sábado, 4 de maio de 2019

Comercial só ensaiou ser uma empresa


Em fins dos anos 1970 (1977) surgia um clube que prometia ser o quarto grande da capital. Era o Comercial sustentado financeiramente por duas grandes empresas: Xerfan (tecidos) e Dom Vital (transportadora de cargas).

Com sede própria na avenida Almirante Barroso, dispunha até de uma agencia de propaganda que cuidava da divulgação das atividades do clube, especialmente o futebol. Recheado de jogadores em final de carreira ou sub-utilizados por Remo, Tuna  e Paissandu, formou um timaço que dava trabalho quando enfrentava os chamados três grandes metropolitanos. Com uma folha de pagamento superior à da Tuna, seus jogadores além do bom salário pago religiosamente em dia, ainda recebiam vales quinzenais e bichos quando a partida que  vencessem justificasse a gratificação extra.

Ao término do campeonato estadual, os dirigentes, porém, resolveram desativar o time. Mostravam-se insatisfeitos pelo que achavam injustiça de arbitragem  nos jogos contra os dois maiores tivais do estado – Remo e Paissandu – e por isso sentiram-se desmotivados para participar do Torneio de Incentivo que era uma competição que a Federação de Futebol promovia para que os clubes menores não ficassem inativos por ocasião da disputa do Campeonato Brasileiro da 1º Divisão.

Os dirigentes do Comercial, entretanto, recusaram-se em participar do torneio, preferindo desmanchar seu bom elenco  de profissionais. E com isso, no ano seguinte, encerravam em definitivo a atividade relâmpago de um clube que prometia ser a quarta força de Belém, principalmente quando o Sport Clube Belém, por vários anos mantido pelos militares da Base Aérea foi definhando depois que seu patrono maior, o major Rodopiano Barbalho,  que o fundou em 1970 e em seguida assumiu a presidência da FPF, retornou a sua terra natal, o Rio de Janeiro. O Brasinha ficou órfão da polpuda ajuda financeira que recebia mensalmente de contribuições do contingente fardado da Aeronáutica. Chegou a contratar grandes jogadores de fora como Dico, Roberto e Luizinho, vindos do futebol de Brasília e que depois jogariam no Remo (Dico e Roberto ) e na Tuna (Luizinho).

O Sport ainda se manteve nas disputas do campeonato paraense por vários anos,  mas sem ser mais  aquele timaço da época de Rodopiano Barbalho.  Foi considerado por alguns anos como o quarto time  grande do nosso futebol.

O Comercial só disputou um campeonato, mas era um bom time.

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