sábado, 2 de novembro de 2019

O dilema da Tuna


A Tuna parece ter esgotado as próprias forças para poder retornar à Primeira Divisão do futebol paraense.

Há seis anos a Lusa do Souza luta com todas as forças que lhe são permitidas – e elas  são bem limitadas – para formar um time capaz de ganhar  uma das duas vagas através da Segundinha. Mas não consegue nada. Este ano a “campanha” foi mais do que pífia. Só conquistou quatro pontos em quatro empates ainda que jogando em estádios diferentes, incluso até o Baenão.

O ciclo cruzmaltino no futebol amparado pela grana farta da colônia portuguesa endinheirada já vai longe. Na década de 1950, conseguiu ganhar três títulos estaduais (51/55/58) Foi sua maior façanha em termos locais. É verdade que possui também dois campeonatos nacionais. Um na Segunda Divisão  e dois na Terceira.

Um dos presidentes mais recentes da Lusa revelou-me que para manter um time de nível técnico razoável, a folha de pagamento não pode exceder aos 100 mil reais. E pra minha maior surpresa ainda, acentuou que um salário  em torno de cinco mil reais que algum jogador de maior expressão possa ganhar, a diferença da base referencial ( R$ 2 mil) teria que ser  completado por algum abnegado. Convenhamos, quase impossível querer montar uma equipe razoável tecnicamente, com “toda” essa grana...

Considerado com inteira justiça por seu patrimônio material e esportivo, principalmente no futebol paraense onde possui 10 títulos, a Tuna sempre foi a terceira força da capital. Um clube tradicional e elitizado. Respeitado por sua rica história na terra e no mar. Onde já conquistou inúmeros campeonatos de remo.

Para sua reduzida (em comparação com Remo e Paissandu) porém, ardorosa torcida, o futebol tunante parece estar em falência concreta. Que espera-se não seja uma profecia  a se concretizar.

Por que não procurar uma solução fora de Belém? O Red Bull não está investindo em vários clubes do pais, sem a expressão que a Águia do Souza possui? Um contrato no formato do que foi firmado com o Bragantino paulista, que está quase certo de retornar à Primeira Divisão nacional, poderia impulsionar novamente o futebol tunante. Sem pruridos de vaidade por ser considerado uma  “terceirização” do clube.

O mundo mudou. E quem parou no tempo, perdeu seu lugar na história.



O timaço que ganhou três títulos paraenses na década 1950
A suntuosa sede da Praça da República






Um comentário:

  1. A Tuna portuguesa era grande, muito grande, tanto financeiramente quanto de espírito vencedor. Mas sempre teve entre seus dirigentes não-portugueses, o pensamento de que não valia a pena investir - ou como diziam: gastar com futebol -.
    Aos poucos, com o sumiço dos portugueses do comando, os herdeiros brasileiros do clube, que torciam por Remo ou Paysandu, conseguiram seu intento: tirar a Tuna do futebol. Conseguiram.
    O agora "querer voltar" é desejo da 3ª ou 4ª geração dos portugueses.
    Tarde demais! Querem ter dinheiro antes de ter títulos, é um pensamento muito equivocado. Para forma um time de futebol apto a disputar campeonatos importantes, é preciso investimento maciço, tanto financeiro como na juventude. Não vejo futuro nenhum pra Tuna no futebol com as idéias de contratar jogadores reciclados, e tentar ganhar jogos de adversários mais inteligentes.
    Talvez se o Addario vivo fosse, houvesse uma vaga no Peladão, por amizades ou pouca competência.

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