Tenho um grande amigo em Recife. João
Guerra, que já foi inclusive presidente
do Náutico. É uma pessoa experiente no futebol e sobretudo pragmático. Com ele
é pão, paõ; queijo, queijo. Nada de
dourar a pílula.
No dia seguinte ao jogo do Náutico em
Belém, conversamos por telefone. Perguntei se era só aquilo o futebol que o Timbu jogara aqui. Ele foi realista,
como de costume. “Quase tudo” -respondeu. E foi mais além pelo fator campo no
jogo decisivo. Nos Aflitos, ele achava que as coisas pioravam para seu clube.
Pela pressão da torcida caso o time não estivesse bem no jogo. Depois do
segundo gol do Paissandu, parte da galera alvirrubra abandonou o estádio. Não
acreditava mais em um empate para forçar a decisão da partida e a classificação
à Série “B” de 2020 através de penalidades máximas. O Paissandu, assim como seu
treinador Hélio dos Anjos, esqueceram que o placar de 2 a 0 costuma ser
enganoso para quem está vencendo. E,
principalmente se o jogo é no campo do adversário de um time de massa. A
galera se inflama e contagia seus jogadores. Quando Nícolas fez aquele golaço
de letra, com o detalhe pouco explorado pela mídia da bola ter subido ao
estufar as redes de Jeferson, pouco comum em gols nesse estilo, sendo a
tendência entrar no gol rasteira, ainda
havia muito tempo por jogar. Quase a segunda etapa toda.
E foi aí que o Papão deu
moleza ao não ampliar o placar em pelo menos quatro chances claras de gol.
Permitiu ao Náutico o primeiro gol tão
procurado por seus atacantes. Ao alcançar através da bela cabeçada de Álvaro
aos 20 minutos. Ainda havia tempo de sobra para sonhar com o empate. Mesmo que nesse
longo tempo, o PSC desperdiçasse no mínimo duas oportunidades abertas para
ampliar o escore. Próximo ao termino do jogo, já no período dos acréscimos, o
Papão estava todo em sua área. Onde também se encontrava quase todo o time do
Náutico. Na aflição de espanar uma bola dentro da área, Micael tirou de cabeça,
mas a bola teria resvalado no braço de Uchoa, conforme lance meio nebuloso
mostrado pela televisão. O árbitro marcou o pênalti que Jean Carlos cobrou e
fez o estádio explodir de emoção. Era o presságio de que o Timbu sairia de campo
classificado. Um único pênalti da série
de cinco desperdiçado pelo Papão, foi fatal
para a vitória pernambucana por 5 a 3.
Ao final do jogo, vendo as imagens
desoladoras da galera bicolor, que em grande número foi até Recife, lembrei do término daquele jogo trágico em que o
Cuiabá goleou o Remo por 5 a 1 pela Copa Verde de 2015.Ha muito sem frequentar
estádios, por pressão de meu filho, entretanto,
resolvi assistir ao jogo no telão instalado no Baenão. O final da
partida se transformou em um autentico velório. Afinal, o Remo vencera o
primeiro jogo em Belém por 4 a 1. Quase que já entrara em campo enfaixado, pois o jogo era decisivo da competição. O
futebol, porém, é, e sempre será assim.
Místico, aleatório, alógico e sobretudo traduzido no conceito figurado da sabedoria
popular: uma eterna caixinha de surpresas.
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