O misticismo integra também a
essência do futebol. E entranha-se nele como a desdenhar da lógica que
procura-se encontrar nesse esporte tão complexo.
Não foi à toa que a genialidade de
Nelson Rodrigues foi buscar no fictício personagem sobrenatural de almeida as
razões que a própria razão menospreza para justificar certos fatos acontecidos
na universo do futebol.
O Cruzeiro é considerado um dos
clubes mais bem estruturados no país. Isso desde os anos 1960. Excede em
títulos estaduais, nacionais e duas
Libertadores. Na década de 1990 deu um salto gigantesco modernizando a Toca da
Raposa em uma parceria com uma empresa norte americana que causou polêmica entre
seus associados . Mas que sacudiu o clube do Barro Preto de Belo Horizonte.
Com raízes italianas o que comprova
sua primeira denominação como Palestra, foi a partir da chegada de Tostão –sua
maior estrela em todos os tempos – Raul, Piazza, Natal, Toninho Cerezo, Dirceu Lopes, Palhinha e Hilton Oliveira, entre muitos de seus grandes craques que o Cruzeiro passa a dividir com o
Atlético Mineiro a preferência da torcida das Alterosas.
Conta-se que quando o maior clássico
do futebol de Minas Gerais era entre Atlético e América, nas decisões estaduais
que aconteciam entre o Galo Carijó e a Raposa, a diminuta
galera do Cruzeiro em comparação com a
do adversário, chegava cedo ao antigo
estádio Independência, bem antes do jogo
começar. E à medida que a torcida do Galo passava a entrar, comprimia os
cruzeirenses até entoca-los em um canto do estádio. Era uma diferença brutal. O
que hoje é rigorosamente nivelado, embora a de um ou de outro ache que a sua é
um pouco maiorzinha...
Acompanhei a agonia do Cruzeiro
nessas últimas partidas em que desesperadamente procurava fugir ao
rebaixamento. Para um clube do seu porte, com o
elenco talvez mais caro do futebol brasileiro, quase
uma humilhação. Suas grandes e caríssimas estrelas –entre eles, Fred, Thiago
Neves, Edilson, Fábio, Henrique e Robinho de salários fabulosos - talvez não tenham se empenhado tanto em
alguns jogos importantes, como pressão pelos salários ( “merrecas”...)
atrasados em mais de dois meses. E haja a corda apertar no pescoço à medida que
as rodadas avançavam para as finais.
No jogo com o CSA (o inicio da
derrocada fatal), depois com o Grêmio e
ontem contra o Palmeiras, a má fase do Cruzeiro foi definitivamente selada. O
rebaixamento à serie B do próximo ano não teve como ser driblado . Com todos os
seus muito títulos mineiros, outros
tantos em nível nacional e inclusas as duas Copas Libertadores, o time foi ao
fundo do poço. Como já se previra, com a revolta natural de sua galera, sem justificar, todavia, a fúria que se apossou dos mais exaltados no
Mineirão.
Houve, sem dúvidas, os desmandos
administrativos que devem ter contribuído também para o fracasso do time em campo. Mas em
situações análogas e por vezes mais
graves, outros times já conseguiram até ser campeões em disputas de títulos.
É o futebol com seus caprichos, mistérios e outros fatores transcendentais, que se traduzem na própria vida.
É o futebol com seus caprichos, mistérios e outros fatores transcendentais, que se traduzem na própria vida.
A foto que ilustra o texto é de uma
das revistas que durante muitos anos recebia mensalmente por deferência do
amigão e jornalista Marcos Guiotti, a
quem tive a felicidade de conhecer na Copa do Mundo de 1998 na França. Por
longo período ele militou e até chefiou as equipes esportivas das Rádios Globo-CBN de BH.
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