Prata (em cima, é o último da esquerda para a direita) no time da Tuna de 1966. |
Futebol de qualidade e bebida eram com aqueles times da Tuna de quase toda a década de 1960. Um elenco de poucas trocas de jogadores. Mas quem entrava era sempre à altura do substituído. Isso durante 10 anos consecutivos. E só os caprichos do futebol explicam o longo jejum de títulos durante esse decênio. Só voltou a ser campeã paraense em 1970. Com um time todo renovado com quase só a prata da casa, formada na base, naquele tempo, a equipe de juvenis.
Daquele time boêmio, o goleiro Délcio, o zagueiro Prata, o excelente meia- armador Da Silva e os atacantes Mário, Nascimento e Santiago eram titulares absolutos. Sem procurar esconder a vida aberta que levavam como autênticos ‘barqueiros da madrugada”. Na Condor, o então considerado refúgio maior da boemia belenense, eles eram vistos flanando juntos com os notívagos da antiga Praça Princesa Isabel. Onde ficava a famosa boate, bar e restaurante o Palácio dos Bares, a casa do saudoso João de Barros. Que concentrava o grosso dos boêmios ávidos por bebida e pela luxúria.
Em 1967 Prata e Délcio foram emprestados ao Sport em troca do goleiro Dudinha, do lateral esquerdo -Romildo e do atacante Milton. Com poucos meses no Leão da Ilha, a dupla se envolveu em uma briga em uma boate na qual o Delcio saiu esfaqueado. Depois de recuperado, ambos voltaram a Belém e foram reintegrados ao time.
Só para ilustrar o extenso repertório sobre aquele elenco de farristas contava-se lá pelo Souza que às vésperas de um clássico (contra Remo ou Paissandu) o time ficou concentrado nas dependências do próprio estádio tunante. O treinador carioca Sávio Ferreira avisa que vai ao hotel mudar a roupa e não se demoraria. O treino encerrara no finalzinho da tarde. Quando retorna, já depois das 8h da noite, estranha os refletores do estádio acesos. E mais ainda ao se aproximar do campo, uma algazarra dominava o ambiente. No meio do gramado em forma de círculo, os “craques da bola ao copo” estavam devorando uma garrafa de rum. Ao verem o técnico que já partira para “ensaboa-los” com uma baita esculhambação, teve o revide inesperado. Com uma faca na mão, partiram pra cima dele aos gritos de “pega, pega”, O técnico saiu em carreira desenfreada, escapulindo pelo portão de entrada.
Prata que era boa pinta, alto, louro e estudara no tradicional colégio marista Nazaré, só jogou cerca de uma década. Subira do juvenil ao profissional em 1959 Ao pendurar as chuteiras (1969) dirigia um taxi que fazia ponto na porta da Beneficente Portuguesa. Depois passou a residir em Macapá e faleceu já neste do novo século.
Muito boa a matéria, as lembranças. parabéns pela pesquisa, pela memória, Leal.
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