sábado, 18 de maio de 2019

Os rebarbados (5)

Bosco era um craque. A legião santarena Bosco, Darinta, Odilson e Zuza.

O meia Bosco não era chegado a mimimis. Fosse por parte de seus colegas de time e principalmente da cartolagem. Disse algo pra ele, ouvia a resposta na lata. Era o seu estilo de craque rebelde. 

Ele integrava a legião santarena que aportou na Tuna em princípios dos anos 1970. Entre eles, Darinta, Zuza, Belterra e. Todos com o pedigree de titulares no time da Lusa do Souza. Bosco por quase dez anos formou uma dupla de meio campo com Antenor, que dava gosto vê-los jogar. O time cruzmaltino parece que tinha a primazia dos jogadores que se sobressaiam no futebol mocorongo. E reciprocamente a Águia sabia acolhê-los no Souza. Embora quase todos, algum tempo depois tivessem seus passaportes liberados para a Curuzu ou Antonio Banea. Remo e Paissandu exerciam terno fascínio nos craques interioranos. 

Bosco juntamente com Antenor foi emprestado ao Paissandu em 1973 quando o Papão estreou na Primeira Divisão nacional com uma péssima campanha. Evidente que os dois jogadores da Lusa fracassaram juntamente com o time todo. 

No prolongado tempo em que jogou na Tuna –quase dez anos – Bosco sempre esteve em evidencia por seu gênio forte. Contestador de situações que não o agradavam, discutia com técnicos e dirigentes quando se considerava prejudicado. 

Em um jogo pelo campeonato paraense, contra o time do Sport Clube Belém, naquele tempo considerado a quarta força do nosso futebol, ele pediu para ser substituído. A Tuna vencia a partida até aquele instante. Sua saída provocou a reviravolta no placar em favor do Brasinha da Aeronáutica. 

Nos vestiários, o diretor de futebol tunante, Manoel Chipelo que embora sendo considerado um paizão pelos jogadores, tinha seus arroubos quando perdia as estribeiras. E na frente de todo o elenco, culpou abertamente Bosco, insinuando corpo mole para sua substituição. O jogador não aceitou a suspeita e rebateu com malcriações. Foi quase que afastado sumariamente do elenco. Depois de passar pelo Paissandu, Bosco voltaria a Tuna e em seguida foi emprestado ao Fast Clube de Manaus e ao voltar a Belém encerrou a carreira no Sport, mas apenas por pouco tempo. 

Bosquinho era filho de Balão, um dos ícones do futebol santareno na época do amadorismo. Era o consagrado artilheiro do São Francisco e nunca se interessou em jogar em Belém. Por longo tempo ele integrou a comissão técnica das divisões de base tunante e alcançou sucesso como treinador dirigindo o Bragantino em 2002. Mas não quis prosseguir na carreira de técnico.

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