Foi a disciplina em campo que caracterizou o estilo do futuro “Papa da Arbitragem” quando deixou o apito e passou a crítico de arbitragem na Rádio Marajoara e depois na Clube. Era tão rigoroso no gramado quanto ao microfone analisando o trabalho de ex-companheiros de ofício. Entre tantos que se aventuraram nessa nova função radiofônica, foi o mais famoso, tendo como concorrente mais forte, Manoel Nery Filho, o pioneiro nessa crítica específica.
Além do conhecimento técnico, contribuiu para o sucesso ao microfone, frases espirituosas cunhadas com ironia e mordacidade, uma sagacidade peculiar ao antigo árbitro Mario Vianna que por muito tempo fez sucesso na Rádio Globo. Alguns desses bordões de Theodorico:
“Esse árbitro árbitro é um paspalhão” (quando o juiz apitava deixando o jogo correr solto sem marcar faltas}; “Tá vendo visagem” ( se o árbitro errasse em marcação inexistente ), “Passado na casca do alho” (juiz malandro), “saiu da figura A para a figura B (quando o impedimento se caracterizava de fato) “Catando piolho em cabeça de surucucu” (árbitro teria inventado uma infração) e o goooolll legiiiitiiimo (para confirmar a legalidade do lance que originou o gol).
Ele nunca conseguiu se divorciar do espírito do policial durão que caracterizava seu comportamento. Embora tivesse relativo senso de humor. Cultivava seus “causos” tanto como policial quanto na arbitragem. E narrava-os com certa picardia.
O filho de Theodorico, Mauro Gilberto, desde cedo (14 anos) já mostrava a inclinação herdada do genitor ao apitar jogos em fins da década de 1980 no campo da Colônia Correicional de Menores na ilha de Cotijuba onde o pai foi diretor por alguns anos. Naturalmente com o incentivo do “velho” e pouco tempo depois, já com 18 anos inscreveu-se e foi aprovado em um concurso de árbitro promovido pela Federação Paraense de Futebol. Rapidamente evoluiu na carreira chegando a apitar alguns Re-Pas, assim como atuar em partidas de competições nacionais fora de Belém. Encerrou a carreira em 1999 e, desde de então, tornou-se funcionário da Assembleia Legislativa do Estado (Alepa).
Mauro Gilberto |
Theodorico era um crítico ácido |
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