sábado, 15 de dezembro de 2018

ACLEP: Meio século de existência


Neste ano que vai se iniciar no próximo mês, a nossa ACLEP – Associação dos Locutores e Cronistas Esportivos do Pará – completa meio século de existência. 

No início, poucos eram seus integrantes. As equipes de rádio eram diminutas e as editorias de jornais contavam no máximo com dois elementos. A televisão noa tinha cobertura própria. Seu noticiário em geral era reproduzido dos jornais. Com apenas um apresentador. 

Carlos Estácio e Nizomar Brito foram seus primeiros dirigentes; presidente e vice. 

Ora compor a chapa da primeira diretoria, até o secretário da extinta Federação Paraense de Desportos (FPD), Raimundo Queiroz, consta como um de seus fundadores. 

Em 1985, na gestão de Joércio Barbalho, a ACLEP adquiriu um grande terreno onde edificou sua sede campestre na BR-316. É uma das poucas entidades congêneres a possuir sede própria. 

Nestes 50 anos de proficiente existência, foram presidentes da entidade os seguintes companheiros: Carlos Estácio, Grimoaldo Soares, José Maria Simões, Osmar Simões, Carlos Castilho, Carlos Cidon, Zaire Filho, Joércio Barbalho, Sérgio Noronha, Edson Matoso, Pio Neto, Oti Santos, Álvaro Nascimento, Ubiratan Ferreira, Ferreira da Costa, Géo Araújo, Nildo Matos e Getúlio Oliva(atual). São falecidos: Grimoaldo Soares, Osmar e José Simões, Carlos Cidon, Álvaro Nascimento e Géo Araújo.

sábado, 8 de dezembro de 2018

O Esporte parou na Clube. A casa caiu!

O esporte sempre foi uma tradição na Rádio Clube. Desde meados dos anos 1940 quando Saint Clair Passarinho, que é considerado o pioneiro na transmissão do futebol resolveu parar a passar a bola para Edyr Proença. Edyr iria se revelar como um narrador de marca registrada. Seja pela voz anasalada, mas de timbre agradável, a dicção cristalina e ainda a narrativa modelar, sem as gritarias espalhafatosas na descrição dos lances e sobretudo pelos raros bordões inseridos durante seu relato do jogo, mas com frases craniadas como por exemplo: “o tempo passa e a barba cresce” e a máxima na hora do gol: “futebol é bola na rede”, dito compassadamente. O patrocinador exclusivo das jornas esportivas era simplesmente a Gillette do Brasil. 

A Rádio Clube foi vendida em 1983 para um grupo de empresários vinculados a Jarbas Passarinho e cujo capitão de indústria, era o falecido Jair Bernardino. A emissora pertencia à família de Edyr Proença e outra parte societária à Arquidiocese de Belém. 

Com a venda, Edyr deixara o esporte da emissora. Mas ficou uma equipe com nomes conhecidos como José Simões, Cláudio Guimarães, Jones Tavares, José Lessa e ainda: Beraldo Frances (informante do Plantão) o repórter Sílvio Damasceno e Moacir Tavares (escuta do Plantão). 

Com menos de um ano os novos donos da rádio resolveram extinguir o departamento de esportes. Sumariamente. Alegavam que a equipe não se sustentava financeiramente. E sem mais e nem menos, certo dia ao chegarem para apresentar o programa Cartaz Esportiva ao final da tarde, foram surpreendidos com um aviso afixado no quadro com essa finalidade, comunicando o término das atividades do setor e sugerindo que seus integrantes procurassem o Departamento de Recursos Humanos (RH) para tratar de suas situações funcionais individualmente. 

Foi um alvoroço. Como conta o saudoso José Maria Simões em seu livro “42 anos –Uma vida no Esporte” (1997). (...) “A maior decepção, talvez, de toda a minha vida no rádio esportivo quando, num determinado dia de outubro de 1984 aconteceu o que eu nunca imaginava pudesse acontecer principalmente como tudo foi feito pela direção da Rádio Clube que tinha como diretor geral o Sr. Arnaldo Passarinho. Nesse dia, ao chegar à rádio pra a apresentação do programa Cartaz Esportivo e a Turma do Bate-Papo, fomos surpreendidos com um simples “bilhete” afixado na parede da entrada do estúdio. Que dizia que não haveria o referido programa naquele dia, que estava extinto o departamento de esportes e que cada um procurasse o departamento de pessoal para a solução de suas situações financeiras. Eu e o Cláudio Guimarães fomos ao gabinete do Arnaldo Passarinho que apenas confirmou a decisão tomada pelos diretores da emissora. O que mais nos doeu não foi a extinção da equipe esportiva, um direito de quem era o proprietário da empresa, mas a maneira como eles agiram, sem qualquer consideração com os profissionais da mais alta estirpe e do mais alto respeito do rádio paraense que ali atuavam como era o caso meu, de Cláudio Guimarães, de José Lesa, com mais de vinte aos na emissora e dos demais companheiros. Minha decepção foi tão grande que, naquele momento tomei a decisão de que jamais trabalharia no rádio paraense. (...) 


A repercussão foi a pior possível nos meios de comunicação. O ex-dono da emissora e chefe da equipe, Edyr Proença que escrevia uma coluna no extinto jornal “Associado” A Província do Pará disse que mesmo que deficitário, o departamento em atividade ainda era lucro para a emissora pelo prestigio de que gozava perante o público por anos a fio. Outro ex-integrante do Plantão da emissora em tempos idos, o saudoso José Maia Nobre Gonçalves, em carta publicada em um dos jornais da cidade lamentava profundamente a infeliz decisão da emissora. Foi um clamor geral de protestos. 

Hoje, Hélio Dória que era o diretor de programação à época e Carlos Mendes, diretor de jornalismo, lembram que a desculpa mesmo por parte dos novos dirigentes da Rádio Clube é que o departamento esportivo era deficitário. Daí a extinção do setor. 

Beraldo Frances foi o único da equipe a permanecer na emissora, mas somente para informar os resultados de jogos por todo o país aos domingos à tarde. 

Pouco tempo depois, em 1986, a prestigiosa PRC-5, como por longos anos a emissora era mais conhecida, passou a integrar o grupo do jornal Diário do Pará, e logo o departamento de esportes foi reativado inclusive com a contratação de novos integrantes como Carlos Castilho, Guilherme Guerreiro, Nonato Santos, Carlos Estácio, Theodorico Rodrigues, Adonay do Socorro e Agripino Furtado.


Gilvandro: o craque galã

Boa pinta, alto e corpo atlético, ele jogava como zagueiro-central, sendo um autêntico espanador à frente da zaga, além de subir bem para as cabeçadas nas bolas aéreas. Tanto na sua grande área como nas dos adversários, quando era preciso arriscar, quem sabe, um gol. 

Quando comecei a frequentar o imponente estádio da Tuna, o conhecido “Campo do Souza”, o baiano Gilvandro já estava há uns três anos jogando pelo Papão. Corpulento e “sarrafeiro” quando fosse preciso dividir uma jogada mais ríspida, ele era um dos ícones da equipe naquele tempo remoto em que o time bicolor voltara à hegemonia do futebol paraense, depois de quase 10 anos sem ganhar um campeonato. O “Bacalhau” –apelido que eu nunca soube sua origem – tinha status de ídolo entre os torcedores do Paissandu. 

No começo dos anos 1960, Gilvandro deixara o futebol, mas continuou a residir em Belém pois casara com uma jovem da elite local. Mas continuava a ser o galã de sempre, com muito prestígio entre a mulherada. E um “senhor copo” em termos de bebida. Quando o conheci mais de perto, passei a observar que ele era um farrista mais de bebida do que de mulher. Mas se dessa “liga,” a conexão seria ideal, 

























Com estudo que lhe garantiu um bom emprego na Prefeitura de Belém, ele galgou o elevado cargo de tesoureiro da comuna metropolitana. E por lá ficou durante quase dez anos. Até que um dia, em princípios da década de 1970, estourou um escândalo envolvendo um “rombo” elevado nos cofres públicos. Quase tudo recaiu sobre ele. Justificava-se como sendo generoso em conceder “vales” aos amigos que não teriam ressarcido o erário municipal. O déficit foi se acumulando. Até chegar ao “estouro da boiada”. Enrolado em inquérito policial, ele fugiu de Belém e foi se homiziar no interior de seu estado natal. Sumiu de Belém, embora pouco tempo após, depois que a poeira se esvaíra, ele estivesse de volta. Para sentir a ingratidão dos amigos, principalmente aos que beneficiara no exercício do cargo público. Tinha acolhida de um ou outro mas apenas para nas rodadas de boemia. Ele sempre fora uma pessoa de convívio social elevado. Talvez até por influência da família da esposa. Ocioso, passava o dia todo perambulando pelos bares. Saindo de um para outro, até a madrugada. Bebia bem. O extinto Bar Fazzano, na Manoel Barata, próximo à avenida Presidente Vargas passou a ser quase que seu lar ou “escritório”. Chegava pela metade da manhã e só saia quando fechava. Em companhia assídua de um advogado, amigo seu, certo dia houve um desentendimento entre ambos, e o advogado o alvejou à queima roupa com três tiros. E fugiu, deixando Gilvandro sozinho. O ex-jogador levantou-se, mesmo baleado e cambaleante foi até à rua, entrou em um taxi que o conduziu ao Pronto Socorro da rua 14 de Março. Salvou-se após alguns meses em tratamento. Mas retornou à mesma vida boemia de outrora. Talvez até em maior intensidade. Foi envelhecendo rapidamente e perdendo aquela feição de beleza máscula. Era quase um farrapo do passado. Relacionou-se com uma magistrada bem mais velha do que ele, que lhe deu guarida até a morte, com menos de 50 anos. Morreu de cirrose hepática em fins dos anos 1980. 

Eu o conheci no Bar do Biriba que ficava na rua Carlos Gomes e onde eu costumava jantar quando trabalhei no jornal “O Estado do Pará”. Ele estava querendo vender um apartamento que pertencia à família, mas ainda não se desquitara da esposa. Mostrei-lhe o impedimento legal sem anuência da mulher. Eu entendia, por óbvio, o que desejava que eu conseguisse. Porém, nunca exerci a profissão de advogado prometendo “milagres” ou cometendo tramóias em benefício de meus clientes. Durante os 20 nos em que atuei, abstraia qualquer tipo de apelação que até pudesse parecer natural em defesa de quem contratava os meus serviços profissionais. Mera questão de natureza ética e formação familiar. Sem censurar, entretanto, os que não pensavam ou não pensam como eu. 

O saudoso China, cracaço da Tuna a quem muitos atribuem a criação da “folha seca” que consagrou Didi, quando deixou o futebol montou uma grande oficina de consertos de automóveis, localizada na avenida Alcindo Cacela. Eu levava meus carros quando precisavam de consertos mais urgentes. E costumava ficar conversando com ele. China era um altruísta que tinha como missão dominical visitar ex-colegas de seu tempo de futebol. Aos mais necessitados, levava uma cesta básica de alimentos. Aos outros, como Gilvandro, apenas pelo prazer de rever o colega. Contou-me que ainda chegou a ver o amigo em seus últimos dias. Deitado em uma rede com uma garrafa de bebida embaixo. Quase totalmente embriagado. Dizia balbuciando que sabia estar chegando ao fim. Mas que preferira morrer assim. 

Destino? Desgosto? Auto destruição inconsciente, vazio existencial pela velhice que chegara? Ou apenas “a vida como ela é”, relembrando o ácido axioma do genial Nelson Rodrigues?

Um bom cabeceador à frente e atrás de sua área.

Times inesquecíveis


Quando debutou no Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão no remoto ano de 1972, o Remo formou um timaço. Jogadores contratados basicamente no interior de São Paulo através do treinador João Avelino que pela primeira vez dirigiria um time paraense. O Leão era quase imbatível no Baenão. Que chegou a registrar a presença de mais de 30 mil torcedores no estádio azulino. Era gente por cima de gente, com o público presente em grande número desde às 12 horas em um jogo que só começaria às 17h ... Difícil explicar isso quase 50 anos depois. 

Na foto, da esquerda para a direita: Aranha, Dutra. Mendes, Dico, Tito e Lúcio Oliveira. Agachados na mesma ordem: Dionísio, Caito, Roberto, Hertez e Peri. 

O Paissandu, por sua vez, em 1994 teve para mim o melhor time de todos os tempos. O Papão ganhava no Mangueirão grandes equipes do Rio ou São Paulo. E de igual modo, quando atuava fora de Belém. Seu treinador Tata, que faria história em Belém tanto à frente do PSC como depois no Remo, trouxe quase um time inteiro, com jogadores recrutados de equipes paulistas de menor expressão, mas armou um timaço. 

Em pé: Ferreira, Edson, Rogério Lage, Cláudio, Augusto e Antonio Carlos. Embaixo: Mirandinha, Flávio Goiano, Chiquinho, Oberdan e Biro-Biro 

O Papão derrotou o São Paulo no Morumbi por 2 a 1.

Turma da Pça. Brasil

Foi a maior turma de bairros dos anos 60. Reuníamos mais de 50 integrantes que residiam nas redondezas da tradicional Praça Brasil. Em algu...