Nelson Rodrigues e Sandro Moreira
foram, sem dúvida, dois dos maiores nomes da crônica esportiva brasileira de
todos os tempos. Nelson pela originalidade dos textos sobre o futebol. Que para
ele, um jogo, principalmente um FLA-FLU, poderia se transformar em uma epopeia.
Escrita com o estilo apoteótico ao grande
vencedor. Mais genial quando se tratava de um triunfo do seu (ou do
nosso) Tricolor das Laranjeiras. Em que
pese a grandiosidade de sua pena, a realidade era outra. Alguns diziam até que ele cochilava na hora do jogo. Embora
fosse presença certa na Tribuna da Imprensa do Maracanã ou em Álvaro Chaves. De
futebol, mesmo, não entendia bulhufas. E chegava ao máximo em chamar de burro ao vídeo tape que confirmasse um
gol ou um lance que fosse contra o seu time do coração.
Já o Sandro Moreira era um expert em
contar estórias como se fossem verdadeiras. Um engenhoso criador de enredos esmerados e personagens
fictícios que tornavam sua coluna diária no extinto Jornal do Brasil leitura
obrigatória, mesmo para os leitores nem tão afeitos ao futebol. Sem contar o
estilo elegante – embora por vezes sarcástico - e bem cuidado do texto.
Escrevia bem, mas sem a preocupação de
redigir com vocabulário rebuscado.
No livro Sandro
Moreyra – um autor à procura de um personagem, de Paulo Cezar Guimarães, recentemente
lançado pela editora Gryphus, o polêmico - e quase sempre sensacionalista -Jorge Kajurú,
diz que ambos hoje não escreveriam nos cadernos de esporte dos grandes jornais
ainda existentes no país. Estariam, segundo ele, superados pela
exigência dos novos leitores da era tecnológica. Que cobram um conhecimento sólido sobre o que leem, escutam e assistem através dos jornais, do rádio e da televisão. Sem negar, entretanto, o talento
magistral da saudosa dupla de jornalistas.
E para sair das redações e ir direto
ao campo de jogo, o ex-craque Tostão também acha que se jogasse hoje, o genial
Garrincha teria dificuldade em exibir-se com seus dribles sensacionais e
sobretudo a criatividade dessas fintas, que por vezes pareciam coisa de um “louco
desvairado ” solto em campo a fazer tudo o que lhe viesse à cabeça. E deixar
perplexos os que assistiam ao espetáculo proporcionado por um artista em companhia de dez coadjuvantes.
Justifica Tostão:
“Teoricamente, o Garrincha, por
exemplo teria dificuldade. Ele jogava mais fixo num espaço de campo e seria
mais marcado, receberia mais faltas”.
Quem concorda com Kajuru e Tostão?
Nenhum comentário:
Postar um comentário