Em tempos de nostalgia do futebol suburbano, que já foi dos mais concorridos no calendário da extinta Federação Paraense de Desportos (a antiga FPD) antecessora da FPF – Federação Paraense de Futebol - vale a pena lembrar do Sacramenta Esporte Clube, o time do então chamado “Bairro Novo”. A começar pelo seu literal patrono, o velho Martiniano Almeida, que nomina o quase extinto estadinho, outrora, palco até das presenças de Remo e Paissandu.
O Sacramenta já disputou por algumas vezes (1961 (estreia) /68 /69 / 70/ 74 (ultima vez) nosso campeonato profissional. O que o velho Martiniano sempre quis evitar. Ele achava que seu time não tinha – como nunca teve – estrutura para uma peripécia dessa envergadura. Uma autentica profecia. O “Sacra” passou a viver as agruras de sua longa existência a partir daí. Com seu lendário estádio sendo até ameaçado de venda em face de dividas elevadas.
Dos áureos tempos de Martiniano Almeida destacavam-se dois jogadores que formavam a chamada ala esquerda de seu ataque (meia-armador e ponta esquerda): Borrachão e Paturi. No time esmeraldino suburbano eles eram craques.
Borrachão no estilo integral do que Ruy Castro define como os “mascarados” daquela época: tinham por hábito andar nas pontas dos pés. Principalmente os que eram esbeltos, como ele. Era como se estivessem sempre a desfilar. Tornavam-se elegantes com essa postura. Para alguns ele era o Natividade (um polivalente e tecnicamente excelente jogador do Paissandu) do subúrbio. Individualista e clássico nas fintas desconcertantes, abusava, no entanto, desses ornamentos em campo. Quando resolvia passar a bola para algum companheiro, era como se fosse “um favor”, quase uma caridade. Mas em compensação, o passe era feito com classe. Paturi era velocista e chutava bem. Por muitos anos foi cartorário na antiga Repartição Criminal do Fórum de Belém. Depois formou-se em Direito.
Os dois chegaram a jogar por breve tempo pelo Papão. Mas sem repetir o mesmo sucesso dos tempos do Sacra. Coisas do futebol. Foram revelados pelo clube suburbano craques como Eloy, Nascimento e Fefeu que jogaram na Tuna nas décadas 1960/70.
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