terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Nossos gênios superados?


Nelson Rodrigues e Sandro Moreira foram, sem dúvida, dois dos maiores nomes da crônica esportiva brasileira de todos os tempos. Nelson pela originalidade dos textos sobre o futebol. Que para ele, um jogo, principalmente um FLA-FLU, poderia se transformar em uma epopeia. Escrita com o estilo apoteótico  ao grande vencedor. Mais genial quando se tratava de um triunfo do seu (ou do nosso)  Tricolor das Laranjeiras. Em que pese a grandiosidade de sua pena, a realidade era outra. Alguns diziam até  que ele cochilava na hora do jogo. Embora fosse presença certa na Tribuna da Imprensa do Maracanã ou em Álvaro Chaves. De futebol, mesmo, não entendia bulhufas. E chegava ao máximo em chamar de burro ao vídeo tape que confirmasse um gol ou um lance que fosse contra o seu time do coração.

Já o Sandro Moreira era um  expert  em contar estórias como se fossem verdadeiras. Um engenhoso  criador de enredos esmerados e personagens fictícios que tornavam sua coluna diária no extinto Jornal do Brasil leitura obrigatória, mesmo para os leitores nem tão afeitos ao futebol. Sem contar o estilo elegante – embora por vezes sarcástico - e bem cuidado do texto. Escrevia bem, mas  sem a preocupação de redigir com vocabulário rebuscado. 

No livro Sandro Moreyra – um autor à procura de um personagem, de Paulo Cezar Guimarães, recentemente lançado pela editora Gryphus, o polêmico - e quase sempre sensacionalista -Jorge Kajurú, diz que ambos hoje não escreveriam nos cadernos de esporte dos grandes  jornais  ainda existentes no país. Estariam, segundo ele, superados pela exigência dos novos leitores da era tecnológica. Que cobram um   conhecimento sólido sobre o que leem, escutam  e assistem  através dos jornais, do rádio  e da televisão. Sem negar, entretanto, o talento magistral da saudosa dupla de jornalistas.

E para sair das redações e ir direto ao campo de jogo, o ex-craque Tostão também acha que se jogasse hoje, o genial Garrincha teria dificuldade em exibir-se com seus dribles sensacionais e sobretudo a criatividade dessas fintas,  que por vezes pareciam coisa de um “louco desvairado ” solto em campo a fazer tudo o que lhe viesse à cabeça. E deixar perplexos os que assistiam ao espetáculo proporcionado por um artista  em companhia de dez coadjuvantes.

Justifica Tostão:  
“Teoricamente, o Garrincha, por exemplo teria dificuldade. Ele jogava mais fixo num espaço de campo e seria mais marcado, receberia mais faltas”.

Quem concorda com Kajuru e Tostão?      

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