sábado, 20 de janeiro de 2018

Gigantes adormecidos


Gigantes adormecidos

O SBT encampou a Copa do Nordeste deste ano através de parceria com o Canal Esporte Interativo. Lógico que a competição ganhará maior visibilidade por parte da segunda rede televisiva do pais. O que até agora se limitava a um torneio regional, com a presença de grandes times nordestinos, especialmente os da Bahia e Pernambuco, ganha também a força financeira anabolizante do SBT que oferece 500 mil reais para os participantes pela primeira vez da Copa e um milhão aos demais que já integravam a competição. Ao campeão, o prêmio será de R$ 1.500 mi. Boa grana, não é?

Remo e Paissandu, os gigantes do Norte em termos de torcidas, bem que poderiam participar da Copa do Nordeste que só acrescentaria à sua denominação a região nortista. Como já foi em outras épocas, por ocasião do Torneio Norte-Nordeste com os campeões das respectivas regiões se enfrentando no final. Agora seria tudo integrado e o vencedor final, obviamente, seria o campeão do Norte/Nordeste. Com uma compensação participativa em algum torneio internacional. 

O atual presidente da CBF é o coronel Antonio Nunes que é também o presidente da nossa Federação. Então, onde está o prestígio da dupla Re-Pa para influenciar ou até mesmo pressionar a se fazer presentes no Nordestão? Contentam-se com a inexpressiva Copa Verde, competindo com times mixurucas, sem torcidas, jogando em “estádios” que parecem mais com fundos de quintal e quase anônimos, de Rondônia, Roraima e até mesmo do Acre. A exceção é Mato Grosso, que de uma forma ou de outra, ainda que não conte até agora com a presença dos seus maiorais – Operário e Mixto – através da Luverdense e do Cuiabá têm se mostrado tecnicamente à altura de Remo e Paissandu.

O cavalo desfilou encilhado e nosso dois gigantes não viram. Mas são cegos porque querem.
Edino Cardoso (Balão) em 1998 (à esquerda), Bosco (à direita) jogava um bolão na Tuna.
Balão jogava um bolão

Chegou ao estádio de terno e gravata. Viera de um evento social. Perguntou pelo placar do jogo. Quando soube que o seu São Francisco perdia para o América por três a zero, foi para o vestiário, trocou de roupa e entrou com a camisa azulina no segundo tempo. Fez os três gols do empate.

Ele foi considerado o maior craque santareno à época do futebol amador. Surgiu na segunda metade da década de 1930 aos 16 anos, e jogou até princípios dos anos 50.

Era idolatrado pela torcida do Leão mocorongo. De outra feita, revirou um escore de 1 a zero em favor do São Raimundo para 7 a 1. Foi o artilheiro solo da goleada.

Além de ser um craque. ele gostava de ler bons autores, especialmente os clássicos da literatura universal: Platão, Marx, Alexandre Dumas, Emile Zola e Voltaire; os brasileiros Euclides da Cunha e José de Alencar, também foram citados por ele na entrevista. 

Balão era pai de Bosco meia armador que jogou na Tuna no começo década de 70 do século passado. Pela bola do filho pode-se avaliar o bolão do pai. O temperamento rebelde de Bosquinho, porém, atrapalhava às vezes sua destacada trajetória profissional. Chegou a disputar por empréstimo a Primeira Divisão pelo Paissandu em 1973 além de atuar pelo Fast de Manaus quase ao final da carreira em 1979, E mostrou competência quando foi técnico do Bragantino em 2002. Integrou por vários anos a comissão técnica da base da Tuna, mas depois desligou-se do futebol. 

Balão é um dos destaques do livro Memórias de um ex- árbitro de futebol, escrito em 1998 pelo gaúcho Estemir Vilhena da Silva, que por muitos anos residiu em Santarém.

Gama Malcher foi o pioneiro

Valdir Amaral e Alberto da Gama Malcher na Rádio Globo - 1962
Ainda que quase todos os biógrafos do futebol e do rádio brasileiro apontem Mário Vianna como o pioneiro na crítica de arbitragem através do rádio, na realidade foi o ex-árbitro paraense Alberto da Gama Malcher, (o primeiro dos nossos com selo FIFA) quem primeiramente ocupou a função.

Pode-se admitir até que Malcher tenha tido apenas rápida passagem pelo microfone esportivo. Mas foi ele o pioneiro na crítica especializada da arbitragem. O único narrador com quem Malcher trabalhou foi Waldir Amaral, quando ele trocou a Continental pela Globo, no início dos anos de 1960. É dever de reconhecimento, entretanto, admitir que foi a partir de Mário Vianna, que a nova “moda” pegou no rádio esportivo nacional. Quase todas as emissoras passaram a ter o seu comentarista de arbitragem. O estilo espalhafatoso de Vianna com seus bordões popularescos terminou por influenciar alguns de seus colegas de ofício. Por aqui, o finado Theodorico Rodrigues foi um dos seguidores desse modelo estiloso. Embora com criatividade em seus bordões, alguns até pitorescos pela peculiaridade com que os dizia durante a narração do jogo, quando era chamado a opinar sobre o desempenho do árbitro. Vale a pena recordar entre outros:” gooolll legal”, “mão de gato” (toque de mão na bola) “catando piolho em cabeça de cascavel” (quando o árbitro inventava alguma irregularidade); “saiu da figura A para a B” (nos lances de impedimento), “Está vendo fantasma” (se o árbitro errasse em jogo noturno).

Equipes efêmeras


O mesmo personagem desempenhando o mesmo papel em duas situações similares. No livro 42 anos-uma vida no esporte, (1997) o saudoso José Maria Simões conta como a antiga Rádio Difusora e a extinta Guajará formaram suas equipes esportivas em épocas distintas, mas que não conseguiram demorar sequer seis meses. Ambas sob o seu comando.

Inaugurada em fins do ano 1960, a Difusora (hoje Liberal) pertencia ao mesmo grupo do primitivo jornal O Liberal, nesse tempo, já tendo como dono o ex-governador Moura Carvalho. 

Com poucos meses no ar, José Simões propôs a formação de uma equipe esportiva, segundo conta em seu livro. A não ser ele e Edgar Delgado, ambos com passagem pela Clube, o restante do time era totalmente desconhecido. Pelo menos em termos de ouvintes. O ex-técnico Luiz Zago, que treinou o Paissandu, assim como Carlos Duílio, que fora escuta do Plantão da Clube poderiam ser as exceções . Os demais – Sérgio Barata, Raimundo Pamplona, Venancio, José Maria Martins e João Batista – eram literalmente anônimos.

Por suposta pressão interna, conforme revela Simões, a equipe seria logo desfeita. Em torno de 20 anos depois, a extinta Guajará que fora arrendada para dois jornalistas endinheirados pela família do ex-prefeito de Belém, Lopo de Castro, estava em fase de transformação quase completa de sua programação. Tendo inclusive o lembrado e competente Adwaldo Castro como seu diretor geral. No início foi cogitada uma equipe sob o comando do mato-grossense Mário Antonio que tinha deixado a Rádio e TV Liberal. Depois chegou-se a falar no carioca Luiz Brandão que voltara à Marajoara no final dos anos 70, mas sem tanta demora estaria de retorno ao Rio de Janeiro.

Adwaldo teria então convidado Simões, naquela época afastado do rádio, para chefiar a equipe da emissora. Ele montou, embora com reduzido numero de integrantes, um grupo com nomes já com certo prestígio no microfone esportivo : Ronaldo Porto e Zaire Filhos (narradores), Edalmir Parziale, José Trindade e Raimundo Bichara eram os repórteres, além de Guilherme Guerreiro e Meireles Fayal no Plantão. O próprio José Simões era o único comentarista.

Sem tantas explicações a equipe em pouco tempo –menos de seis meses - estava extinta. O arrendamento tanto da rádio como também do jornal O Estado do Pará não vingara.

Simões, que era bom profissional tanto como narrador quanto comentarista, foi no entanto, autentico andarilho no rádio com várias entradas e saídas na Clube, duas vezes na Guajará e o período mais longo que passou foi na Liberal nos anos de 1990 para depois encerrar a carreira em definitivo na Marajoara no ano 2000. Teve breves passagens ainda pela Difusora de Macapá, Olinda de Pernambuco e Continental do Rio. Morreu em 2002.

sábado, 6 de janeiro de 2018

Joaquim Antunes, o seu colega


Ainda que tendo iniciado ao tempo do rádio formal, dos scripts e leitura dos textos comerciais e noticiosos, Joaquim Antunes procurou sempre ser informal ao microfone. Eu não o alcancei quanto foi da Marajoara logo nos primeiros anos da emissora “associada”, quase na metade dos anos 1950. Quando se transferiu para a Clube (seria a segunda vez que passaria pela antiga PRC-5) já na segunda metade da década, embora dirigindo o departamento de jornalismo, também participava de alguns programas esportivos. 

Entre eles, O Cartaz Esportivo quando ainda era apresentado em dupla, lendo o noticiário. Mas já nessa época, Antunes dialogava com Edyr Proença, chefe da equipe, ainda que só muito tempo depois é que surgisse A Turma do Bate Papo, integrando o próprio programa do final da tarde. A conversa descontraída servia para comentar os assuntos mais palpitantes do dia. Salvo engano, ele chegou a comentar alguns jogos, com o Edyr narrando.

Neste áudio, em depoimento por ocasião dos 80 anos da primeira emissora paraense, Antunes conta detalhes pitorescos de sua atuação na PRC-5. Vale a pena ouvir detalhes de sua trajetória no rádio e na televisão paraense.

Caras novas na narração


Dos quatro, somente Henrique Amado pode ser considerado como uma autentica cara nova no microfone esportivo. Carlos Gaia, Abner Luiz e Jorge Anderson, embora surgindo recentemente na narração do futebol, já possuem rodagem em outros setores do rádio esportivo.

Gaia que começou como repórter na Liberal, depois passando pela Marajoara e Rauland-FM além de uma emissora de Castanhal, já como narrador, só veio a se firmar, entretanto, ao se transferir para a Clube. Onde, aliás, só disputa vaga na locução do futebol com cobras criadas: Cláudio Guimarães, Ronaldo Porto, Jones Tavares, Guilherme Guerreiro e Walmir Rodrigues. Mas quando é chamado a dar o seu recado, sabe fazer com um estilo que lembra o saudoso Jayme Bastos pela vibração e as tiradas no ar. Além da voz potente, quase no mesmo timbre do “neca, neca”.

A retransmissão da programação da CBN pela Liberal-AM alguns anos atrás, deu oportunidade a Abner Luiz de se firmar no comando da Equipe Legal. E aproveitar a brecha para revelar um novo estilo na narração do futebol. Já não tão arraigado ao antigo formato dos locutores mais tarimbados do rádio esportivo brasileiro. A pouca extensão da voz pode ser compensada com um modo diferente na narrativa do jogo. Os próprios locutores da CBN encarregaram-se disso depois que José Carlos Araújo deixou a Globo. Abner é dessa nova escola. Como repórter ele passou pela Marajoara e Clube e na televisão atuou na Cultura, Gazeta (antiga Rauland, hoje Grão Pará) além do canal Esporte Interativo, onde teve atuação destacada.

No começo da carreira sendo o informante do Plantão da Clube por algum tempo, Jorge Anderson depois de passar já como narrador pela Marajoara, foi para a Floresta-AM de Tucuruí levado pelo finado Nonato Santos. E passou a apurar seu próprio estilo, nem tão linear nas inflexões durante o jogo todo, mas procurando ser diferente ao marcar presença no microfone. A narração pela TV Cultura também contribuiu para aperfeiçoar sua articulação verbal. Atualmente é um dos sete narradores do numeroso time da Poderosa. 

O novato Henrique Amado aproveitou sua chance na Marajoara, surpreendendo por sua voz quase que literalmente no mesmo timbre do veterano Jones Tavares, que por quase 50 anos nunca teve um sósia vocal. Amado é uma autentica “metralhadora” na narração de uma partida embora exacerbe nos bordões que procura citar aos montes no transcorrer do jogo. Não que sejam supérfluos. Apenas excedem como “ornamentação” no relato do jogo, hoje quase um vício, que teve origem, entretanto. Nos primórdios da narração por parte dos antigos “speakers esportivos”. Não se pode negar, porém, que o garotão sendo agora o segundo narrador da Metropolitana-FM é uma grata revelação tanto no rádio como na TV. Precisar apenas saber dosar seus refrões. 

Peladão Eterno

Sérgio Noronha

O Peladão era uma festa na cidade nos finais de semana.
Não é exagero nem super valorizar o campeonato paraense de peladas, dos anos 70, conhecido como Peladão. Aos sábados à tarde, imbatível, concorria em movimentação até mesmo com os clássicos Re-Pas (sem exageros, repito), transformando a cidade num assunto só: a partir das 13 horas, almoço apressado, o Peladão tomava conta da cidade e da região metropolitana, onde ficavam muitos campos de pelada.

O Peladão, promovido pelo Jornal A Província do Pará, rolou a partir do final da década de 60, ainda com o saudoso Moacir Calandrini (Mestre Calá), depois em 1972 foi coordenado pelo jornalista Sérgio Noronha para, finalmente, com a saída do Noronha de A Província, assumiu o comando o jornalista Antonio José, que também assumiria a editoria de esportes do Jornal.

O Peladão era tão levado a sério e disputado que começava pela qualidade da Coordenação formada por homens da maior expressão na Sociedade, como os juízes Carlos Samico de Oliveira e Jair Albano Loureiro, além de empresários como Arthur Tavares, Albeniz Leite, Orlando Pinto, Milton Cunha, Bianor Soares, Carlos Astrogildo e o também eterno João Addario.

No meio desta plêiade, outros nomes enriqueciam o Peladão, entre outros Edmilton Sampaio (3 Corações), Claudionor Vieira (Tricordiano), Fuzuê (Addario), Primavera da Pedreira, que também foi campeão (II edição); Pará Clube, o primeiro campeão da competição, Clube dos Trinta, Clube dos Dentistas, Iluminadora e muitos outros. O Peladão ainda foi disputado até o início dos anos 80, mas ainda hoje, com ampla renovação, movimenta milhares de desportistas aos sábados à tarde.

Muitos foram os craques do profissional que, ao encerrar a carreira, disputavam o Peladão, entre eles o Quarentinha, Rubilota, Zamba, Mauricio, Ailso, Bira e muitos outros. 

Época áurea do futebol pelada até hoje assunto de recordações e conversas. Daí servir de tema para o Memorial.

Estádio de Ananindeua

Uma parte das arquibancadas já está construída.
A anunciada liberação da verba para conclusão do estádio de Ananindeua poderá se constituir na grande notícia esportiva neste início de ano.

Abstraindo qualquer conotação política ao fato, o novo estádio considerado de porte médio, com capacidade máxima de 20 mil espectadores, deverá preencher uma lacuna, pois como se sabe, somente o Mangueirão preenche essa condição quanto ao número de torcedores para as competições nacionais. Nos jogos em que a CBF estipula a capacidade máxima de pessoas no estádio. Nesta condição, os estádios da Curuzu e o Baenão (quando for reaberto), têm sua lotação máxima abaixo do que exige a Confederação.

Alega-se que o novo estádio situado no vizinho município da área metropolitana de Belém, estaria localizado em área degradada. Evidente que o terreno escolhido para a sua edificação não poderia ficar no centro da cidade. Pelo transtorno que causaria como acontece em jogos nos estádios do Remo e Paissandu, pela exiguidade de espaço para estacionar os veículos dos que se utilizam de carros próprios para ir ver os jogos. Baenão e Curuzu assim como o próprio Souza, hoje localizam-se em áreas quase inviáveis para estacionamentos. Os três estádios têm suas fachadas pela avenida Almirante Barroso, uma das mais movimentadas da capital. E até mesmo suas transversais quase não oferecem condições de estacionamento. Ainda mais quando o jogo tem apelo de público numeroso. É obrigação da prefeitura de Ananindeua sanear o local e à polícia garantir a segurança da qual necessitam os torcedores. Sem ninguém fazer favor a ninguém. Mero dever administrativo. 

O estádio de Ananindeua poderá ainda influenciar para o ressurgimento do clube de mesmo nome, representante do município em várias competições. E que tanto honrou a cidade da RMB inclusive em campeonatos nacionais, chegando a empatar com o poderoso Bahia, em jogo realizado em Salvador, com 40 mil torcedores na Fonte Nova.

Vamos aguardar que o prefeito Manoel Pioneiro realize esse sonho que deverá beneficiar não só o município que ele dirige como também o futebol de Belém com as taxas de sua utilização sendo bem menores que as escorchantes cobradas em jogos no Mangueirão.

Para quem não sabe: em São Luís, o “Nhozinho Santos” pertence à prefeitura metropolitana assim como o “Presidente Vargas” em Fortaleza e o “Lindolfo Monteiro” em Teresina. As três capitais dispõem de estádios estaduais.

Turma da Pça. Brasil

Foi a maior turma de bairros dos anos 60. Reuníamos mais de 50 integrantes que residiam nas redondezas da tradicional Praça Brasil. Em algu...