sábado, 9 de dezembro de 2017

Um urubu na sorte do Remo

Carlos Alberto (Urubu) foi uma assombração para o Remo.
A raça excedia em Carlos Alberto que era conhecido como Urubu, em quase uma década jogando pelo Paissandu. O apelido tem duas versões. Uma oficial sempre dada por ele em entrevistas à imprensa. A mania de se pendurar no travessão após a marcação de um gol – e ele era um “matador” sempre em atividade – teria sido o motivo do apelido. Mas quem o conheceu quando garoto na rua Curuçá, no bairro do Telégrafo,  onde morava. remete a uma possível semelhança no andar meio balançado  para um lado e para o outro, tal  como a ave negra. Mas isso é o que menos interessa para a vitoriosa carreira que foi de 1955 até 1965 quase toda na Curuzu. Afinal, Urubu jogava por amor à camisa bicolor. Suava o manto alvi-azul  com uma rara  disposição e a flama inaudita  dos jogadores predestinados a esse tipo de comportamento. 

Para ele, rigorosamente o jogo só acabava quando o árbitro  apitasse o seu final. Enquanto ainda houvesse tempo por jogar, ele acreditava na possibilidade de empatar ou revirar um placar adverso ao seu time. Foi com ele que o Papão criou a fama de “time da virada”, que “matava na hora”. Especialmente contra o maior rival. Os remistas durante o longo tempo que o tiveram como adversário abalaram-se com uma espécie de complexo de “revertério” ao final do jogo. E isso acontecia em grande parte provocado por Urubu, que sabia como cultivar essa obsessão azulina. Usava a catimba como arma de provocação oscilante. Contra ou a favor. Dependendo do placar do jogo. Seu comportamento provocador em campo, contaminava também a torcida rival.E por outro lado inflamava a galera de seu time. Ele era um mestre na arte da ”cera”. Quando era expulso dificilmente não levava consigo um jogador adversário.

Aos 82 anos e com a perda da visão há cerca de cinco, Urubu, porém, não se tornou uma pessoa amarga. Exibe sempre  o sorriso no rosto, aquele mesmo riso zombeteiro com que irritava a torcida do Remo após marcar um gol.

Aposentado pelo Banco do Estado do Pará (Banpará) reside atualmente em um apartamento no Chaco, no bairro do Marco, juntamente com um dos filhos (ele teve dois) depois de passar um longo tempo morando em Mosqueiro após a morte prematura da esposa, Maria da Paz, de um infarto fatal   aos 56 anos. Ficou viúvo para sempre,  segundo diz.

Embora sua saída do Papão em 1965 tenha sido um tanto tumultuada, ele culpa o falecido treinador uruguaio Juan Alvarez, que o teria antipatizado,  por seu prestígio de ídolo na clube. Dividia com Quarenta a conquista de títulos quase seguidos pelo Paissandu, desde 1956 quando o Papão quebrou um longo jejum de quase 10 anos sem saber o que era ser campeão paraense. Parte desse acervo fotográfico vitorioso  é exibido nas paredes de sua residência. Além de vários títulos benemerentes que lhes foram ofertados pelo seu clube do coração.


Apesar da deficiência ocular, Urubu diz que Neymar é o maior jogador brasileiro da atualidade a arrisca prever que na Copa do Mundo do próximo ano ele irá confirmar isso.

(com a colaboração de Nonato Batista)   

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