segunda-feira, 24 de maio de 2021

Gol fez mal à Tuna

Quando o jornal carioca O Dia - ainda em circulação – tinha sua linha editorial fincada no noticiário policial escandaloso, seu mancheteiro principal, certo dia, deu como manchete de capa (ou a primeira página) nada mais que este título infame: CACHORRO FEZ MAL À MOÇA. Ainda era o tempo das donzelas virgens. Na realidade, uma jovem que comera um cachorro-quente de rua, passara mal em virtude da guloseima e foi parar no Pronto Socorro. Era o texto da manchete sensacionalista. O Dia vendia aos montes para o seu leitorado povão. Não se faz mais jornalismo como nos velhos tempos, dirão alguns saudosistas da mídia impressa de outrora.

Esse introito é apenas para eu justificar – embora no futebol seja quase impossível – a derrota de ontem da Tuna, quando todos já cantavam como a campeã quase inacreditável deste ano. Como a lendária fênix, ela ressurgira das cinzas com um time modestíssimo, após quase uma década sem participar da nossa Primeira Divisão.

 A Lusa do Souza há exatos 33 anos não sabe o que é um título estadual. E seu rol de campeonatos paraenses encalhou em 10 faixas. O time cruzmaltino vinha comendo pelas beiradas. Iniciou o campeonato timidamente, perdeu para o Paissandu no primeiro clássico do ano, mas depois embalou goleando interioranos em seus domínios, o que não é comum nem à dupla RE-PA. E chegou ao outro clássico contra o Remo, empinada. O Leão sentiu a força do conjunto tunante no Baenão. O jogo terminou empatado e, nas penalidades, a Elite foi a vencedora. Elevou o moral para enfrentar o Papão nas duas partidas finais. No domingo passado (16) ao jogar em seu estádio, fez quatro gols, além de mostrar um futebol vistoso, tal como acontecera contra o Remo. Ao atingir o elástico placar de 4x1 (para uma decisão é uma larga vantagem), permitiu ao adversário marcar mais um gol. Ali, talvez, perdeu o título. Dois gols de diferença para um clube de massa e acostumado a decisões como é o PSC, foi uma benção.

De qualquer maneira, a Tuna ainda estava beneficiada para a segunda partida. Poderia até perder por um gol. O “melhor” aconteceria logo ao início do jogo. Um pênalti a seu favor, convertido por um de seus atacantes. Mesmo com as arquibancadas vazias da Curuzu, aconteceu o inverso com o time favorito. Passou a jogar muito mal, nervoso de corpo inteiro. Errava passes, os mais incríveis pelo curto espaço de aproximação entre seus jogadores. E ainda teve um jogador expulso. O primeiro tempo só terminou empatado em 1 a 1.

Na segunda etapa, ligeiramente mais organizada em campo, sentiu, porém o desfalque de um jogador. Aos poucos o Paissandu tomou conta do jogo e rapidamente desempatou e ainda fez mais dois gols. Ao chegar aos 4 a 1 que lhe garantia o título, em um raro contra-ataque, a Lusa conseguiu um outro pênalti a seu favor, o que levaria a decisão para uma série de cobranças de penalidades máximas. O experiente lateral-direita Léo Rosas, consegue, no entanto, chutar a bola por cima da trave bicolor.

Não tinha como ser a campeã.


A Tuna foi campeã da segunda divisão em 2020


 

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