Carlos Alberto (Urubu) foi uma assombração para o Remo. |
A raça excedia em Carlos Alberto que
era conhecido como Urubu, em quase uma década jogando pelo Paissandu. O apelido
tem duas versões. Uma oficial sempre dada por ele em entrevistas à imprensa. A
mania de se pendurar no travessão após a marcação de um gol – e ele era um
“matador” sempre em atividade – teria sido o motivo do apelido. Mas quem o
conheceu quando garoto na rua Curuçá, no bairro do Telégrafo, onde morava. remete a uma possível semelhança
no andar meio balançado para um lado e
para o outro, tal como a ave negra. Mas
isso é o que menos interessa para a vitoriosa carreira que foi de 1955 até 1965
quase toda na Curuzu. Afinal, Urubu jogava por amor à camisa bicolor. Suava o
manto alvi-azul com uma rara disposição e a flama inaudita dos jogadores predestinados a esse tipo de
comportamento.
Para ele, rigorosamente o jogo só acabava quando o árbitro apitasse o seu final. Enquanto ainda houvesse tempo por jogar, ele acreditava
na possibilidade de empatar ou revirar um placar adverso ao seu time. Foi com
ele que o Papão criou a fama de “time da virada”, que “matava na hora”.
Especialmente contra o maior rival. Os remistas durante o longo tempo que o tiveram
como adversário abalaram-se com uma espécie de complexo de “revertério” ao final do jogo. E isso acontecia em grande parte provocado por Urubu, que sabia como cultivar essa obsessão azulina.
Usava a catimba como arma de provocação oscilante. Contra ou a favor.
Dependendo do placar do jogo. Seu comportamento provocador em campo,
contaminava também a torcida rival.E por outro lado inflamava a galera de seu
time. Ele era um mestre na arte da ”cera”. Quando era expulso dificilmente não
levava consigo um jogador adversário.
Aos 82 anos e com a perda da visão há
cerca de cinco, Urubu, porém, não se tornou uma pessoa amarga. Exibe sempre o sorriso no rosto, aquele mesmo riso
zombeteiro com que irritava a torcida do Remo após marcar um gol.
Aposentado pelo Banco do Estado do
Pará (Banpará) reside atualmente em um apartamento no Chaco, no bairro do
Marco, juntamente com um dos filhos (ele teve dois) depois de passar um longo
tempo morando em Mosqueiro após a morte prematura da esposa, Maria da Paz, de
um infarto fatal aos 56 anos. Ficou
viúvo para sempre, segundo diz.
Embora sua saída do Papão em 1965
tenha sido um tanto tumultuada, ele culpa o falecido treinador uruguaio Juan
Alvarez, que o teria antipatizado, por seu prestígio de ídolo na clube. Dividia
com Quarenta a conquista de títulos quase seguidos pelo Paissandu, desde 1956
quando o Papão quebrou um longo jejum de quase 10 anos sem saber o que era ser
campeão paraense. Parte desse acervo fotográfico vitorioso é exibido nas paredes de sua residência. Além
de vários títulos benemerentes que lhes foram ofertados pelo seu clube do
coração.
Apesar da deficiência ocular, Urubu diz
que Neymar é o maior jogador brasileiro da atualidade a arrisca prever que na
Copa do Mundo do próximo ano ele irá confirmar isso.
(com a colaboração de Nonato Batista)
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