quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O bebê de terno e gravata


Na metade dos anos 1990 até o final da década, eu ia muito a São Paulo. Mais pro problema de saúde após uma cirurgia na garganta. Fazia – e ainda faço, agora em tempo muito mais espaçoso – acompanhamento com um excelente otorrinolaringologista de lá. O competente Dr. Osíris Camponês do Brasil. Sim, esse é o nome surreal do médico. Escolha do pai, me disse ele. 

E em minhas muitas, mas breves estadas na capital paulista, recorria ao meu cicerone predileto: o jornalista Leão Azulay, quase que meu aprendiz desde os tempos da lembrada revista GOL. E, algum tempo antes no  extinto jornal O Estado do Pará. Ele já era quase que um paulistano. 

Um dia Azulay me convidou a conhecer a redação da Folha de São Paulo. O prédio não era nada imponente, salvo engano, no centro da capital. Ao entramos em uma sala, havia tanta gente que fiquei espantado. Azulay sorriu. “Aqui funciona apenas a redação do jornal em online” – enfatizou. Naquela época, os jornais de Belém engatinhavam na informatização de suas redações. 

Comparo a Folha com o antigo e recém lançado Jornal do Brasil, cada qual com sua importância histórica e respectiva fase política. Ambos por algum tempo com inclinação editorial mais à esquerda. 

O jornalista Otávio Frias Filho, morto ontem aos 61 anos, por tudo o que li sobre ele e especialmente através da percepção que fazia sobre suas fotos, me parecia um bebê que já nasceu de terno e gravata. Precocemente adulto. Sisudo e sempre a demonstrar através da face a eterna preocupação com algo. Ou com a vida toda. 

Inteligente e culto, a meu ver, sofria da obstinação perfeccionista que parece corroer os que nunca acham nada inteiramente bem feito. Perseguem a perfeição, mesmo sabendo não poder alcança-la. Tornam-se, porém, obcecados por essa ideia que lhes parece tangível. 

Um jornalista que trabalhou na Folha, comentou comigo certa vez em São Paulo sobre o Manual da Redação do jornal: “Se a gente seguir rigidamente o que ele manda, não se consegue escrever quase nada”. E de quantos manuais mantenho até hoje – O Estadão, Editora Abril, Bloch, O Globo e Jornal do Brasil, os principais – sem dúvida o da Folha é muito mais rigorosa no que concerne à técnica redacional. Só para citar um exemplo: lá ensina-se que o “P” da palavra pais só se escreve em caixa alta (maiúscula) quando se trata do Pais de Gales. Fora a única exceção, nem em se tratando do Brasil, admite-se escrever com letra maiúscula. Possivelmente uma visão técnica de Frias Filho. 

A capa da extinta revista Imprensa que ilustra meu comentário é do ano de 2007. Nela está inserida uma extensa entrevista com o reformista diretor-de-redação da Folha, que assumiu a direção do jornal a partir de 1984, quando tinha apenas 27 anos. 

Otávio Frias Filho, sem dúvida marcou uma época no jornalismo brasileiro.

sábado, 18 de agosto de 2018

O melhor dos amapaenses


O rádio esportivo de Macapá em tempos idos tanto recebia valores de Belém como igualmente fornecia talentos para as emissoras de nossa capital. 

Naquela época remota, Júlio Sales, um dos mais longevos locutores em atividade no rádio cearense, foi o primeiro a deixar Belém para atuar na Difusora do então território federal. Ele já passara pela Marajoara e Clube e em Macapá na segunda metade da década de 1950, além de narrador de futebol, era animador de auditório, repórter de rua e nas horas vagas também ator de novelas. Há quase seis décadas, Júlio que por muitos anos foi o titular da extinta e prestigiosa Uirapuru de Fortaleza, passou por outros prefixos alencarinos até se fixar na Assunção. Onde também atua o filho Mário Sales, que se iniciou, tal como o pai, no rádio de Belém. 

Outro que teria rápida passagem pela mesma Difusora, foi o saudoso José Simões, igualmente como Júlio, um narrador principiante na Rádio Clube. Não foi muito demorada também, a permanência de Carlos Cidon no começo dos anos 60 na extinta Equatorial de Macapá. 

Inversamente à “exportação” de narradores, vindo da capital do hoje estado do Amapá, chegaria em 1958 João Álvaro, paraense, mas que trabalhou por algum tempo no IBGE de Macapá e em Belém chegou ao cargo máximo de gerente do órgão federal. Revelou-se um excelente repórter, ainda que sendo uma pessoa de temperamento calmo, sem ser no entanto retraído, mas sempre antenado à notícia. Durante muito tempo apresentou uma sequência dentro do programa O Cartaz Esportivo –O Fato do Dia – no final da tarde. Tinha sempre uma entrevista factual gravada ou ao vivo para oferecer aos ouvintes. Era um entrevistador de perguntas objetivas mas sólidas no conteúdo. No gramado, com o famoso BTP (aparelho comprido com uma antena e um microfone acoplados e com uma nitidez de som excelente) enfrentava a concorrência à altura de Abílio Couceiro pela Marajoara. Se equivaliam. Até na leveza vocal. 

Depois que João Álvaro assumiu a chefia do IBGE, afastou-se do rádio e só eventualmente comentava jogos pela Marajoara, quando Carlos Castilho,o comentarista titular, tinha que se ausentar de Belém por força de seu emprego na Patrobrás. Pois para substitui-lo, com rara simetria, tanto na voz de timbre baixo, mas dotado de bom improviso e sendo um repórter diligente, outro bom valor do rádio macapaense aportou em Belém. Guilherme Jarbas, que pertencia à Difusora, passou a substituir João Álvaro no Fato do Dia. Ele também era narrador, embora fosse melhor na função de repórter. 

Quase ao mesmo tempo (1970) surge em Belém o garotão Guilherme Pinho dotado de boa voz e dicção clara, além de fácil expressão verbal. Ele fora revelado pela terceira emissora de Macapá, a Educadora São José. Explodiu rapidamente na Marajoara e sem tanta demora foi contratado pela Clube. Que naquele tempo sentira muito a saída de Cláudio Guimarães para a nova equipe da Liberal. Pinho, porém, talvez pela própria idade, era um tanto amolecado, comportamento que destoava na equipe chefiada pelo mítico e disciplinador Edyr Proença. Empolgado pela fama que rapidamente viu aparecer, ele se transfere para a nova equipe da Liberal onde já estavam entre outros nomes de peso além de Cláudio Guimarães, Jayme Bastos, Grimoaldo Soares, Luiz Solheiro e ainda o plantonista Bellard Pereira. 

Em pouco tempo, porém, Guilherme Pinho estava saindo da Equipe Legal e sem mais ambiente em Belém, transferiu-se para Fortaleza onde trabalhou em várias emissoras, deixou o microfone esportivo e passou a apresentar um programa político em uma das rádios AMs . Depois de formado em Direito trabalhava na assessoria jurídica da Câmara Municipal. Teve morte trágica –foi assassinado – no início do novo século. 

De toda essa gama de valores amapaenses, o mais famoso, entretanto, não veio para Belém. O competente narrador Guioberto Alves preferiu aceitar a tentadora oferta financeira da então poderosa Rádio Difusora do Maranhão e foi substituir Walbert Martins, o popular “Canarinho”, hoje com mais de 80 anos, embora não mais transmitindo o futebol, e que se transferiu para a Timbira, a grande concorrente da Difusora em São Luis. Guioberto chegou e conquistou a audiência logo de cara. Tinha voz agradável, pronuncia esmerada e ainda era bem articulado. Nesse tempo eu ouvia muito as emissoras maranhenses através das ondas curtas. Morreu de um acidente quando retornava de Teresina em um jipe juntamente com Herbert Fontenele (recentemente falecido). Sua morte foi uma consternação na capital timbira. Mereceu até honras de estilo por parte de todo o rádio timbira. Atuou por cerca de uma década na Difusora (1963/72). 

A emissora teve muitas dificuldades para encontrar seu substituto e recorreu até ao rádio paulista sem conseguir êxito, tamanha era a maciça audiência dos ouvintes identificados com o estilo de Guioberto. Um dos melhores do Norte de todos os tempos.

Euclides Farias partiu de repente


Nem da nova e nem da velha guarda do jornalismo paraense. O amapaense Euclides Farias que morreu nesta terça-feira (14) poderia se inserir na média guarda da mídia impressa de Belém. Sem chegar aos 60 anos (tinha 59) ele que faleceu vítima de leucemia. Euclides por muitos anos integrou a redação do jornal A Província do Pará, ao tempo dos “Associados”. E sobressaiu em uma entrevista do então governador Hélio Gueiros que estava sendo sabatinado em um programa na TV Cultura durante a conturbada campanha eleitoral de 1990. 

No decorrer da entrevista, o jovem repórter formulou uma pergunta que desagradou o governador, que mesmo sendo jornalista, mas estando no exercício do poder, mostrou-se incomodado pela indagação e chegou a insinuar que Euclides estaria procurando ajudar o candidato da oposição (o candidato de Gueiros era Said Xerfan, pois naquele tempo ainda não havia a reeleição) ninguém menos que Jader Barbalho, um ex-aliado e àquela altura seu inimigo figadal e que terminou por vencer a eleição. Mais tarde, Gueiros e Jader se reconciliaram politicamente. Coisas própria da política. 

Minha aproximação com Euclides Farias, embora eu sendo bem mais velho do que ele, foi nas noites de boemia, principalmente na boate Lapinha, reduto maior da animação noturna belenense. Certa vez estando em companhia do saudoso Ronaldo Bandeira, ele chegou justamente na hora em que se exibiam no palco, as veteranas e já um tanto “sambadas”, Gretchen, Rita Cadilac e uma outra contemporânea. Ele sentou a nossa mesa e ironizou: “Eita putaiada veia”. Gargalhamos juntos. 

Na foto, Euclides é o primeiro da esquerda para a direita, junto com Zaire Filho, Antônio Carlos Nunes, Ferreira da Costa, Aderson Maia e eu. Foi por ocasião do 29º congresso da Abrace realizado em Belém em maio de 2003. Ele integrava a Assessoria de Comunicação Social do governo estadual quando o atual governador Simão Jatene foi eleito pela primeira vez.

O paizão Manoel Chipelo


Quando os jogadores da Tuna estavam sem grana, já sabiam a quem procurar. Em uma espécie de comédia ensaiada, dirigiam-se ao local onde trabalhava um dos mais conhecidos dirigentes do clube cruzmaltino. Era em uma serraria que ficava na Estrada Nova e integrava o poderoso grupo de Antonio Maria Fidalgo & Cia especialista no ramo de material de construção civil. Chipelo era uma espécie de gerente-geral da empresa. 

Logo ao se aproximar, já avistavam o prócer (hoje, cartola) quase aos brados e com gestuais negativos ao balançar tanto a cabeça como os braços: ‘Hoje não tem nada de dinheiro. A Tuna está sem poder adiantar vales para ninguém. Vão embora”. Como que seguindo um roteiro prévio, a turma fingia dar meia volta e cabisbaixos rumavam em sentido contrário ao de Chipelo. Mas logo ouviam um grito: “Venham cá. Mas nada de quantias altas que eu não tenho. Vou ver como poso fazer para arranjar uma “gaitinha” (dinheiro) pra vocês”. E ia atendendo a cada jogador em quantias que se aproximavam ao que eles realmente desejavam. Ninguém saia insatisfeito, pois o coração generoso de um dos mais dedicados dirigentes da Tuna de todos os tempos entendia que seus atletas ao lhes procurar, precisavam da grana naqueles tempos de salários baixos que o futebol paraense costumava pagar. E a Lusa era dos três grandes da capital o time considerado de maior expressão financeira. Seus diretores comandavam o comércio em geral de Belém. Desde panificadoras, grandes lojas de tecidos, transporte coletivo, sem contar o leite in natura distribuído a domicilio nas carrocinhas, que de manhã cedinho rodavam pela cidade e pelos subúrbios. 

A decadência da Transportiva (um de seus primitivos apelidos) começa quando essa grande colônia lusitana vai desaparecendo a partir da década de 1990. Não houve a necessária transição por parte dos seus herdeiros. Pouquíssimos interessados em seguir a carreira comercial dos pais. E a maioria esmagadora torcendo pelo Remo ou Paissandu. 

Começava o declínio de um dos mais tradicionais clubes do futebol paraense. Mas ainda há tempo da Lusa se reerguer. Há quem veja na contratação de Junior Amorim para dirigir o time na Segundinha, uma retaguarda financeira sólida com a presença de novos dirigentes. Imbuídos de vontade e grana para fazer a Tuna a voltar ao seu merecido lugar como o terceiro clube grande da capital. Sua pequena mas aguerrida torcida espera por isso.

O goleirão Délcio tinha o DNA na posição



Uma família de goleiros, a começar pelo pai. O goleirão (era bastante alto, mas ágil também nas bolas rasteiras) Délcio tinha outros três irmãos que jogaram na mesma posição e com o mesmo status de bons arqueiros. A família era de Cachoeira do Arari, no Marajó. 

No início da década de 1960 veio para Belém jogar nas divisões de base da Tuna. Mas logo já era o goleiro titular do time principal. Excelente tanto nas colocações embaixo da trave nas defesas rasteiras quanto nas saídas das bolas aéreas. Quase soberano nas jogadas pelo alto. Sua estatura elevada e a sempre atenta colocação na pequena área, facilitavam seu desembaraço no gol. Seu único e fatal defeito era a bebida. Naquele tempo no time da Lusa quase só não bebia o técnico. O time titular de bom nível técnico era formado em sua maioria por biriteiros como o zagueiro Prata, o craque da Silva, - cracaço como meia-armador - e os atacantes Mário, Nascimento e Santiago. Os outros não se excediam tanto. 

A Tuna aproveitou a passagem do Sport Clube do Recife por Belém, e emprestou Délcio e Prata ao clube pernambucano. Délcio destacou-se tanto que já era cogitado para integrar a Seleção Brasileira. Mas um incidente em uma boate, quando o goleiro foi baleado, encurtou a carreira dos dois atletas em gramados do Recife. Retornaram a Belém e continuaram a jogar na Tuna. Délcio ainda passaria pelo Paissandu mas sem tanto brilho e antes de completar 10 anos de atuação encerraria definitivamente sua trajetória que poderia ter sido mais prolongada e exitosa fora de Belém. Isso era quase que a regra naquela época do futebol romântico. Grandes jogadores viveram o mesmo drama social. Em todo o país. a

sábado, 4 de agosto de 2018

Gênios da bola


Eu tive o privilégio de vê-los jogar. Ainda pré-adolescente, assisti Garrincha dar um show de bola – para variar...- jogando contra o Remo, no antigo estádio do Souza. Endiabrado, em uma jogada saiu driblando quantos lhe aparecessem à frente, incluso o goleiro azulino, naquele tempo remoto (1959), o Piedade. Não recordo se fez o gol. Talvez, não. O time alvinegro era uma autentica seleção. Além dele, Didi, Nilton Santos, Quarentinha e Zagalo. Só jogadores em nível do escrete canarinho. 

Didi, por sinal, arrancou aplausos unanimes no estádio da Tuna ao mirar Garrincha na ponta direita e enviesar um longo passe que chegou ao Zagalo na esquerda. Uma esplêndida jogada, literalmente, de um grande mestre. O meia botafoguense não olhava para o chão. Sempre de cabeça erguida, caminhava com a bola colada aos seus pés. Ela a obedecia. Era um negro elegante. Ereto na postura. Tanto em campo como fora dele. 

Quanto ao Pelé, já passado dos 20 anos, em noite memorável no Baenão, no ano de 1965, o Rei entrou em campo com a camisa do Remo e um buquê de flores na mão direita. Foi ovacionado pelo numeroso público presente ao estádio azulino. 

Um detalhe importante desse jogo: o Remo que foi o campeão paraense de 1964 estava com seu time considerado titular em excursão pelo Acre. Por isso jogou com uma equipe considerada como reserva. Mas que tinha excelentes jogadores como a dupla de atacantes Rangel e Zezé. O quarto-zagueiro Socó que era militar integrou o time, pois não pode viajar com a equipe que foi ao Acre. Naqueles tempos idos o elenco remista tinha quase 40 jogadores que residiam, (a maioria), em um imenso casarão na avenida Alcindo Cacela, próximo a Magalhães Barata. 

Para incendiar o Baenão, o Remo chegou a estar à frente do placar por 2 a 1. Foi quando Pelé se “aborreceu” e o Santos enfiou um gol atrás do outro até chegar ao extravagante escore final de 9 a 4. Com um dos gols santista sendo feito em tabela de Pelé com o próprio Socó... O fabuloso jogador entrou na área remista e perseguido pelo zagueiro, tabelou em uma de suas pernas e a bola acabou entrando no gol azulino. Lance de craque. Aliás, o maior do mundo de todos os tempos. 

Por que cito essa façanha de ter visto os dois “ao vivo” em Belém? Simplesmente por naquela época tão longínqua, as grandes equipes nacionais quase não visitarem Belém. E só se assistia aos campeonatos do Rio e São Paulo –principalmente – pelas telas do cinema. Antes do filme começar, nos famosos jornais da Atlântida. Apenas alguns lances e gols (claros) dos jogos. E a televisão ainda não chegara por aqui. E Nem ao tempo em que Pelé veio pela primeira vez a Belém, raros eram os jogos vistos pela tevê. O vídeo tape era tecnologia recente no país. Imagens diretas? Nem pensar. Eram outros tempos. Nesse quesito, sem deixar saudades.

Anúncios & Recordações


No passado mais remoto, os jornais eram os veículos onde as equipes esportivas das emissoras de rádio mostravam seus programas e com isso realçando também os integrantes dos seus times. 

Rádio Clube, Marajoara, Guajará (em duas épocas distintas) e Liberal desde 1970, além da extinta Difusora (Liberal) divulgavam seus anúncios nos jornais da época: Folha do Norte, A Província do Pará, O Estado do Pará, Jornal do Dia, O Liberal e Diário do Pará. E ainda a lembrada revista GOL. 

Vale a pena recordar algumas dessas peças publicitárias das décadas de 1950/60/70/80 e 90.

Clube X Marajoara


Jogavam os dois times das duas únicas emissoras existentes em Belém: a PRC-5 velha de guerra, naqueles tempos idos conhecida quase só pelo seu prefixo do que pelo nome Rádio Clube do Pará e a Marajoara, do poderoso grupo dos Diários Associados. 

O jornalista paraibano Frederico Barata que comandava os “Associados” em Belém, chega ao estádio do Souza e já encontra Edgar Proença, um dos fundadores e dono da pioneira PRC-5. Cumprimentam-se e Barata vai logo de desculpando:” Cheguei um pouco atrasado, mas de qualquer modo e sempre bom ver a fraternidade entre as nossas rádios”. Proença sorri ironicamente e responde; “Foi bom pra você que não viu a porrada comendo solta em campo”. Os dois times haviam protagonizado um autêntico espetáculo de MMA no gramado. Mas entre “mortos e feridos” ninguém sequer se ferira. 

Esse episódio é contado no livro do saudoso José Maria Simões, “42 anos –Uma vida no esporte “– lançado em 1997. 

Na equipe da Rádio Clube além de Simões que era o goleiro, jogavam entre outros, Napoleão Cruz, Jessé Bastos e Milton, que era o motorista da vistosa caminhonete Plymouth da emisora. Pela Marajoara, o lembrado Jayme Bastos, Orlando Barros que até há pouco tempo atuava como plantonista na Cultura; o falecido humorista Armando Pinho, Arlindo Louxards, ex-árbitro e o pioneiro nos comentários de arbitragem no rádio paraense, e os cantores Mário Costa e Augusto Silva. 

Será que ainda há “sobreviventes” daquela época de ouro do rádio paraense?

O jogo foi realizado na preliminar de uma partida interestadual com a participação de um dos três grandes da capital – Remo, Paissandu ou Tuna – em 1959.

Turma da Pça. Brasil

Foi a maior turma de bairros dos anos 60. Reuníamos mais de 50 integrantes que residiam nas redondezas da tradicional Praça Brasil. Em algu...