Juan tinha um temperamento difícil |
Em minhas costumeiras caminhadas pela praça Batista Campos, dia desses encontrei quatro irmãos da família Sirotheau também na mesma pisada. Tendo como companheiro de andanças um amigo comum à família, logo enturmamos e passamos a caminhar todos juntos.
Um dos Sirotheau era o ex-jogador do Remo que fez uma dupla famosa no meio de campo com o castanhalense Carlitinho, em fins dos anos 1960. Destacaram-se principalmente nas disputas do extinto Torneio Norte/Nordeste do qual o Leão foi Bi campeão do Norte (1968/69).
O ex-craque do Remo, entretanto, iniciou na base do Paissandu (juvenil) e atuava também com grande desenvoltura no futsal bicolor.
Em uma disputa final da competição amadora, justamente contra o Remo, Sirotheau já integrava à época o elenco profissional do Papão. Ainda que não fosse o titular no time. Mas estava sempre entre os relacionados para o banco de reservas .
Final de jogo, vitória do Paissandu, a intensa vibração da torcida alvi-azul na quadra, eis que surge inesperadamente Juan Alvarez para abraçar efusivamente Sirotheau, mas ao mesmo tempo segredar-lhe uma “surpresa” bizarra: “ Não o quero mais jogando em meu time”. O treinador achava incoerente o atleta disputar duas modalidades, para ele distintas, ainda que fosse o futebol e pelo mesmo clube...
Sem mais espaço na Curuzu, Sirotheau atravessou a avenida e foi se dar bem no Remo. Onde ficou por três anos e depois foi contratado pelo Rio Negro de Manaus quando o futebol amazonense pegou embalo com o início das atividades da Zona Franca de Manaus.
Curiosidade: além de jogador, ele foi incluído no seleto quadro social do então elitista clube baré.
O técnico uruguaio desde quando chegou à Belém pela primeira vez em 1965, aprontou logo de saída para cima de um autêntico ícone da Fiel: o atacante Carlos Alberto, o festejado Urubu de gloriosas jornadas em quase 10 anos jogando pelo Papão. Juan implicou com o jogador que rebelou-se contra ele e praticamente encerrou sua lendária carreira, deixando a Curuzú.
Em que pese o temperamento complicado que por vezes até extrapolava, o treinador uruguaio fincou raízes no PSC, time que comandou por cinco ocasiões (1965/66/ 1971 / 72 /76 ) sendo em quatro oportunidades campeão paraense –1965/1971 / 72 e 76 – mas seu maior triunfo, entretanto, foi a goleada histórica em cima do Peñarol de seu próprio pais, num jogo amistoso em Belém, por 3 a 0. Com o potencial maior do feito por ser o time uruguaio o campeão mundial de clubes daquele ano (1965).
Além do Paissandu, ele treinou o Remo (1977) e o Castanhal.
Quando morreu em seu pais, Juan foi atendido no último pedido à família: ter suas cinzas jogadas sobre o estádio da Curuzú. No que foi atendido. Sentimental? Talvez, para quem o conheceu mais de perto.
Urubu, a primeira vítima |
Sirotheau jogava bem o futsal |
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