedor. Ouvir histórias e vozes marcantes do rádio paraense passado, é uma delícia há muito aguardada, e que agora está se materializando. Fiquei com gosto de "quero mais", e espero o desenvolvimento das outras páginas que certamente virão. Afinal, o Expedito tem obrigação de viver muito, para nos contar tudo que pesquisou e que conhece. Parabéns "garoto"! Não perca tempo, mande mais...

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  3. Paulo, amigão, sua generosidade "cutuca" meu ego.Que ainda pulsa com essas massagens, mesmo sabendo descontar os "naturais exageros" da amizade. Enquanto der tempo, conto como vi ou me contaram.Sem mentir jamais. Guerreirão pelo telefone também dá aquela força.Parodiando ( por que não?) o saudoso e "modesto" Eloy Santos, "vamos em frente, que atrás vem gente, com muita inveja da gente".KKKK

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  4. Prezado Sr. Expedito Leal, aqui quem fala é um humilde fã. Apesar da pouca idade, conheci seu blog e fui ler sobre seu trabalho na crônica esportiva local. Há arquivos da "Revista Gol" digitalizados que me acabo na leitura e na observação de todos os pontos da revista. Sou leitor voraz do seu Blog, leio e escrevo sobre a história do nosso futebol e este site é um refúgio. Parabenizo grandemente pelo seu trabalho. Saúde, paz e esperança! Grande abraço, Italo.

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  5. Embora refratário(até demais...) na resposta, fico-lhe grato pelos elogios ao meu blog. Disponha para qualquer informação que precise. Abs.

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