Dava gosto ver aquele time do Remo jogar. Era a primeira vez que o Pará participava da "Primeira Divisão. E talvez por isso, o Baenão que fora ampliado em suas arquibancadas atrás das traves (os chamados “tobogãs“) “expandira-se” tanto que chegava a registrar a presença de até 30 mil torcedores. Com a inclusão –para que negar – até da torcida do maior rival. Só vinham timaços e cracaços jogar em Belém. O que raramente acontecia em outras épocas dos amistosos entre os nossos, e escassos times do Rio e São Paulo. Os dois maiores centros do futebol nacional àquela época.
O treinador paulista João Avelino, folclórico e falastrão, manjava, porém, do futebol. E só trouxe “filé” do São Bento de Sorocaba –a maioria – dos integrantes daquela famosa equipe de 1972. O goleiro Dico que viera do futebol brasiliense para o Sport Clube Belém no ano anterior, justificava a máxima de que “um bom time começa pelo goleiro”. O lateral-direita Aranha formava com Dutra (ex- Bonsucesso), Mendes (um quarta- zagueiro paulista clássico que sabia sair jogando) e o lateral- esquerda Lúcio Oliveira, revelado na base remista, uma defesa ríspida, técnica e soberana dentro e pelos beiradas da área. O volante Tito que fora contratado depois de passar pelo Paissandu e Hertez meia-armador que veio do Palmeiras, sabiam entregar a bola limpa, com passes precisos aos atacantes : Dionísio (veio da Flamengo) Caito (outro craque paulista), Roberto (o chamado de “Diabo Louro”) e o ponta esquerda veloz e bom chutador, Peri, também egresso do futebol paulista (Palmeiras, salvo engano). Nesse time, Alcino era banco. Só vai deslanchar em 1974.
Roberto, apelidado de “Diabo Louro” morreu esta semana aos 70 anos. Meu amigo José Fernando Vasconcelos ainda que mais novo, mas contemporâneo quando morei na Vila Importadora, na Rua Soares Carneiro, recentemente me falara sobre ele. Era natural de Presidente Prudente, onde iniciou a carreira na Prudentina e depois foi para o Rebelo do Distrito Federal de onde veio para o Sport Belem. Morava em Taguatinga (Brasília) já doente depois de enfrentar alguns reveses na vida. Era um homem alquebrado até mais pelos dissabores do que pela própria idade. Fora alcoólatra por algum tempo e estava aposentado de um órgão público (Funai) mas com proventos baixos. Lembro de Roberto jogando pelo Sport que em 1970 formou um timaço: Dico, China, Boré, Orestes e Lima; Chico e Cláudio; Roberval, Roberto, Luizinho e Vadeco. O “Brasinha” – como o denominou Mestre Calá - tornou-se o quarto time grande de Belém com méritos de sobra.
Ao final do campeonato, Dico foi para o Remo –onde jogou como titular por quase dez anos – Roberto e Luizinho disputaram o torneio Norte/Nordeste daquele ano pela Tuna e no final da competição, Luizinho foi contratado pelo Sport do Recife e Roberto só veio para o Remo em 1972. O “Diabo Louro” era técnico, fogoso e artilheiro. Tinha uma mobilidade incrível dentro do campo além de ser oportunista na hora do chute para o gol. Um baita jogador ! Ficou no Remo até o começo de 1976. E depois sumiu do futebol.
Lembro até hoje de uma formação do Remo, exatamente nessa época ...
ResponderExcluirDico, Aranha, Mendes, Dutra e Cuca.Tito e Hertz. Copeu, Caito, Alcino e Pery. Discordo quando vc fala que Alcino despontou em 1974 e era banco. Foi banco em apenas dois jogos, e já em 1972 na campanha vitoriosa do Remo o motora fez a diferença. Abraços !
O amigo,me tira uma dúvida,qual era o número da camisa de Bira(burro),Alcino e Mesquita,eles usaram n°9?
ExcluirAlcino e Bira sempre foram centroavantes, que à época usavam a camisa nº 9. Mesquita era meia-direita, que pela numeração ortodoxa do futebol de antigamente correspondia à camisa nº 7.
ExcluirAlguns enganos na vinda de alguns jogadores no ano de 1972, do Remo acima,senão vejamos: Aranha(ex São Bento),Dutra(ex Bonsucesso), Mendes(ex Corintians), Dico(ex Belém), Tito(ex Fluminense e Paissandu) e Lúcio(cria da casa).Agachados: Dionísio(ex Bonsucesso, por engano foi citado o do Flamengo, Bode Atômico), Caito (ex São Bento), Roberto(ex Belém), Hertz(ex São Bento de Sorocaba) e Peri(ex Corintians, faleceu em Osasco/SP, em 2017).
ResponderExcluirLeôncio, a foto reproduzida no Blog cita apenas os nomes dos jogadores. Quanto à suas origens, nem sempre a memória consegue relembrar com exatidão de onde vieram para jogar no Remo. Isso foi apenas "quase ontem": 1972. Em todo caso, fico-lhe grato pelas informações preciosas que enriquecem o próprio blog.
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