sábado, 24 de março de 2018

Rádio Clube foi a pioneira da Gillette


Durante muito tempo as jornadas esportivas da Rádio Clube tiveram o patrocínio exclusivo da Gillette, as famosas laminas de barbear do passado.

E não só a velha PRC-5 tinha essa exclusividade, mas também outras emissoras de capitais importantes e de grande audiência. Entre tantas, a Continental do Rio de Janeiro, a Panamericana de São Paulo e a Clube de Pernambuco.

O que não se sabia é que a nossa Clube foi a pioneira dessa chancela publicitária em todo o país. E quem conta como tudo aconteceu é o saudoso Edyr Proença, chefe da equipe esportiva da C-5 além de seu narrador titular por quase 20 anos.

Nesse áudio que PONTADEGOL exibe por gentileza de uma gravação concedida pelo operador José Francisco em um programa especial da Rádio Cultura, quando se comemorava os 60 anos da radiodifusão em nosso Estado, em 1988 valiosas revelações são feitas quanto às transmissões do futebol em passado

Os pequenos (grandes) times do passado (4)


Liberato de Castro

O “Fantasma do Guamá”
Em pé: Mati, Osvaldo, Lalor, Milton, Guimarães e Waldir. Agachados: Adamil, Vela Branca, Santana, Palito e Santiago.

Na primeira metade dos anos de 1960 um time que já teria existido em épocas passadas do futebol amador, ressurgia agora para disputar o Campeonato Profissional. 

O Clube Atlético Liberato de Castro tinha esse nome em homenagem ao pai do prefeito de Belém, aquela época (1960), Lopo de Castro. 

O novo time da Primeira Divisão recrutou alguns “refugos” (jogadores em final de carreira) de Remo, Paissandu e Tuna. Entre eles, Hermínio, por vários anos atacante do Leão: Acapu, médio apoiador e ponta-direita da Tuna e Lalor promessa dos aspirantes do Paissandu, mas que por diversas vezes jogou na equipe titular do Papão. No novo Liberato despontava também uma linha intermediária que era o ponto alto do time: Milton (depois contratado pelo Remo), Guimarães (era repórter da extinta Folha do Norte) e Waldir que ao final do campeonato foi para a Tuna. No ataque, além de Acapu e Hermínio, destacavam-se Vela Branca (o apelido vinha de sua palidez acentuada ) um artilheiro esperto que tal como Palito (depois transferido para a Tuna) sabiam fazer gols. 

A “cábula” do Liberato era com o Remo. Em quase todos os campeonatos que disputou, fazia o Leão penar para vencer, o que raramente acontecia. O time do Guamá agigantava-se em campo. Embora não fosse tão diferente com a Tuna e o Paissandu. 

da década de 1970 o “Fantasma “ formou um de seus melhores times que tinha craques já veteranos como o zagueiro Jorge Corrêa (ex-Paissandu e considerado o melhor marcador do negão Alcino), Maniva (lateral-esquerda que foi da Tuna e era um marcador impiedoso ), Da Silva (cracaço, meia-armador revelado pelo Combatentes e que brilhou na Tuna durante vários anos, tecnicamente, só ofuscado por Quarenta em sua posição), além de Freitas, o serelepe atacante que vindo da base do Papão jogou ainda no Remo, Tuna, Combatentes, mas teve seus momentos de glórias no Fluminense de Feira de Santana da Bahia. 

O primeiro patrono do Liberato foi Gilberto Lima, gerente local da VASP, a empresa de aviação de São Paulo, pertencente ao governo do Estado. Indicação de Lopo de Castro que tinha no governador paulista Adhemar de Barros, do Partido Social Progressistas (PSP) seu grande padrinho politico. Lopo era do mesmo partido de Adhemar. 

Em 1968 o time guamaense faz sua primeira pausa no campeonato. Só retornaria em 1973 já sob o comando do advogado Lucas Almeida, seu presidente, que arregimentou outro punhado de bons veteranos e seguiu com altos e baixos até 1980 quando parou em definitivo. 

O Liberato e Castro talvez se ressentisse de um estádio, por menor que fosse, para fincar raízes com o populoso bairro do Guamá. Como aconteceu com o Sacramenta ou até mesmo o Pinheirense, em Icoaraci, que chegou a receber em seu modesto estádio “Abelardo Conduru” (até hoje em atividade) as presenças de Remo e Paissandu. Embora deva ser ressaltada a menor densidade demográfica de Belém daquela época já bem distante.

Jorge Correa e Freitas do timaço de 1975.

O “gigantesco” Baenão


Quando alguém diz hoje que o estádio “Evandro Almeida” já “agasalhou” até 30 mil torcedores nos anos de 1970, antes da inauguração do Mangueirão(1978) poucos acreditam. E têm lá suas razões, pelo público macro que atualmente o Baenão comporta: 12 mil torcedores, se tanto. 

A foto que ilustra esse texto dá uma demonstração de como ficavam as arquibancadas atrás do gol, tanto o “tobogã” que fica para a avenida Almirante Barroso, quanto o do lado da feira da antiga 25 de Setembro, hoje, denominada de avenida Romulo Maiorana. 

Quando o Remo estreou no Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão em 1972 com um time que fez enorme sucesso jogando em Belém, fosse contra qualquer uma das grandes equipes nacionais, é difícil dizer que para um jogo com inicio previsto para as 5 horas da tarde, desde o meio dia (12h) já havia público presente no estádio. E, em grande número. Eram os que desejavam garantir seu lugar antecipadamente. O que com o passar do tempo, onde só uma pessoa ficasse comodamente alojada, parece que “esticava” seu metro quadrado gradativamente, até amontoarem-se várias, uma ao lado (ou quase por cima ) das outras. E sabe Deus como conseguiam ver o jogo. Na hora em que o Leão marcasse um gol, a arquibancada parece vir “desmanchando-se” de cima para baixo. Tanto de um lado como do outro dos dois “tobogãs”. Em seguida, tudo voltaria ao seu estado “normal”. Com cada qual retornando ao seu lugar de origem. Durante a partida, sacos plásticos contendo urina, voavam em cima daquele aglomerado. E “explodiam” seu conteúdo 

sobre os torcedores. Claro que todos achavam ruim, mas “era o que tinha pra hoje”, até o estádio estadual Edgar Proença começar a funcionar em 1978. 

A foto é do começo de 1978 (antes da inauguração do Mangueirão) quando o alambrado pelo lado da avenida Almirante Barroso desabou ante a pressão do numeroso público apoiando-se no aramado. Foi em um jogo entre Remo e Operário de Mato Grosso. O Mangueirão, então, foi franqueado ao público em caráter emergencial, para que acontecesse nova partida em Belém, e o Leão venceu por 2 a 0.

Jopagicos deixaram saudade


Os Jogos Paraenses Ginásio Colegiais (Jopagicos) disputados por mais de 20 anos pelos estudantes secundaristas dos vários colégios de Belém, até hoje são lembrados. Pelo esplendor de que se revestia a competição disputada em várias modalidades: atletismo, futsal, basquete, vôlei, arco e flecha e handebal de salão entre outras. 

Além disso, os Jopagicos em sua abertura erma uma autentica festa de plasticidade pelas evoluções femininas em danças modernas e balé. Um desfile de beleza, garbo e sobretudo civismo, o que hoje em dia parece fazer falta ao caráter da juventude. Embora se saiba que os tempos são outros e que a tecnologia mudou o mundo completamente quanto aos seus valores morais. Para alguns uma nova realidade que se impõe pelo dinamismo dos tempos modernos. Para outros, a evolução normal das sociedades humanas. Seja como for, eventos esportivos como eram aqueles jogos amadoristas anuais bem que poderiam ser renovados. Com nova roupagem, evidente.

Vera Pires Teixeira, uma das rainhas dos Jopagicos


sábado, 10 de março de 2018

O Diabo Louro


Dava gosto ver aquele time do Remo jogar. Era a primeira vez que o Pará participava da "Primeira Divisão. E talvez por isso, o Baenão que fora ampliado em suas arquibancadas atrás das traves (os chamados “tobogãs“) “expandira-se” tanto que chegava a registrar a presença de até 30 mil torcedores. Com a inclusão –para que negar – até da torcida do maior rival. Só vinham timaços e cracaços jogar em Belém. O que raramente acontecia em outras épocas dos amistosos entre os nossos, e escassos times do Rio e São Paulo. Os dois maiores centros do futebol nacional àquela época. 

O treinador paulista João Avelino, folclórico e falastrão, manjava, porém, do futebol. E só trouxe “filé” do São Bento de Sorocaba –a maioria – dos integrantes daquela famosa equipe de 1972. O goleiro Dico que viera do futebol brasiliense para o Sport Clube Belém no ano anterior, justificava a máxima de que “um bom time começa pelo goleiro”. O lateral-direita Aranha formava com Dutra (ex- Bonsucesso), Mendes (um quarta- zagueiro paulista clássico que sabia sair jogando) e o lateral- esquerda Lúcio Oliveira, revelado na base remista, uma defesa ríspida, técnica e soberana dentro e pelos beiradas da área. O volante Tito que fora contratado depois de passar pelo Paissandu e Hertez meia-armador que veio do Palmeiras, sabiam entregar a bola limpa, com passes precisos aos atacantes : Dionísio (veio da Flamengo) Caito (outro craque paulista), Roberto (o chamado de “Diabo Louro”) e o ponta esquerda veloz e bom chutador, Peri, também egresso do futebol paulista (Palmeiras, salvo engano). Nesse time, Alcino era banco. Só vai deslanchar em 1974. 

Roberto, apelidado de “Diabo Louro” morreu esta semana aos 70 anos. Meu amigo José Fernando Vasconcelos ainda que mais novo, mas contemporâneo quando morei na Vila Importadora, na Rua Soares Carneiro, recentemente me falara sobre ele. Era natural de Presidente Prudente, onde iniciou a carreira na Prudentina e depois foi para o Rebelo do Distrito Federal de onde veio para o Sport Belem. Morava em Taguatinga (Brasília) já doente depois de enfrentar alguns reveses na vida. Era um homem alquebrado até mais pelos dissabores do que pela própria idade. Fora alcoólatra por algum tempo e estava aposentado de um órgão público (Funai) mas com proventos baixos. Lembro de Roberto jogando pelo Sport que em 1970 formou um timaço: Dico, China, Boré, Orestes e Lima; Chico e Cláudio; Roberval, Roberto, Luizinho e Vadeco. O “Brasinha” – como o denominou Mestre Calá - tornou-se o quarto time grande de Belém com méritos de sobra.  

Ao final do campeonato, Dico foi para o Remo –onde jogou como titular por quase dez anos – Roberto e Luizinho disputaram o torneio Norte/Nordeste daquele ano pela Tuna e no final da competição, Luizinho foi contratado pelo Sport do Recife e Roberto só veio para o Remo em 1972. O “Diabo Louro” era técnico, fogoso e artilheiro. Tinha uma mobilidade incrível dentro do campo além de ser oportunista na hora do chute para o gol. Um baita jogador ! Ficou no Remo até o começo de 1976. E depois sumiu do futebol.


sábado, 3 de março de 2018

ACLEP – como funciona há quase meio século



Uma das siglas mais conhecidas nos meios esportivos paraenses, a ACLEP (Associação dos Cronistas e Locutores Esportivos do Pará) caminha para meio século de existência. A entidade que congrega os integrantes da mídia esportiva paraense –jornais, rádios e TVs – foi fundada em 11 de janeiro de 1969. Sucedeu à antiga ACEP – Associação dos Cronistas Esportivos do Pará. Seu primeiro presidente foi Carlos Estácio, ainda hoje militante do departamento esportivo da Rádio Clube. 

Em maio de 2003, o tão prestigiado congresso anual da ABRACE (Associação Brasileira de Cronistas Esportivos) finalmente aconteceria em nossa capital. Foi um trabalho hercúleo da diretoria do presidente Ferreira da Costa que suplantando todos os obstáculos, conseguiu a chancela de Belém como a sede do grande evento. O 29º congresso da crônica esportiva nacional demonstrou a pujança da ACLEP. Um grandioso evento reconhecido por quantos dele participaram. 

Naquela ocasião, foi lançado um livro contendo a biografia dos mais antigos cronistas em atividade na crônica esportiva paraense e igualmente um memorial dos que militaram na imprensa especializada em épocas mais remotas. Assim também como foi editada uma revista contando a história tanto da ACEP quanto da ACLEP. As duas publicações foram editadas por mim. 

O mais importante, porém, é o vídeo que posto agora em meu blog com depoimentos valiosos sobre esse longo período de atividade da ACLEP que tem hoje como presidente, o jornalista Getúlio Oliva.



Os pequenos (grandes) times do passado (3)

Júlio César foi o clube da Prefeitura de Belém

O Júlio César tinha uma elenco numeroso e qualificado.
O Júlio César foi um dos clubes primitivamente considerados elitistas em termos esportivos em nossa capital. Recebeu por parte da mídia esportiva a honorífica denominação de “O Embaixador da Distinção” por sua disciplina exemplar nas competições das quais participava. Fundado em 1925 destacava-se sobretudo nos certames amadores: basquetebol e vôlei -os principais -Incorporando depois o handebol, a natação e o futsal. 

Na fase do futebol considerado amadorista (até 1945) chegou a disputar o campeonato paraense por breve tempo entre 1938/1940. 

Em fins dos anos de 1950 através de sua diretoria presidida por José Filgueiras de Souza, resolve fundir-se ao Armazenador que disputava a Primeira Divisão desde 1954. O Armazenador, que ironicamente Moacir Calandrini, o mais popular cronista esportivo da época e conhecido como Mestre Calá, chamava de Armazenagol, seria o Ibis paraense daquele tempo. Era mantido pelos funcionários da área portuária da capital através do Sindicato dos Arrumadores de Belém. 

Mas daquela fusão surgiria mais tarde um time dos mais respeitados. Sendo inclusive encampado pela Prefeitura Municipal de Belém, quando Lopo de Castro era o prefeito. Passou então a ser chamado de Clube Municipal Júlio César. Concentrava seus jogadores, quase todos funcionários “fantasmas” da PMB, na granja Modelo, em Ananindeua e de propriedade da comuna metropolitana. Nesse tempo, a PMB passava por séria crise financeira e seu funcionalismo estava em atraso salarial “apenas” uns seis meses. Menos para a turma do “Julico” que recebia em dia. 

Nos primeiros anos da década de 1960 o clube esmeraldino (as camisas eram com predominância da cor verde) formou uma equipe de respeito. Nesse time sobressaíram a dupla de meio-campo Nonato e Purifica além dos atacantes, Tavor (jogou na Tuna), Alfredo, Eloy, Vila e Itabereci. O goleiro titular era Mamaca, aspirante do Paissandu e seus zagueiros centrais, Zé Maria e Rafael (ex-Tuna) formavam uma defesa das mais seguras. Nas laterais, Nato (que o comentarista Grimoaldo Soares chamava de “delicado Nato”) e Batista.O goleiro Apinagés era outro destacado integrante de seu numeroso e qualificado elenco. 

Com o golpe de 1964 e a saída de Lopo de Castro da PMB, o Júlio César foi se tornando mero participante do campeonato paraense até 1967.Dá um tempo e ressurge em 1970, mas só para sacramentar sua despedida do futebol paraense. O que aconteceria em 1974.

Os nossos “chineses” no futebol

China (Tuna), Chininha, Chinão (Remo) e China (Remo) 
Se no passado abundaram apelidos com o numeral Quarenta, o futebol paraense foi equivalente em termos de codinomes China. Todos, sem dúvida, pela aparência física, onde os olhos “puxados” foram determinantes para pespegar em seus donos. 

A família Reis da Cunha foi o protótipo da “prole” desses apelidos, a começar pelo mais famoso de todos: o China I, considerado até hoje o maior jogador do futebol da Tuna Luso Brasileira. Seu irmão China II que ficou conhecido como Chininha, tal como o irmão mais velho, iniciou na Lusa do Souza. Mais tarde seria contratado pelo Sport Clube do Recife e ao retornar ao futebol paraense em 1963 jogou no Paissandu e encerrou a carreira no Júlio César em 1966. Sua posição era de meia-armador. 

Outro dos Cunha a jogar na divisão de base cruzmaltina foi Toninho, o mais novo dos irmãos, logo chamado de China III, que entretanto, ficou apenas no time juvenil e se desinteressou pelo futebol. 

Surgido no extinto Paulista, um dos três times do pelotão dos pequenos nos anos de 1950, o zagueiro-central China que era chamado de Chinão pelo porte físico avantajado transferiu-se para o Remo em 1952 e ficou pelo Baenão até o final da década. Era meio sisudo e jogava ríspido, sem no entanto ser desleal. Conquistou vários títulos de campeão paraense pelo Leão Azul. 

Na primitiva posição de lateral-direita, embora polivalente no sistema defensivo, outro China se destacaria pela divisão de base do Avante no começo da década de 1960. O garoto China despontou ao jogar zaga do time interiorano e ao final do campeonato passaria a jogar no Remo em várias posições da defesa, além da sua original. Em todas com o raro brilho de craque: zagueiro-central e quarto zagueiro (ou centro-médio como se denominava a posição naquele tempo) também eram familiares ao seu qualificado futebol. 

China além do Remo jogou na Tuna, Paissandu e Sport Belém, quando o rubro-negro da Vila Militar formou um timaço em 1970. Ele era taifeiro da Base Aérea. Nessa equipe jogavam o goleiro Dico (durante 10 anos titular no gol do Remo), os atacantes Luizinho e Roberto Diabo Louro (outro que formou na esplendida equipe remista de 1972 que debutou no Campeonato Nacional da 1º Divisão) todos vindos do futebol de Brasília. 

Curiosidades


Livro do Quarenta

A longa e gloriosa  trajetória não só no futebol, mas em sua existência longeva de 90 anos benfazejos, estão compilados no livro que o conhe...