sábado, 19 de outubro de 2019

Guarany vs Guerreiro


A parada era dura. Nos estádios, muitas vezes discussões acaloradas pelo resultado de alguma pesquisa do Ibope que desagradara um dos dois.

Em fins dos anos 1980, Liberal e Marajoara disputavam a primazia do esporte principalmente nas transmissões do futebol. A Clube nesse tempo, depois de um retorno triunfal, após quase um ano e meio com seu departamento desativado por parte dos novos donos da emissora, contratara uma nova equipe (1986) que incluía Carlos Castilho, Theodorico Rodrigues, Adonay do Socorro, Guilherme Guerreiro e Agripino Furtado que viriam se incorporar aos antigos integrantes do Timão do Rádio: Cláudio Guimarães, José Maria Simões, Jones Tavares, Osmar Simões, Nonato Santos, José Lessa e Beraldo Francês. Mas aos poucos foi sendo esvaziada, com a saída desde o chefe da equipe, Edyr Proença, que se afastara depois da venda da emissora (1983) da qual sua família era uma das maiores acionistas. Mas em pouco tempo quase o time inteiro deixou a Poderosa. Em que pese as contratações de Jayme Bastos, Jorge Dias   e Edson Matoso, nesse período, o restante da equipe era formada só por nomes quase todos  desconhecidos.

Após a saída de Adwaldo Castro para chefiar a programação da Clube, Guarany Junior assume a direção da Liberal. Mantem o finado Carlos Cidon como chefe da equipe esportiva. Mas na realidade as decisões sobre contratações e dispensas eram da iniciativa dele.

E o “vai pra lá, vem pra cá” torna-se incessante entre as duas emissoras. Guerreiro que logo saiu da Clube ingressa na Marajoara como sub-chefe da equipe comandada por Carlos Castilho após a saída de Ronaldo Porto para o novel canal 13, a TV RBA do falecido empresário Jair Bernardino.

Deixam a Marajoara no rumo da Liberal: Ivo Amaral (1982) e depois: Paulo Bahia, Hailton Silva, Mário Sales e Gilson Faria. Inversamente, ingressam nos Titulares do Esporte da Marajoara; Giuseppe Thomazo, Redivaldo Lima, Hailton Silva que terão a companhia das revelações da própria emissora Waldo Souza e Carlos Ferreira. Guarany Jr. introduz após as jornadas do futebol uma espécie de mesa redonda que se prolonga por longo tempo após o encerramento dos jogos. Sem dúvida, uma iniciativa arrojada e pioneira.  

Aos poucos, porém, as duas emissoras vão perdendo o fôlego com o retorno de Guerreiro para a Clube onde já estava Giusepe Thomazzo e começa o desmonte na Marajoara com as saídas de Castilho, Waldo Souza e Carlos Ferreira para reforçar a nova equipe que estava sendo montada visando retomar a dianteira no esporte para a tradicional PRC-5.

Na Liberal, Guarany perde força com o retorno do saudoso Adwaldo Castro à direção geral que sem tanta demora prescinde de alguns nomes de peso no esporte como Cláudio Guimarães, embora contratando Jorge Luiz que era o narrador titular da Marajoara. Adonay retornara da Clube e Hailton Silva passa também a comentar alguns jogos. Agripino é outro que ingressa na Equipe Legal. Na contra partida, Paulo Bahia retorna à Marajoara.

Foi uma fase bastante agitada no rádio esportivo. Até mesmo porque no vácuo da Clube, a Cultura –OT formou uma grande equipe com nomes conhecidos como Zaire Filho, Jota Serrão, Tavernard Neves, Mário Sales, Luiz Araújo, Hélio Nascimento e outros. E a Rauland-FM pela primeira vez resolveu transmitir o futebol com uma equipe reduzida mas qualificada: Claudio Guimarães, Edson Matoso, Nildo Lima, Reginaldo Barros, Waldir Oliveira e Reinaldo Vieira (Plantão). Tempos bons e saudosos do rádio esportivo de Belém.

Após quase 50 anos na empresa onde ingressou em 1971 como repórter da recém criada Equipe Legal, galgando outros cargos - foi diretor de marketing por longos anos – Guarany Junior deixou as ORM este ano. Diz, entretanto, que preferiu ficar apenas como consultor do grupo –jornal, rádios e TV.

Uma inesperada crise familiar eclodiu este ano  entre os Maioranas que respingou em vários nomes que ocupavam cargos de direção há muito tempo, como foi o caso de Guarany Jr , por longos anos diretor de marketing  do grupo ORM.

Guilherme Guerreiro possui status elevado na Rede Brasil Amazônia de Comunicação(RBA) sendo o chefe da equipe de esportes da Rádio Clube que na contra mão da crise que se abateu em algumas emissoras (a Liberal inclusive extinguiu seu departamento) em todo o país, comanda um time com mais de 20 integrantes. E,  por isso mesmo, tem a maior audiência esportiva do Brasil, conforme revelam, pesquisas do Ibope. Ele ainda comanda aos domingos à noite o Bola na Torre, programa de debates com grande audiência, em que pese a concorrência que enfrenta a Band (a RBA é sua afiliada ) no mesmo  horário.

Guarany (esq.) e Guilherme Guerreiro


2 comentários:

  1. A televisão, aos pouquinhos, mata o rádio. Com a expansão cada vez maior da tecnologia de acesso, a avidez do ouvinte pelo som, exige também a imagem. O que ainda segura o rádio no Brasil, são suas imensas distancias, e sua legislação restritiva à TV.
    Não vejo futuro para o rádio de entretenimento a longo prazo. Aos poucos, inclusive pelo advento da internet, as imagens de TV chegam com a mesma rapidez ao cliente, como chegavam as ondas de rádio no passado. E os participantes de uma mídia em decadência, ou se bandeiam para uma mais completa, ou serão lembrados apenas como atores do passado.

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    1. Paulo, na minha opinião, tens razão em parte. Penso q com criatividade o rádio ainda vai longe. Uma das sacadas da PRC5, por exemplo, nos programas de esporte, é transmitir tbm através das mídias sociais, todavia, percebo uma certa resistência por parte de profissionais antigos que, ao q me parece, ainda ñ conseguiram se adaptar a estes novos tempos. Como ressalto no início, com criatividade e adaptações a internet, o rádio, com sua agilidade, ainda tem muito a somar, principalmente nos programas e transmissões esportivas.

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