terça-feira, 11 de maio de 2021

Seu Manoel, um cartola diferente

"Os caprichos do futebol 

O futebol tem seus caprichos dentro e fora do campo. Quis o destino que o Remo conseguisse sair do inferno que é a série “D” pelas mãos de um presidente circunstancialmente posto no cargo. Um dos integrantes da velha-guarda azulina que a torcida chamou pejorativamente nos últimos anos de ‘múmias”. Em alusão, é lógico, à idade cronológica da maioria deles. Antigos dirigentes que mostraram serviço em prol do Mais Querido ao longo de décadas. Mas não quiseram aceitar a inexorabilidade do tempo. E nem se interessaram em preparar substitutos para sucedê-los. Foram levando o barco até se exaurirem e tornarem-se peças de museu. Abriram a guarda assim, para que aventureiros aparecessem como “salvadores do clube”. 

Alguns até bem intencionados. Outros defasados pela mente bolorenta quiçá até mais do que as dos velhos cardeais. Na primeira eleição direta, o novo presidente mostrou-se em pouco tempo despreparado para exercer o cargo. E arrastou seu jovem vice-presidente consigo. Foram obrigados a pedir licença das funções. 

Eis que surge a figura de Manoel Ribeiro laureado cartola dos anos 1970 e1980. Com o mesmo estilo das décadas passadas: autoritário, por vezes até truculento, centralizador, mas sobretudo uma pessoa de atitudes firmes, apesar da idade já provecta. 

Mesmo sem botar grana de seu bolso como fazia com rara generosidade no passado, conseguiu arrumar o Remo. Principalmente no futebol. E ganhou a confiança dos jogadores que estavam com salários atrasados. Correu atrás da verba acreditando na fidelidade do Fenômeno Azul a imensa e apaixonada torcida remista que encanta e surpreende a todo o país. 

Manoel Ribeiro em parte redimiu os de sua época que saíram quase escorraçados do clube. Mas deve ter a consciência que não é mais o mesmo de um pretérito já bem distante. E por isso mesmo o tempo impõe que novos dirigentes assumam a direção azulina. Não os demagogos e nem os meramente carismáticos. Esses já mostraram que não servem. Pulem essa. A sorte do presidente interino mais uma vez voltou a funcionar. Seu otimismo contagiou os jogadores além da grandiosa galera do Leão Azul. Cumpriu sua missão. 

Ao sucesso da ascensão à série “C” não podem esquecidos os nomes de Antonio Miléo(sem sua ajuda financeira o Remo teria parado em fevereiro), Milton Campos,André Cavalcante (uma promessa como um dirigente de ideias novas) Dirson Medeiros e Marco Antonio “Magnata”. Sem esquecer por dever de justiça a abnegação de Sérgio Dias agindo no futebol com carta branca que lhe deu o presidente interino."



O texto inicial desta matéria foi publicado em meu Blog Pontadegol, no ano de 2016, quando Manoel Ribeiro assumira a presidência depois de cumprir o restante do mandato de Pedro Minowa e seu vice, Henrique Custódio, ambos afastados de seus cargos por decisão do Conselho Deliberativo, do qual MR era o presidente.

Em 2017, ele vence André Cavalcante e retorna à presidência agora para cumprir o mandato até o final de 2018. O Remo ganha o campeonato estadual de 2018.

Manoel Ribeiro, que faleceu ontem aos 85 anos, tinha personalidade bastante controversa. Reunia dinamismo, arrojo, atitudes firmes, paixão exacerbada por seu clube de coração e ao mesmo tempo, era truculento, anti -ético em deploráveis comportamentos dentro de campo, quando o Remo estava em desvantagem no marcador, principalmente em RE-PAs decisivos, além de um tanto arredio às críticas a sua pessoa.

Como todo empreendedor corajoso, possuía uma grande estrela. A sorte o acompanhava em sua jornada no futebol e não o abandonou, mesmo depois de um longo ostracismo, quando dedicou-se à política, sendo deputado federal por vários mandatos ( anos 80/90). Ao retornar ao Leão Azul, ninguém acreditava que o chamado “Marechal da Vitória” ainda voltasse à presidência pela quarta vez. Já era um octagenário, embora ainda serelepe, mas com ideias antigas sobre o futebol que mudara muito em toda sua dinâmica, tanto dentro como sobretudo fora de campo.

Seja como for, é imperioso reconhecer o saldo expressivo de sua dedicação em favor do Clube do Remo. Foi, sem dúvida, o dirigente mais famoso do futebol azulino de todos os tempos.

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