quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Painel da Saudade

Este ano de 2021 que termina amanhã, levou consigo seis nomes da crônica esportiva paraense.


Foram profissionais que deixaram saudades pela longa militância, no rádio, TV e jornais da capital.


Ronaldo Porto era o de maior destaque. Considerado como um dos narradores do primeiro time de todos os tempos, o chamado “40 gráus” , tinha excelente timbre vocal e sabia relatar o jogo em um estilo frenético e linear. Começou na Marajoara, depois foi para a Liberal, retornando à Clube, onde começou a narrar. Passou ainda pela extinta Guajará, as maranhenses Difusora, Timbira e Educadora de São Luis e a finada Maguary de Belém. Na TV foi o chefe do departamento da RBA, canal 13, quando a emissora iniciou suas atividades em 1988. Atuou também em outros canais, mas apenas como freee lancer. Durante um certo tempo animou o programa matinal “Show do 40 graus” pela Clube. Não chegou aos 70 anos.


Ronaldo Porto



Adaílton Cunha era o repórter seguro e de temperamento calmo ao entrevistar seus personagens esportivos. Começou como ‘foca” na Clube, depois ponta-de-gol na Liberal e por largo tempo repórter da TV Liberal transferindo-se para a RBA onde ficou um tempão até sair para ser produtor na TV Cultura, cargo que ocupou até vir a falecer, vitima de uma doença insidiosa. Morreu aos 62 anos.




Um repórter de cobertura dos fatos de rua que passou para o o segmento esportivo. Chico Chagas foi setorista do Paissandu por muitos anos, quando começou na Liberal. Além de repórter volante e ponta de gol. Esteve por alguns anos na Marajoara, teve rápido giro pela Timbira maranhense e depois passou um longo período na Clube onde chegou a fazer coberturas no exterior. Quando veio a falecer por problemas renais, integrava a equipe da Metropolitana-FM. Chico fugia um pouco do modo de falar dos repórteres esportivos. Tinha vocabulário diferenciado, sem os chavões costumeiros que são observados na reportagem do futebol. Por alguns anos foi o apresentador do tradicional “As últimas do Esporte”, ao fim da noite, pela Clube. Tinha 62 anos.

Chico Chagas


Paulo Roberto Souza, iniciou como estagiário do Diário do Pará, nos primeiros anos do jornal, em 1985. Passou pelo Amazonia como editor esportivo e depois editor-chefe Morreu em consequência de um câncer de estômago. Travou luta tenaz contra a doença mas sem êxito, sucumbiu a ela. Faleceu aos 58 anos.



O mais jovem( 52 anos) entre os que o corona vírus atingiu letalmente, Nildo Matos, teve quase 20 anos de atuação no rádio esportivo. Ele era animador em frente de lojas no centro comercial da cidade e iniciou na Marajoara como repórter de campo. Chegou a ser o coordenador de esportes da emissora de Carlos Santos, ainda que com ligeira passagem pela Liberal. Era um micro empreendedor de fibra do ramo de comidas -lanchonetes e restaurantes – e chegou à presidência da ACLEP com a renúncia de Géo Araújo (já falecido) em 2019. Ele era o vice-presidente da entidade . Saiu da Marajoara no início deste ano e não voltou mais ao microfone.

Nildo Matos


Outra morte muito sentida pela imprensa esportiva belenense, foi a de Toninho Costa, por longos anos produtor e chefe do departamento esportivo da RBA. Ele era dessas pessoas que conquistam a simpatia dos outros, pela educação e a sobriedade em exercer sua atividade. Começou como rádio-escuta no Plantão da Clube juntamente com Moacir Tavares e tendo Beraldo Francês como informante. Passou pela Marajoara, retornou à Clube quando Guilherme Guerreiro assumiu a equipe da Poderosa, após sair da Marajoara e sem tanta demora, estava no canal 13 (RBA) do mesmo grupo de comunicação. . Foi vítima também do maldito corona-19. Toninho não atingiu aos 60 anos de vida.



São companheiros que se tornarão perenes em nossa memória póstuma.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Morre um dos famosos Quarentas



Poucos sabiam que ele começou no futebol paraense com o codinome mais famoso de todos os tempos: Quarenta. Uma linhagem que começou com a matriz, o velho Luiz  Lebrego, famoso no Paissandu no ataque das décadas 1920/30 e início dos anos 40.

 

Chamado de El Tigre em alusão a Friendreich que também tinha a mesma alcunha e foi um dos maiores artilheiros do futebol brasileiro em seus primórdios, Lebrego, na verdade o Quarenta original, ainda jogaria no Vasco e São Paulo. Encerrou a carreira no próprio Paissandu com 35 anos em 1945. Uma façanha àquela época !


Um dos filhos de Lebrego, Quarentinha, despontou no Papão como ponta-esquerda em 1954.  E logo seria contratado pelo Vitória,  explodindo seu futebol na Boa Terra, sem tanta demora iria para o Rio atuar no Botafogo em um ataque histórico formado por Garrincha, Didi, Paulinho, Quarentinha e Zagalo. O time da Estrela Solitária nesse tempo só tinha o Santos de Pelé como um  grande adversário. Equivalente ao extraordinário time de Vila Belmiro. Foi da Seleção Brasileira onde marcou muitos gols. Embora sem  nunca ter sido campeão mundial. Mesmo como reserva.

 

Outro filho do velho Lebrego, Walmir, ainda que iniciado no Papão , ganharia fama no Remo. Era considerado a ‘ovelha negra’ da família, toda bicolor.  Diziam ser azulino de coração, embora tendo do jogado no extinto Belenense e também na Tuna. Jogava como meia- direita (correspondente, hoje, ao ponta de lança).

 

O mais famoso de todos os Quarentas,  porém, seria Paulo Benedito Braga dos Santos, ainda vivo, que por quase 20 anos (1956/ 1974) esbanjou seu esplendoroso futebol como meia-armador do Paissandu. E foi escolhido pela crônica esportiva paraense no ano 2000, por unanimidade,  como O Craque do Século do nosso futebol. Por ser de porte  físico mignon, por vezes predominava entre a torcida,  o apelido de Quarentinha. Mas na mídia era mesmo o Quarenta.

 

Ércio que faleceu ontem, aos 82 anos, era cria da juvenil bicolor. Em 1959 passou para o  time titular. Um ponta-esquerda veloz, mas que só chutava com a canhota. Driblador hábil, l na decisão do campeonato de 1959, num jogo com muita chuva no estádio do Souza, em um contra-ataque, chutou para o gol do goleiro Edgar do Remo, e mesmo sendo um chute com o pé direito, que não era o seu forte, a bola ao se aproximar do goleiro, quicou em um "montinho artilheiro", desviou o arqueiro do lance e  foi para o fundo da rede. Era o gol do campeonato do Papão.


Jogou no time alvi- azul até 1970 quando foi para a Tuna e se sagrou campeão pela cruz-de-malta.


Depois  que  deixou o futebol, formou em Direito e passou a exercer a nova profissão. Teve uma tumultuada passagem pelo Sampaio Corrêa, logo que despontou no PSC mas sem demora no futebol timbira, retornaria à Curuzu.




sábado, 4 de setembro de 2021

Mauro Borges dá show no Plantão da Clube

O pensador francês Georges Louis Lecler, o conde Buffon, dizia que “o estilo é o homem”. E desde que ingressou na equipe de esportes da Rádio Clube em fins da década de 1980, Mauro Borges carimbou seu estilo: jocoso. Quer como setorista de clubes, da Federação de Futebol, ou nas informações complementares do jogo, atrás do gol, e ainda nas reportagens de campo, nas entrevistas com jogadores, técnico e árbitros, Maurão é sempre hilário. Ele sabe também os limites de sua atuação. Não se preocupa com a diversificação vocabular que às vezes descamba para a verbosidade vazia. Ou palavras desconexas ao assunto central abordado.

 

Agora, no impedimento já prolongado do informante titular do Plantão, o seguro Adilson Brasil, Maurão foi designado a substitui-lo. E, para surpresa geral, passou a imprimir um novo estilo nas informações dos resultados dos jogos pelo país e mundo afora. Com a agilidade peculiar que a informação requer, procura, entretanto, dar sempre uma pitada de humor, faz alguma blague ou até mesmo cita en passant “causos” sobre algum time famoso ou mesmo anônimo que esteja jogando. Quando não relembra facetas do jogador que porventura tenha marcado o gol que ele acabara de informar. Mauro Borges procura fugir do informante-padrão que quase sempre é formal e limita-se a noticiar com certa rapidez os resultados das partidas.

 

Em um programa de variedade noturno, apresentado por ele diariamente na internet, Maurão é a própria descontração ao microfone.

 

Se vai continuar no Plantão, até agora não há confirmação disso. Mas sem dúvida é uma grata revelação na função, em um novo tempo, quando o rádio esportivo procura outra roupagem compelido pela internet e, sobretudo pela pandemia que o afastou das transmissões diretamente dos estádios. Os telões substituíram o gramado e as cabines das transmissões diretas do campo.

 



quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Surge um novo ídolo no Baenão

 

Com menos de dois meses no Remo, o atacante Vitor Andrade aparece como o novo ídolo no Baenão.

 

Quando foi anunciado como uma nova contratação para o elenco azulino, soou para a imensa torcida do Leão, com as mesmas características peculiares ou de perfis semelhantes aos chamados “reforços” vindos de outros estados. Em geral, mais do que trintões, rodados por vários clubes, alguns “bichados” crônicos e poucos tendo de cara afinidade com o Fenômeno Azul, a exigente e apaixonada galera azulina.

 

O impetuoso jogador que começou na base do Santos, mas logo indo mostrar seu futebol no exterior, é o avesso desse protótipo de “reforço”. Ainda novo, longilíneo, mexe-se muito em campo e sabe aproveitar as oportunidades de gol que aparecem durante o jogo. Não seria correta a definição de oportunista, pois ele sabe trabalhar as jogadas coletivas e principalmente as individuais. O gol que deu a vitória ao Remo contra o Confiança é o melhor exemplo de seu desempenho solo no ataque. Nesta partida, já repetira jogadas e conclusões ao gol pelo menos duas vezes. E só a excelente performance do goleiro adversário não lhe permitira fazer o gol da vitória antes.

 

Depois do saudoso “negão” Alcino, o maior “xodó” remista de todos os tempos, o volante sergipano Agnaldo, vindo do Sport nos anos 1990, foi o outro jogador de grande empatia com os torcedores do Remo, além de ter sido o técnico do título paraense 100% invicto em 2004. Um feito inusitado.

 


O belíssimo gol que Vitor Andrade marcou contra o Cruzeiro há poucos dias no Baenão, foi o “voucher” que fez ressurgir sua imagem de craque para todo o país, depois de seu retorno do estrangeiro. Foi manchete na mídia nacional.

 

Os ídolos, além da aura nata, precisam apenas confirmar que sabem fazer o que parece extraordinário, de forma natural. E por isso são diferenciados.

 

Se Vitor Andrade veio para ficar na memória azulina, só o tempo dirá. Até agora, tem mostrado essa inclinação por sua entrega ao time e seu futebol refinado e principalmente a linearidade de suas atuações, o que Felipe Gedoz não consegue manter, mesmo já integrado à equipe há muito mais tempo. É disperso demais, embora ainda saiba jogar seu bom futebol. 

quarta-feira, 30 de junho de 2021

A “cascuda” série B

Após quase 15 anos ausente da série B, o Remo ao retornar este ano à Segunda Divisão nacional, parece que estranhou muito essa competição. Que de uns anos para os dias de hoje, mudou substancialmente  quanto ao nível dos participantes.


Hoje, quase todos os times estão  nivelados tecnicamente. Entre  os participantes da competição deste ano, equipes que já foram donas de títulos nacionais da Primeira Divisão: Cruzeiro, Vasco, Botafogo, Coritiba e incluso o Goiás,  de grandes façanhas em campeonatos dessa envergadura. Times que já visitaram a Segundona como Grêmio e Palmeiras, quase que passearam na competição e logo voltaram à Série A. Era notória a discrepância desses times sobre os demais. Agora, isso acabou. Para ganhar de qualquer equipe do Nordeste, seja fora ou dentro de seus domínios, os “medalhões” têm que suar em campo. Mostrar bom futebol, senão, estão “lascados”.


O Remo talvez tenha apostado apenas no sucesso do técnico Bonamigo que fez o time voltar após longo calvário pela “C”, “D” e, em alguns anos, por série   nenhuma. Uma autêntica humilhação para um clube grandioso, dono de uma das maiores torcidas do futebol brasileiro. Mas não existe treinador que faça milagres com um elenco onde a maioria dos jogadores beire à faixa da mediocridade técnica. É mais do que evidente que bons jogadores custam caro em termos salariais. O mercado da Segundona passou a ser assim. Há demanda, a qualidade técnica dita essa norma financeira.


O presidente azulino Fábio  Bentes, parece que foi surpreendido pela subida de divisão. E creditou mérito quase absoluto ao seu  treinador, por ficar com o vice campeonato da série C. Mesmo que no campeonato estadual, com a credencial de favorito ao título, o Remo não tenha chegado às finais da competição. Foi atropelado inesperadamente pela Tuna.


Agora, só resta contratar um técnico. Que venha para acertar. O regulamento da CBF só permite dois treinadores em um mesmo campeonato. E o elenco? Se ele vai ter que “se virar” com” é  o que tem pra hoje”, é preferível acreditar no Netão. E seja lá o que Deus quiser. Com ou sem o Carius... 



Bonamigo: o fim de um trabalho reconhecido pela torcida (Reprodução: Romanews)


segunda-feira, 24 de maio de 2021

Gol fez mal à Tuna

Quando o jornal carioca O Dia - ainda em circulação – tinha sua linha editorial fincada no noticiário policial escandaloso, seu mancheteiro principal, certo dia, deu como manchete de capa (ou a primeira página) nada mais que este título infame: CACHORRO FEZ MAL À MOÇA. Ainda era o tempo das donzelas virgens. Na realidade, uma jovem que comera um cachorro-quente de rua, passara mal em virtude da guloseima e foi parar no Pronto Socorro. Era o texto da manchete sensacionalista. O Dia vendia aos montes para o seu leitorado povão. Não se faz mais jornalismo como nos velhos tempos, dirão alguns saudosistas da mídia impressa de outrora.

Esse introito é apenas para eu justificar – embora no futebol seja quase impossível – a derrota de ontem da Tuna, quando todos já cantavam como a campeã quase inacreditável deste ano. Como a lendária fênix, ela ressurgira das cinzas com um time modestíssimo, após quase uma década sem participar da nossa Primeira Divisão.

 A Lusa do Souza há exatos 33 anos não sabe o que é um título estadual. E seu rol de campeonatos paraenses encalhou em 10 faixas. O time cruzmaltino vinha comendo pelas beiradas. Iniciou o campeonato timidamente, perdeu para o Paissandu no primeiro clássico do ano, mas depois embalou goleando interioranos em seus domínios, o que não é comum nem à dupla RE-PA. E chegou ao outro clássico contra o Remo, empinada. O Leão sentiu a força do conjunto tunante no Baenão. O jogo terminou empatado e, nas penalidades, a Elite foi a vencedora. Elevou o moral para enfrentar o Papão nas duas partidas finais. No domingo passado (16) ao jogar em seu estádio, fez quatro gols, além de mostrar um futebol vistoso, tal como acontecera contra o Remo. Ao atingir o elástico placar de 4x1 (para uma decisão é uma larga vantagem), permitiu ao adversário marcar mais um gol. Ali, talvez, perdeu o título. Dois gols de diferença para um clube de massa e acostumado a decisões como é o PSC, foi uma benção.

De qualquer maneira, a Tuna ainda estava beneficiada para a segunda partida. Poderia até perder por um gol. O “melhor” aconteceria logo ao início do jogo. Um pênalti a seu favor, convertido por um de seus atacantes. Mesmo com as arquibancadas vazias da Curuzu, aconteceu o inverso com o time favorito. Passou a jogar muito mal, nervoso de corpo inteiro. Errava passes, os mais incríveis pelo curto espaço de aproximação entre seus jogadores. E ainda teve um jogador expulso. O primeiro tempo só terminou empatado em 1 a 1.

Na segunda etapa, ligeiramente mais organizada em campo, sentiu, porém o desfalque de um jogador. Aos poucos o Paissandu tomou conta do jogo e rapidamente desempatou e ainda fez mais dois gols. Ao chegar aos 4 a 1 que lhe garantia o título, em um raro contra-ataque, a Lusa conseguiu um outro pênalti a seu favor, o que levaria a decisão para uma série de cobranças de penalidades máximas. O experiente lateral-direita Léo Rosas, consegue, no entanto, chutar a bola por cima da trave bicolor.

Não tinha como ser a campeã.


A Tuna foi campeã da segunda divisão em 2020


 

sábado, 22 de maio de 2021

A professora da Tuna

"A professora da Tuna", matéria publicada originalmente pelo GE (cujo link está contido na imagem abaixo), é extensa, bem escrita e reflete a situação de um grande clube como é a Tuna Luso Brasileira. Independentemente do resultado de amanhã, sua presidente está de parabéns, sobretudo pela tenacidade racional de seu trabalho. Nunca tantos torceram muito pela Lusa do Souza como na decisão deste campeonato.

Uma ressureição gloriosa de um dos maiores clubes do Norte/Nordeste. Por seu portentoso patrimônio material (o complexo do Souza é de 1970!) a Transportiva como a denominou o saudoso cronista Laurestino Soares, da extinta Folha do Norte, a Tuna é um dos orgulhos esportivos do Pará.




terça-feira, 11 de maio de 2021

Seu Manoel, um cartola diferente

"Os caprichos do futebol 

O futebol tem seus caprichos dentro e fora do campo. Quis o destino que o Remo conseguisse sair do inferno que é a série “D” pelas mãos de um presidente circunstancialmente posto no cargo. Um dos integrantes da velha-guarda azulina que a torcida chamou pejorativamente nos últimos anos de ‘múmias”. Em alusão, é lógico, à idade cronológica da maioria deles. Antigos dirigentes que mostraram serviço em prol do Mais Querido ao longo de décadas. Mas não quiseram aceitar a inexorabilidade do tempo. E nem se interessaram em preparar substitutos para sucedê-los. Foram levando o barco até se exaurirem e tornarem-se peças de museu. Abriram a guarda assim, para que aventureiros aparecessem como “salvadores do clube”. 

Alguns até bem intencionados. Outros defasados pela mente bolorenta quiçá até mais do que as dos velhos cardeais. Na primeira eleição direta, o novo presidente mostrou-se em pouco tempo despreparado para exercer o cargo. E arrastou seu jovem vice-presidente consigo. Foram obrigados a pedir licença das funções. 

Eis que surge a figura de Manoel Ribeiro laureado cartola dos anos 1970 e1980. Com o mesmo estilo das décadas passadas: autoritário, por vezes até truculento, centralizador, mas sobretudo uma pessoa de atitudes firmes, apesar da idade já provecta. 

Mesmo sem botar grana de seu bolso como fazia com rara generosidade no passado, conseguiu arrumar o Remo. Principalmente no futebol. E ganhou a confiança dos jogadores que estavam com salários atrasados. Correu atrás da verba acreditando na fidelidade do Fenômeno Azul a imensa e apaixonada torcida remista que encanta e surpreende a todo o país. 

Manoel Ribeiro em parte redimiu os de sua época que saíram quase escorraçados do clube. Mas deve ter a consciência que não é mais o mesmo de um pretérito já bem distante. E por isso mesmo o tempo impõe que novos dirigentes assumam a direção azulina. Não os demagogos e nem os meramente carismáticos. Esses já mostraram que não servem. Pulem essa. A sorte do presidente interino mais uma vez voltou a funcionar. Seu otimismo contagiou os jogadores além da grandiosa galera do Leão Azul. Cumpriu sua missão. 

Ao sucesso da ascensão à série “C” não podem esquecidos os nomes de Antonio Miléo(sem sua ajuda financeira o Remo teria parado em fevereiro), Milton Campos,André Cavalcante (uma promessa como um dirigente de ideias novas) Dirson Medeiros e Marco Antonio “Magnata”. Sem esquecer por dever de justiça a abnegação de Sérgio Dias agindo no futebol com carta branca que lhe deu o presidente interino."



O texto inicial desta matéria foi publicado em meu Blog Pontadegol, no ano de 2016, quando Manoel Ribeiro assumira a presidência depois de cumprir o restante do mandato de Pedro Minowa e seu vice, Henrique Custódio, ambos afastados de seus cargos por decisão do Conselho Deliberativo, do qual MR era o presidente.

Em 2017, ele vence André Cavalcante e retorna à presidência agora para cumprir o mandato até o final de 2018. O Remo ganha o campeonato estadual de 2018.

Manoel Ribeiro, que faleceu ontem aos 85 anos, tinha personalidade bastante controversa. Reunia dinamismo, arrojo, atitudes firmes, paixão exacerbada por seu clube de coração e ao mesmo tempo, era truculento, anti -ético em deploráveis comportamentos dentro de campo, quando o Remo estava em desvantagem no marcador, principalmente em RE-PAs decisivos, além de um tanto arredio às críticas a sua pessoa.

Como todo empreendedor corajoso, possuía uma grande estrela. A sorte o acompanhava em sua jornada no futebol e não o abandonou, mesmo depois de um longo ostracismo, quando dedicou-se à política, sendo deputado federal por vários mandatos ( anos 80/90). Ao retornar ao Leão Azul, ninguém acreditava que o chamado “Marechal da Vitória” ainda voltasse à presidência pela quarta vez. Já era um octagenário, embora ainda serelepe, mas com ideias antigas sobre o futebol que mudara muito em toda sua dinâmica, tanto dentro como sobretudo fora de campo.

Seja como for, é imperioso reconhecer o saldo expressivo de sua dedicação em favor do Clube do Remo. Foi, sem dúvida, o dirigente mais famoso do futebol azulino de todos os tempos.

domingo, 14 de março de 2021

Quarenta Graus de emoção


Ronaldo Porto dividia opiniões pelo temperamento que tinha. Era pouco agregador quando comandava uma equipe esportiva. E dirigiu pelo menos duas: Marajoara e Clube. Sem contar a pioneira da RBA - canal l3, quando  foi inaugurada e pertencia ao saudoso empresário goiano Jair  Bernardino.


Ele começou aos 17 anos na Marajoara, dividindo a apresentação do programa dominical  “Na marca do pênalti” com o já falecido Luiz Araújo, na hora do almoço. Logo o programa faria enorme sucesso de audiência. A Marajoara naquele tempo dos “Associados” tinha uma  excelente programação geral.


Com a Liberal e sua equipe esportiva recém montada, Ronaldo não demoraria para integrar a Equipe Legal comandada pelo lembrado Jayme Bastos. Mas, sem tanto tempo, transfere-se para a Clube onde começa a carreira de narrador revezando-se  na transmissão dos jogos com Cláudio Guimarães, Zaire Filho e Edgar Augusto. Lá mesmo, passa a apresentar o programa de variedades “ Show do Quarenta Graus”, pela manhã.


No início de 1980, a Guajará resolveu formar uma nova equipe sob o comando do finado José Simões. É, então, quando ele e Zaire Filho tornam-se os narradores principais. A equipe, porém só durou seis meses, se tanto.


Quando a Marajoara foi adquirida pelo empresário Carlos Santos, em 1985, Ronaldo assume o comando do departamento esportivo. Resolve dividir a chefia com Jayme Bastos, que sem tanta demora, porém, sairia para tratar da implantação de sua Maguary, que vai ao ar em 1990 embora só durando cinco anos sob seu controle, pois em 1995 foi vendida para uma igreja evangélica. Em um time de bom nível  - Edyr Proença,  Géo Araújo,  Giuseppe Tommaso, Aylton Silva, Chico Chagas e Paulo Bahia - mas de curta duração, Ronaldo chegou a narrar também jogos pela Maguary.


Em 1992, estava de volta à Clube agora para comandar sua equipe de esportes naquele tempo bastante combalida após a saída de Edyr Proença, Cláudio Guimarães, Carlos Castilho, Agripino Furtado e outros. Mas, em 1996, Guilherme Guerreiro deixa a Marajoara e assume o comando do Timão do Rádio. Leva com ele nomes de peso da ex-emissora  “Associada”. Ronaldo Porto reassume o comando dos Titulares do Esporte e injeta nomes novos e alguns conhecidos  em sua equipe: Edson Matoso, o amazonense  Antenor Araújo, Gilson Faria, Mário Sales e Alberto Gonçalves, os mais expressivos.


No final dos anos 1970, O Quarenta Graus atuou no rádio maranhense em três emissoras: Difusora, Timbira e Educadora. Isso em apenas um ano, no máximo.


Foi eleito vereador de Belém com o mandato 1992/96, na esteira do sucesso do policial  Barra Pesada (canal 13) que apresentava no inicio da tarde. Ainda no mesmo canal foi o âncora  seguro do Brasil Urgente local.


Ronaldo Porto foi um dos narradores paraenses de melhores vozes e dicção clara. No inicio, não era tão bem articulado no improviso, o que melhora muito depois de formado em Direito.


No dia 11 de fevereiro, completou 69 anos.

segunda-feira, 8 de março de 2021

Covid desfalca Aclep de Nildo Matos


A crônica esportiva paraense perdeu notem um de seus integrantes. O covid 19 causou a morte de Nildo Matos, repórter que atuou nas rádios Marajoara e Liberal. Ele atualmente estava afastado do microfone esportivo depois de ter sido o coordenador dos Titulares do Esporte por certo tempo.

Nildo começou em meados dos anos 1990 na Marajoara, com aval do dono da emissora, Carlos Santos, que tinha várias lojas de departamentos nessa época. Ele era o chamariz das chamadas na porta de uma delas - “Avistão” - ao anunciar a propaganda dos produtos da loja com um microfone portátil.

Cresceu no setor esportivo da emissora e logo depois já se tornaria repórter de campo. Recebeu convite e se transferiu para a Liberal juntamente com Pio Neto e Gesiel Lima. Mas sem tanta demora estaria de volta à Marajoara, onde ficou até o final do ano passado. 

A ex-emissora “associada” passava por reformulação em seu setor de esportes. Nildo Matos e Paulo Bahia, após vários anos, deixaram a equipe. 

Paralelo à atividade no rádio, ele era comerciante com um restaurante no bairro de Canudos, na Rua Guerra Passos. Além de atuar na diretoria do Sndicato do Comércio de Belém.

Quando o saudoso Géo Araújo renunciou à presidência da Aclep em junho de 2016, sendo o vice-presidente, Nildo assumiu o comando da entidade até princípios de 2017.

Estava em Abaetetuba quando contraiu o vírus chinês e no final da semana foi transferido para o Hospital do Hangar, onde faleceu hoje pela manhã aos 54 anos.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Um cartola polido




Este texto foi postado por mim no dia 24/04/2018, em reconhecimento à pessoa polida que foi Vinicius, presidente azulino no biênio 80/81, e que partiu ontem, deixando saudades à coletividade remista.



"Quando os dirigentes de futebol ainda nem eram chamados de cartolas, usavam-se as expressões próceres ou paredros, que tinham o mesmo significado. 

Vinicius Bahury de Oliveira vem desse tempo no Clube do Remo. Em torno da segunda metade da década de 1950. Sua família fazia parte da diretoria do Moto Clube de São Luis. Que tinha nos Abud donos de uma fábrica de tecidos o seu grande patrono. Ele veio jogar pelo Papão do Norte, integrando o elenco que esteve em Belém realizando uma temporada de jogos. Já era dono da empresa Cimaq na capital timbira. Que era a revendedora exclusiva da Chevrolet. Em Belém fez amizade com Jorge Age, naquele tempo, o maioral do futebol azulino. E sem tanta demora estava se radicando em Belém trazendo também a sua empresa revendedora de veículos pesados como tratores e caminhões de carga. Surgia então a Cinorte, uma loja gigantesca situada na avenida Senador Lemos, próximo à Doca. 

Durante os anos 50/60 do século passado, os bolsos dos dois paredros estavam sempre abertos para manter o futebol remista. Que paradoxalmente veria a partir de 1956, o maior rival dar o pontapé inicial para uma grande revirada na conquista de títulos. O Remo passou a escassear os campeonatos, que só ocorriam de quatro em quatro anos. Mas os dois grandes dirigentes remistas prosseguiriam em sua longa caminhada na vida do clube. 

Jorge Age assumiu a presidência no biênio 1955/56 e Vinicius em 1980/81. Foram sempre dois cardeais do Leão Azul, embora só Bahury ainda viva. Hage faleceu há dois anos. 

Depois que chegou a ser dono da fábrica Ametal localizada no distrito industrial de Ananindeua, Vinicius deixou as atividades mercantis. Até hoje é reverenciado dentro do Remo e considerado uma dos maiores remistas, mesmo não sendo paraense. 

Quando atuava à frente do futebol azulino –isso acontecendo em várias oportunidades – ele sempre foi considerado pela imprensa esportiva de Belém como uma pessoa educada, gentil para com seus adversários, especialmente os cartolas de Paissandu e Tuna. Basta dizer que suas empresas tinham seus impressos feitos nas duas maiores gráficas de Belém de tempos passados: Falângola e Grafisa, ambos de Giorgio Falângola e Altino Pinheiro, respectivamente, dois bicolores de escol. Vinicius não confundia as coisas. Adversários, mas só dentro do campo. Fora, eram grandes amigos. Como recomenda o manual de boas relações pessoais."

Turma da Pça. Brasil

Foi a maior turma de bairros dos anos 60. Reuníamos mais de 50 integrantes que residiam nas redondezas da tradicional Praça Brasil. Em algu...