quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A molecada do Lucena




Este time da Tuna ainda disputava o campeonato paraense da Primeira Divisão. Era uma das equipes  montadas por Carlos Alberto Lucena, o treinador que só gostava de trabalhar com a garotada das divisões de base da Vila Olímpica do Souza.

O time da foto ganhou o primeiro turno do campeonato, embora não tenha sido o campeão da temporada. Jogavam nessa equipe entre outros, Marlon, Paulo de Társio, o goleiro Ignácio e o mais “velho” de todos, Márcio Belém,  que brilhou no Remo desde os times da base. Quem escalaria o restante desse elenco cruzmaltino ? Detalhe: a torcida da Lusa que não é tão pequena como se costuma zoar, conforme mostra a foto batida no Manguirão. O massagista ainda era o saudoso e folclórico  Macaco (Braulino Filizolino de Sena) que por muitos anos jogou na lateral-direita da Fogueira Branca do Souza. Seu irmão, Sarará, juntamente com Maneco, são os únicos ainda vivos dos timaços que na década de 1950 consagraram-se três vezes campões paraenses: 51/55 e 58 quando a maioria deles já estava pendurando as chuteiras.

A cara do pai ( 7 )

Trisha, quando atuava na TV Liberal


Foi na filha Trisha que o veterano narrador Cláudio Guimarães viu sua herança no rádio esportivo, que já se aproxima dos 60 anos, provavelmente se prolongar ainda mais. Embora a simpática morena tenha preferido a televisão para demonstrar a influência do DNA de seu genitor no exercício profissional.

Com atuação no microfone esportivo paraense desde que a Rádio Educadora de Bragança (sua terra natal) foi inaugurada em 1962, Cláudio, que começou antes dos 15 anos, sem tanta demora viria estudar em Belém e aproveitou para ingressar na equipe da extinta Guajará recém montada sob o comando do saudoso Jayme Bastos.

Mostrou competência e logo  transferiu-se para a equipe da Rádio Clube emissora por onde tem atuado na maior parte de sua longeva carreira. Já esteve na Liberal por duas vezes a na Rauland-FM quando a emissora estreou no futebol em 1991.

Trisha iniciou a carreira  em fins dos anos 1990 como repórter e depois apresentadora na TV Liberal com presença no Globo Esporte local na hora do almoço;  passou pela RBA(canal 13) , teve ligeira militância na TV pernambucana e depois do retorno à Belém, foi para a Cultura (canal 2) apresentar um programa (Meio Campo) em companhia de um colega, antes das transmissões dos jogos do campeonato paraense no ano passado. Tanto como repórter  quanto como apresentadora, Trisha tem boa presença de vídeo e desembaraço verbal , o que lhe dá condições para ser considerada uma das melhores entre tantas que atuam ou já aturam no esporte televisivo de Belém.


Cláudio tem uma longa carreira no rádio

O lendário Antonio “Baena” Santos

O árbitro Antonio Santos  que teve longa  atuação  durante toda  a década de 1960, era um remista tão  indisfarçável,   que a irreverencia do saudoso Mestre Calá o apelidou de Antonio “Baena” Santos em sua coluna “Mestre Calá Manda Brasa”, publicada em O Liberal pré Romulo Maiorana.

Moreno, atarracado, de estatura mediana, Antonio Santos criou em torno de seu nome extenso rol de anedotas, todas mostrando a “facciosidade”  do folclórico árbitro. Nos anos 1960, o Remo só conseguiu ganhar três títulos paraenses:  o do começo da década (1960), 64 e 68. O restante foi tudo abocanhado pelo maior adversário, o Paissandu. Foram sete campeonatos em uma década, feito que o Remo só viria a superar nos anos 1990,  com oito títulos, sendo inclusive Penta (1993 a 97) e ainda em 90/91/99.

Em algumas partidas contra os considerados times pequenos (Júlio César, Combatentes, Liberato de Castro e Avante , entre outros) o time azulino dava constantes vexames, se não perdendo, mas amargando em campo para conseguir pelo menos empatar o jogo. A época era tão adversa para o Leão que o mesmo Mestre Calá, longevo cronista de perceptível simpatia bicolor, passou a chamar o Baenão de “Estádio dos Aflitos” pelo constante sofrimento da galera azulina em seu próprio estádio.





Em um desses jogos em que o time azulino perdia para um do chamado  “pelotão  dos menores”, o árbitro era Antonio Santos. Com o placar desfavorável em 1 a 0, e o jogo já se exaurindo tanto no tempo normal quanto nos descontos, um jogador da equipe vencedora passa perto do árbitro e reclama: "Seu juiz, esse jogo não acaba nunca?”. E o árbitro teria sido taxativo em sua resposta: "Vocês não deixam o Remo empatar...”.  Dito e feito: quando o Leão conseguiu o gol do empate, Antonio Santos encerrou o jogo.

Em outra ocasião, ele estava atuando como bandeirinha (hoje auxiliar técnico) e num lance confuso com a bola saindo pela linha lateral, Rubilota, pelo Remo, e outro jogador adversário disputam para ver a quem pertencia a cobrança do arremesso manual. E dirigem-se ao auxiliar do árbitro: “De quem é a bola, seu bandeira?”. Ele retruca de imediato: ”É nossa Rubilota”. E o atleta remista, meio atônito pela inesperada resposta do bandeira, indaga:” Nossa, de quem?”. “Tu sabes que é do Remo”, dissipa a dúvida sem cerimônia, o “imparcial”  Antonio Santos. Para espanto do outro jogador, mais do que evidente.

O lendário árbitro sabia, entretanto,  levar as críticas e gozações  numa boa e,  por longo tempo, sendo ou não de fato simpatizante azulino, como tudo  fazia crer, não teve seu nome vetado para continuar apitando. Pelo menos os jogos do Remo... 

Livro do Quarenta

A longa e gloriosa  trajetória não só no futebol, mas em sua existência longeva de 90 anos benfazejos, estão compilados no livro que o conhe...