sábado, 4 de agosto de 2018

Gênios da bola


Eu tive o privilégio de vê-los jogar. Ainda pré-adolescente, assisti Garrincha dar um show de bola – para variar...- jogando contra o Remo, no antigo estádio do Souza. Endiabrado, em uma jogada saiu driblando quantos lhe aparecessem à frente, incluso o goleiro azulino, naquele tempo remoto (1959), o Piedade. Não recordo se fez o gol. Talvez, não. O time alvinegro era uma autentica seleção. Além dele, Didi, Nilton Santos, Quarentinha e Zagalo. Só jogadores em nível do escrete canarinho. 

Didi, por sinal, arrancou aplausos unanimes no estádio da Tuna ao mirar Garrincha na ponta direita e enviesar um longo passe que chegou ao Zagalo na esquerda. Uma esplêndida jogada, literalmente, de um grande mestre. O meia botafoguense não olhava para o chão. Sempre de cabeça erguida, caminhava com a bola colada aos seus pés. Ela a obedecia. Era um negro elegante. Ereto na postura. Tanto em campo como fora dele. 

Quanto ao Pelé, já passado dos 20 anos, em noite memorável no Baenão, no ano de 1965, o Rei entrou em campo com a camisa do Remo e um buquê de flores na mão direita. Foi ovacionado pelo numeroso público presente ao estádio azulino. 

Um detalhe importante desse jogo: o Remo que foi o campeão paraense de 1964 estava com seu time considerado titular em excursão pelo Acre. Por isso jogou com uma equipe considerada como reserva. Mas que tinha excelentes jogadores como a dupla de atacantes Rangel e Zezé. O quarto-zagueiro Socó que era militar integrou o time, pois não pode viajar com a equipe que foi ao Acre. Naqueles tempos idos o elenco remista tinha quase 40 jogadores que residiam, (a maioria), em um imenso casarão na avenida Alcindo Cacela, próximo a Magalhães Barata. 

Para incendiar o Baenão, o Remo chegou a estar à frente do placar por 2 a 1. Foi quando Pelé se “aborreceu” e o Santos enfiou um gol atrás do outro até chegar ao extravagante escore final de 9 a 4. Com um dos gols santista sendo feito em tabela de Pelé com o próprio Socó... O fabuloso jogador entrou na área remista e perseguido pelo zagueiro, tabelou em uma de suas pernas e a bola acabou entrando no gol azulino. Lance de craque. Aliás, o maior do mundo de todos os tempos. 

Por que cito essa façanha de ter visto os dois “ao vivo” em Belém? Simplesmente por naquela época tão longínqua, as grandes equipes nacionais quase não visitarem Belém. E só se assistia aos campeonatos do Rio e São Paulo –principalmente – pelas telas do cinema. Antes do filme começar, nos famosos jornais da Atlântida. Apenas alguns lances e gols (claros) dos jogos. E a televisão ainda não chegara por aqui. E Nem ao tempo em que Pelé veio pela primeira vez a Belém, raros eram os jogos vistos pela tevê. O vídeo tape era tecnologia recente no país. Imagens diretas? Nem pensar. Eram outros tempos. Nesse quesito, sem deixar saudades.

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