sábado, 16 de novembro de 2019

A cara do pai (4)

Saulo com Guilherme Guerreiro (esquerda)
O jovem Saulo Zaire é a grata revelação como repórter de campo no rádio esportivo nos últimos tempos. Que tem sido escasso em mostrar novos talentos depois de Valdo Souza, que surgiu na década de 1980 e foi depurando seu estilo com o passar do tempo, tornando-se seguro como mestre- de- cerimonia nas jornadas do futebol. Além dos bate-papos no intervalo e no pós jogo. Afora o improviso criterioso, ele ainda tem a vantagem da boa voz de timbre agradável e a dicção clara.

Nos anos 90, Paulo Caxiado e Paulo Fernando, o Bad Boy, sobressaíram pela maneira peculiar como setoristas de Remo e Paissandu. Cada qual procurando elevar o time que cobria e zoar o maior adversário. Caxiado continua na cobertura do Baenão e “Bad” deixou a Curuzu embora permanecendo em atividade na Rádio Clube e também na televisão.

Saulo que iniciou na Cultura-FM em 2014, quando passou para a Clube foi na quase imperceptível função de produtor de programas. Mas ao passar à reportagem, evoluiu rapidamente. E ganhou confiança em si, tanto no campo quanto atuando como ponta –de- gol. principalmente ao substituir Caxiado nos jogos do Remo e Dinho Menezes (atual setorista da Curuzu)) nos do Paissandu, em partidas fora do estado. Talvez por economia de gastos, ele tornou-se o repórter itinerante da emissora. E sempre deu conta do recado. Nas entrevistas, sabe formular perguntas objetivas e corajosas, especialmente quando fala com os treinadores, sem precisar, no entanto, ser agressivo.

Filho do tarimbado narrador e apresentador Zaire Filho que transmite o futebol para o rádio desde 1970 e já passou pela televisão no extinto canal 2, a TV Marajoara dos “associados”, militou por longo tempo na Liberal e por quase 20 anos apresenta o consagrado Camisa 13 no canal 13 da RBA no início da manhã, Saulo tem tudo pra ganhar mais destaque como repórter. Com voz agradável, bem articulado e sabendo fazer uso da blague nos momentos certos, sem abusar, no entanto, das piadas insossas nas reportagens e entrevistas, o garotão da Clube tem potencial para concretizar uma carreira bem-sucedida como a do pai.

Zaire Filho tem longa carreira no rádio e na TV

Galhardo é o nome do homem!


Nem Pikachu e nem Rony. A grande surpresa do futebol é a inesperada ascensão de Thiago Galhardo que passou pelo Remo em 2014. Sem deixar saudades pelo futebol que mostrou. Ainda que se reconheça que é um jogador que sabe trabalhar com a bola nos pés, mas deixando-se dominar pelo excessivo individualismo em detrimento do jogo coletivo que é a tática básica no futebol.

Depois que saiu do Remo Galhardo foi para  Cametá. Para muitos, quase o fim de linha na carreira. Mas o futebol é esquisito tanto dentro quanto fora do gramado, Galhardo reapareceu jogando pelo Coritiba e de lá foi pra o Vasco. No ano passado teve destaque pela equipe cruzmaltina, embora o realce não tivesse tanta relevância pela pífia campanha do time da Colina, lutando para não ser rebaixado à Segunda Divisão.

Nesta temporada, ele foi contratado pelo Ceará onde é um dos artilheiros da competição, com 12 gols marcados. E tendo excelente atuação no conjunto do time. Continua, porém, com aquela pretensão de se considerar mais importante do que realmente sabe jogar.

Nesta semana leio em um jornal online de Fortaleza que ele está sendo pretendido por outras equipes maiores do país,  além de times do exterior. E o Ceará pretende concretizar a venda de seu passe, que seria o maior valor até agora de quantos craques já vendeu de todos os tempos.
O futebol tem dessas coisas.  


Galhardo teve surpreendente valorização no fim da carreira

sábado, 2 de novembro de 2019

O sucatão do Sport Clube Belém


O Sport Clube ´Belém, já foi considerado o  4º grande time da capital . E desde 1970, quando foi fundado pelo coronel Rodopiano Barbalho, então comandante da Base área de Belém, o Brasinha, como era chamado, já  teve excelentes equipes.

Este da foto era um autentico “sucatão” formado entre outros por ex-craques da Tuna como Leônidas( terceiro da esquerda para a direita), Ribamar(goleiro), Olaci (lateral direito), Bosco (meia-armador) e Gonzaga (ponta esquerda).O restante do time quem se arriscaria em escalar? Detalhe: na foto só aparecem 10 jogadores.


O timaço do Sport em 1979, formado por muitos veteranos. A foto registra só dez jogadores.

O dilema da Tuna


A Tuna parece ter esgotado as próprias forças para poder retornar à Primeira Divisão do futebol paraense.

Há seis anos a Lusa do Souza luta com todas as forças que lhe são permitidas – e elas  são bem limitadas – para formar um time capaz de ganhar  uma das duas vagas através da Segundinha. Mas não consegue nada. Este ano a “campanha” foi mais do que pífia. Só conquistou quatro pontos em quatro empates ainda que jogando em estádios diferentes, incluso até o Baenão.

O ciclo cruzmaltino no futebol amparado pela grana farta da colônia portuguesa endinheirada já vai longe. Na década de 1950, conseguiu ganhar três títulos estaduais (51/55/58) Foi sua maior façanha em termos locais. É verdade que possui também dois campeonatos nacionais. Um na Segunda Divisão  e dois na Terceira.

Um dos presidentes mais recentes da Lusa revelou-me que para manter um time de nível técnico razoável, a folha de pagamento não pode exceder aos 100 mil reais. E pra minha maior surpresa ainda, acentuou que um salário  em torno de cinco mil reais que algum jogador de maior expressão possa ganhar, a diferença da base referencial ( R$ 2 mil) teria que ser  completado por algum abnegado. Convenhamos, quase impossível querer montar uma equipe razoável tecnicamente, com “toda” essa grana...

Considerado com inteira justiça por seu patrimônio material e esportivo, principalmente no futebol paraense onde possui 10 títulos, a Tuna sempre foi a terceira força da capital. Um clube tradicional e elitizado. Respeitado por sua rica história na terra e no mar. Onde já conquistou inúmeros campeonatos de remo.

Para sua reduzida (em comparação com Remo e Paissandu) porém, ardorosa torcida, o futebol tunante parece estar em falência concreta. Que espera-se não seja uma profecia  a se concretizar.

Por que não procurar uma solução fora de Belém? O Red Bull não está investindo em vários clubes do pais, sem a expressão que a Águia do Souza possui? Um contrato no formato do que foi firmado com o Bragantino paulista, que está quase certo de retornar à Primeira Divisão nacional, poderia impulsionar novamente o futebol tunante. Sem pruridos de vaidade por ser considerado uma  “terceirização” do clube.

O mundo mudou. E quem parou no tempo, perdeu seu lugar na história.



O timaço que ganhou três títulos paraenses na década 1950
A suntuosa sede da Praça da República






A cara do Pai (3)

Hailton Silva

Rigorosamente não se poderia dizer que  o refrão “filho de peixe, peixinho é" se aplicaria ao caso de Hailton Silva e o filho, o árbitro Andrey da Silva e Silva.

Ainda que quando pré-adolescente Andrey tenha ajudado o pai em serviços de alto-falantes, mas só na corretagem de anúncios , em Icoaraci. E, na extinta Rádio Maguary onde o pai também atuou,  apenas auxiliar no setor técnico.

Conhecido como “Sentinela” pois quando começou na Rádio Clube, já era funcionário civil da Auditoria Militar, Hailton surgiu na década de 1970 quando a Clube ainda era comandada pela família Proença e o departamento esportivo chefiado  por Edyr Proença. Depois que a emissora foi vendida (1983) ele se transfere para a Marajoara e algum tempo depois (1988), passa a atuar na Liberal onde inclusive chegou a comentar jogos de menor importância. Quando a Liberal reformulou  sua equipe em 1988 e  com a inauguração da Maguary-AM de Jayme Bastos em 1990, ele integra algum tempo depois uma boa equipe formada além de Jayme,  por Edyr Proença, Ronaldo Porto, Chico Chagas, Paulo Bahia, Giuseppe Thomazo e ele. Mas esse time de nomeada não duraria tanto tempo e aos poucos seus integrantes vão deixando a emissora de Ananindeua.

Na primeira experiência da Rauland-FM no esporte em 1992, uma reduzida, porém, eficiente equipe foi montada com Cláudio Guimarães, Edson Matoso, Nildo Lima, Hailton e o irmão Reginaldo Barros, além do plantonista Reinaldo Vieira.

Em 1986, quando a Clube reativou sua equipe, depois de um ano e meio inativa,  Hailton estava de volta entre os integrantes da nova turma. Depois de idas e vindas por outras estações, retornou  ao prefixo originário em 1996 onde  permanece até hoje. É o apresentador do programa As Primeiras do Esporte, de manhã cedinho.

O filho Andrey, por influência do pai, deixou-se contagiar pela arbitragem do futebol e em 1999 inscreveu-se e foi aprovado em um concurso promovido pelo Departamento de Árbitros e passou a integrar o quadro titular  da Federação Paraense de Futebol  e,  por tabela e  competência,   sendo também árbitro da CBF. Ele aspira chegar à FIFFA, tal como outro paraense, o Dewson Freitas. Na família de Hailton, além do irmão Reginaldo, a sobrinha Hélida Farias também   atua no rádio esportivo sendo até pouco tempo, repórter da Liberal-AM que todavia  extinguiu seu setor especializado faz poucos meses.


Andrey Silva

Livro do Quarenta

A longa e gloriosa  trajetória não só no futebol, mas em sua existência longeva de 90 anos benfazejos, estão compilados no livro que o conhe...