quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

As facetas de Juan Alvarez

Juan tinha um temperamento difícil
Em minhas costumeiras caminhadas pela praça Batista Campos, dia desses encontrei quatro irmãos da família Sirotheau também na mesma pisada. Tendo como companheiro de andanças  um amigo comum à família, logo enturmamos e passamos a caminhar todos juntos.
Um dos Sirotheau era o ex-jogador do Remo que fez uma dupla famosa no meio de campo com o castanhalense Carlitinho, em fins dos anos 1960. Destacaram-se principalmente nas disputas do extinto Torneio Norte/Nordeste do qual o Leão foi Bi campeão do Norte  (1968/69).
O ex-craque do Remo, entretanto, iniciou na base do Paissandu (juvenil) e atuava também com grande desenvoltura no futsal bicolor.

Em uma disputa final da competição amadora,  justamente contra o Remo, Sirotheau já integrava à época  o elenco profissional do Papão. Ainda que não fosse o titular no time. Mas estava sempre entre os relacionados para  o banco de reservas .

Final de jogo, vitória do Paissandu, a intensa vibração da torcida  alvi-azul na quadra, eis que surge inesperadamente Juan Alvarez para abraçar efusivamente Sirotheau,  mas ao mesmo tempo segredar-lhe uma “surpresa” bizarra: “ Não o quero mais jogando em meu time”. O treinador achava incoerente o atleta disputar duas modalidades,  para ele distintas, ainda que fosse o futebol e pelo mesmo clube...

Sem mais espaço na Curuzu, Sirotheau atravessou a avenida e foi se dar bem no Remo. Onde ficou por três anos e depois foi contratado pelo Rio Negro de Manaus quando o futebol amazonense pegou embalo com o início das atividades da Zona Franca de Manaus.
Curiosidade: além de jogador, ele foi incluído no seleto  quadro social do então elitista clube baré.

O técnico uruguaio desde quando chegou à Belém pela primeira vez em 1965, aprontou logo de saída para cima de  um autêntico ícone da Fiel: o atacante Carlos Alberto, o festejado Urubu de gloriosas jornadas em quase 10 anos jogando pelo Papão. Juan implicou com o jogador que rebelou-se contra ele e praticamente encerrou sua lendária carreira, deixando a Curuzú.
Em que pese o temperamento   complicado que por vezes até  extrapolava, o treinador uruguaio fincou raízes no PSC, time   que comandou  por cinco ocasiões (1965/66/ 1971 / 72 /76  ) sendo em  quatro oportunidades campeão paraense –1965/1971 / 72 e 76 – mas seu maior triunfo, entretanto, foi  a goleada histórica em cima do Peñarol de seu próprio pais,  num jogo amistoso  em Belém, por 3 a 0. Com o potencial maior  do feito por ser o time uruguaio o campeão mundial de clubes  daquele ano (1965).

Além do Paissandu, ele treinou o Remo (1977) e o Castanhal.

Quando morreu em seu pais, Juan foi atendido no último pedido à família: ter suas cinzas jogadas sobre o estádio da Curuzú. No que foi atendido. Sentimental? Talvez, para quem o conheceu mais de perto. 

Urubu, a primeira vítima
Sirotheau jogava bem o futsal

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