segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Aflições do futebol




Tenho um grande amigo em Recife. João Guerra, que  já foi inclusive presidente do Náutico. É uma pessoa experiente no futebol e sobretudo pragmático. Com ele é pão, paõ;  queijo, queijo. Nada de dourar a pílula.

No dia seguinte ao jogo do Náutico em Belém, conversamos por telefone. Perguntei se era só aquilo o futebol  que o Timbu jogara aqui. Ele foi realista, como de costume. “Quase tudo” -respondeu. E foi mais além pelo fator campo no jogo decisivo. Nos Aflitos, ele achava que as coisas pioravam para seu clube. Pela pressão da torcida caso o time não estivesse bem no jogo. Depois do segundo gol do Paissandu, parte da galera alvirrubra abandonou o estádio. Não acreditava mais em um empate para forçar a decisão da partida e a classificação à Série “B” de 2020 através de penalidades máximas. O Paissandu, assim como seu treinador Hélio dos Anjos, esqueceram que o placar de 2 a 0 costuma ser enganoso para quem está vencendo. E,  principalmente se o jogo é no campo do adversário de um time de massa. A galera se inflama e contagia seus jogadores. Quando Nícolas fez aquele golaço de letra, com o detalhe pouco explorado pela mídia da bola ter subido ao estufar as redes de Jeferson, pouco comum em gols nesse estilo, sendo a tendência  entrar no gol rasteira, ainda havia muito tempo por jogar. Quase a segunda etapa toda. 

E foi aí que o Papão deu moleza ao não ampliar o placar em pelo menos quatro chances claras de gol. Permitiu ao Náutico o  primeiro gol tão procurado por seus atacantes. Ao alcançar através da bela cabeçada de Álvaro aos 20 minutos. Ainda havia tempo de sobra  para sonhar com o empate. Mesmo que nesse longo tempo, o PSC desperdiçasse no mínimo duas oportunidades abertas para ampliar o escore. Próximo ao termino do jogo, já no período dos acréscimos, o Papão estava todo em sua área. Onde também se encontrava quase todo o time do Náutico. Na aflição de espanar uma bola dentro da área, Micael tirou de cabeça, mas a bola teria resvalado no braço de Uchoa, conforme lance meio nebuloso mostrado pela televisão. O árbitro marcou o pênalti que Jean Carlos cobrou e fez o estádio explodir de emoção. Era o presságio de que o Timbu sairia de campo classificado. Um único pênalti  da série de cinco desperdiçado pelo Papão,  foi fatal para a vitória pernambucana por 5 a 3.

Ao final do jogo, vendo as imagens desoladoras  da galera bicolor,  que em  grande número foi até Recife, lembrei  do término daquele jogo trágico em que o Cuiabá goleou o Remo por 5 a 1 pela Copa Verde de 2015.Ha muito sem frequentar estádios, por pressão de meu filho, entretanto,  resolvi assistir ao jogo no telão instalado no Baenão. O final da partida se transformou em um autentico velório. Afinal, o Remo vencera o primeiro jogo em Belém por 4 a 1. Quase que já entrara em campo enfaixado,  pois o jogo era decisivo da competição. O futebol, porém, é,  e sempre será assim. Místico, aleatório, alógico e sobretudo traduzido no conceito figurado  da sabedoria  popular: uma eterna caixinha de surpresas.  

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