quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Cara ou coroa? Tramóias de um jogo no Piauí

A Taça Brasil era uma competição nacional disputada anualmente entre os times campeões em seus estados. 


Em meados dos anos 1960, o Paissandu enfrentou o Flamengo do Piauí que era um timaço naquele tempo. Contava com jogadores de fora do estado, como era o caso do bom goleiro Benício, que inclusive depois jogou no próprio Papão.


O primeiro jogo foi em Belém. E com certa dificuldade e “ajuda” do árbitro, o Paissandu venceu por 2 a 0. Um comentarista do rádio piauiense chegou a chamar um palavrão em sua emissora, que repercutiu em Belém. O polêmico (ainda vivo, além dos 90 anos) Carlos Said  viera a Belém. Para aquela época remota, seu destempero ao microfone foi  um “escândalo”.


No jogo da volta em Teresina, um clima de animosidade se formara contra o time paraense. Era como se o Flamengo tivesse sido “garfado” em nossa capital. No dia do jogo,  que seria realizado no então acanhado estádio “Lindolfo Monteiro”, os jogadores do PSC, antes do jogo foram acometidos de diarreia geral. Não puderam ir ao campo.


Descobriu-se que foram intoxicados no almoço. 


O cozinheiro do hotel onde estavam hospedados, colocara uma substancia tóxica na comida que provocou efeito nocivo   intestinal imediato aos jogadores.


Transferida a partida por 48 horas, o Papão foi derrotado pelo mesmo placar de Belém. Foi necessário o 3° jogo, ainda em Teresina e que terminou empatado em 0 a 0. O esdrúxulo regulamento do torneio, estipulava que caso não fosse  decidido o jogo na terceira partida, o que de fato aconteceu,  o inusitado cara/ coroa selaria o vencedor. Esse fato criou em torno de si uma lenda sobre seu desfecho. Para realçar  a propalada astúcia do presidente do Paissandu, o lembrado Giorgio Falângola, tido como autentica “raposa” no futebol,  dizia-se que  ele soubera que a moeda do árbitro, evidente que em conluio com ao cúpula da federação piauiense e do Flamengo, tinha a mesma face nos dois lados. Os dois presidentes dos clubes teriam a  estranha missão da escolha em campo.


Falângola, então, teria  apelado  para a “diplomacia”. Solicita marotamente  na hora a preferencia para se arriscar. O presidente do Flamengo, sem estar preparado para o “cheque-mate” e também   para demonstrar deferência ao dirigente visitante, não se opõe ao pedido. Claro, deu Papão na jogada mal sucedida. O juiz, também, na dele, deu o “cara” dito pelo matreiro cartola alvi-azul como vencedor. Sem tugir e nem mugir ,por parte de ninguém, o Paissandu foi pra fase seguinte da competição.


Os locutores Cláudio Guimarães pela Rádio Clube e Tavernard Neves (falecido) da Marajoara,   estavam lá para a transmissão desse jogo bizarro.


Cláudio Guimarães ( esq.) e Tavernard Neves, em Teresina (1966).

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