sábado, 8 de junho de 2019

Os rebarbados (6)




O zagueiro Marajó surgiu com um futebol fulgurante, saindo direto das divisões  de base para o time profissional do Remo em 1977. Ele tinha ainda a cara de menino. Criado longe da família que residia em Abaetetuba, a fama despontou muito cedo para o jovem zagueiro que não estava preparado para a subida tsunâmica que o tornaria um bad-boy em pouco tempo.

Ainda assim, o Leão conseguiu conviver por cinco anos com seu garotão-problemático  que se embebedava com frequência e por vezes aparecia no Baenão quando não era escalado para jogar, em estado de embriagues visível,  postando-se no alambrado para o lado das cadeiras cativas do estádio azulino. Mas o Remo levava sempre em consideração a pouca idade do craque, seu deslumbramento com o sucesso repentino e perdoava sua vida irregular fora de campo. Marajó quando não era o titular da posição, alternava com  o banco,  mas jogava sempre.

O estrelado súbito aconteceu em uma decisão do Re-Pa no final do ano de 1978. O adversário atacava todo do meio do campo para a grande  área remista. Na sobra de uma bola, ainda em seu campo de defesa, Marajó consegue penetrar no campo contrário e aproximando-se da área, teve a calma suficiente para esperar a saída do goleiro  Reginaldo e encobri-lo de voleio. O gol foi considerado um dos mais bonitos daquele ano pelo Fantástico. Ele era exímio  batedor de bolas paradas.

Com o desgaste acentuando-se  entre o jogador e o clube, o Remo decidiu em 1982 emprestá-lo ao Vasco. Marajó mostrou sua bola de craque em São Januário e tornou-se logo o dono da posição. Mas as traquinagens extra-campo continuavam no Rio. Foi então emprestado ao Santo André e depois à Portuguesa de Desportos. Sempre como titular nos dois  times paulistas.
Retorna à Belém em 1987 contratado pelo Paissandu onde fica até o final da temporada de 1989. Encerra a carreira pelo Pinheirense em 1991.

De volta ao seu aconchego natal (Abaeté) ele redime-se da boemia e torna-se praticante evangélico. Casado, torna-se um pai de família exemplar e amadurece  no futebol tornando-se treinador do Vênus, clube local que disputou por vários anos a Primeira Divisão paraense. Demonstrou sempre quando esteve à frente do time conhecimentos  sobre o futebol e por isso o Vênus era um time difícil de ser vencido em seus domínios,  no estádio Humberto Parente. E até mesmo quando jogava em Belém contra os grandes da capital.


Marajó hoje é um pai de família exemplar.

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