quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O lendário Antonio “Baena” Santos

O árbitro Antonio Santos  que teve longa  atuação  durante toda  a década de 1960, era um remista tão  indisfarçável,   que a irreverencia do saudoso Mestre Calá o apelidou de Antonio “Baena” Santos em sua coluna “Mestre Calá Manda Brasa”, publicada em O Liberal pré Romulo Maiorana.

Moreno, atarracado, de estatura mediana, Antonio Santos criou em torno de seu nome extenso rol de anedotas, todas mostrando a “facciosidade”  do folclórico árbitro. Nos anos 1960, o Remo só conseguiu ganhar três títulos paraenses:  o do começo da década (1960), 64 e 68. O restante foi tudo abocanhado pelo maior adversário, o Paissandu. Foram sete campeonatos em uma década, feito que o Remo só viria a superar nos anos 1990,  com oito títulos, sendo inclusive Penta (1993 a 97) e ainda em 90/91/99.

Em algumas partidas contra os considerados times pequenos (Júlio César, Combatentes, Liberato de Castro e Avante , entre outros) o time azulino dava constantes vexames, se não perdendo, mas amargando em campo para conseguir pelo menos empatar o jogo. A época era tão adversa para o Leão que o mesmo Mestre Calá, longevo cronista de perceptível simpatia bicolor, passou a chamar o Baenão de “Estádio dos Aflitos” pelo constante sofrimento da galera azulina em seu próprio estádio.





Em um desses jogos em que o time azulino perdia para um do chamado  “pelotão  dos menores”, o árbitro era Antonio Santos. Com o placar desfavorável em 1 a 0, e o jogo já se exaurindo tanto no tempo normal quanto nos descontos, um jogador da equipe vencedora passa perto do árbitro e reclama: "Seu juiz, esse jogo não acaba nunca?”. E o árbitro teria sido taxativo em sua resposta: "Vocês não deixam o Remo empatar...”.  Dito e feito: quando o Leão conseguiu o gol do empate, Antonio Santos encerrou o jogo.

Em outra ocasião, ele estava atuando como bandeirinha (hoje auxiliar técnico) e num lance confuso com a bola saindo pela linha lateral, Rubilota, pelo Remo, e outro jogador adversário disputam para ver a quem pertencia a cobrança do arremesso manual. E dirigem-se ao auxiliar do árbitro: “De quem é a bola, seu bandeira?”. Ele retruca de imediato: ”É nossa Rubilota”. E o atleta remista, meio atônito pela inesperada resposta do bandeira, indaga:” Nossa, de quem?”. “Tu sabes que é do Remo”, dissipa a dúvida sem cerimônia, o “imparcial”  Antonio Santos. Para espanto do outro jogador, mais do que evidente.

O lendário árbitro sabia, entretanto,  levar as críticas e gozações  numa boa e,  por longo tempo, sendo ou não de fato simpatizante azulino, como tudo  fazia crer, não teve seu nome vetado para continuar apitando. Pelo menos os jogos do Remo... 

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