sábado, 30 de março de 2019

A GOL e outras revistas

A revista GOL deixou sua marca perene na crônica esportiva paraense. Em duas fases distintas (1975 e 1978), a publicação fundada em 1975 por Euclides “Chembra” Bandeira, Emanoel Ó de Almeida e Guilherme Barra, que trabalhavam no extinto jornal “associado” A Província do Pará, surpreendeu por sua qualidade redacional e gráfica, além de sua regular  periodicidade semanal . Todas as quartas-feiras a revista estava nas bancas. No início de 1976 a GOL saiu de circulação.

Retornaria em princípio de 1978 agora sob nova direção. Os empresários  Carlos Rocque,  que também era jornalista, e Franklim Aguiar eram proprietários de uma moderníssima gráfica, a recém inaugurada Mitograph. Uniram-se a mim e ao saudoso companheiro Ronaldo Bandeira para reativar a revista. A sociedade de capital e trabalho, porém,  só duraria, seis meses.Com um déficit ascendente e mantendo a publicação semanal, a correspondência dos leitores, entretanto, só foi linear enquanto o Remo se manteve em boa campanha na Primeira Divisão Nacional. Dai em diante a revista, tal como acontecera na primeira fase, caiu de modo vertiginoso em sua circulação, agravada pela Copa do Mundo daquele ano realizada na Argentina. 

Houve então uma prolongada lacuna de mais de um mês em sua circulação semanal, Quando voltou,  contava  com a participação do popular e já falecido jornalista Paulo Ronaldo, em sua direção comercial. Não conseguiu, todavia, sucesso em reabilitar as finanças da publicação que encerraria suas atividades no final do ano.

Em 2004, promovi com a ajuda do sempre  lembrado Ronaldo Bandeira a reativação da revista impressa inclusive em papel couchê e quase toda em policromia. Não deu certo. Desisti e fiquei apenas com o título como recordação do que considero meu melhor projeto participativo em minha longa carreira na mídia impressa.

Reproduzo a entrevista que dei ao programa Cadeira Cativa da extinta Mais TV em 2004 e que serve também para recordar do saudoso apresentador Paulo Cecim, que teve ainda como entrevistadores Walmir Rodrigues e Fernando Sodré de  Castro. 


sábado, 16 de março de 2019

Os rebarbados (2)


Prata (em cima, é o último da esquerda para a direita) no time da Tuna de 1966. 
Futebol de qualidade e bebida eram com aqueles times da Tuna de quase toda a década de 1960. Um elenco de poucas trocas de jogadores. Mas quem entrava era sempre à altura do substituído. Isso durante 10 anos consecutivos. E só os caprichos do futebol explicam o longo jejum de títulos durante esse decênio. Só voltou a ser campeã paraense em 1970. Com um time todo renovado com quase só a prata da casa, formada na base, naquele tempo, a equipe de juvenis. 
Daquele time boêmio, o goleiro Délcio, o zagueiro Prata, o excelente meia- armador Da Silva e os atacantes Mário, Nascimento e Santiago eram titulares absolutos. Sem procurar esconder a vida aberta que levavam como autênticos ‘barqueiros da madrugada”. Na Condor, o então considerado refúgio maior da boemia belenense, eles eram vistos flanando juntos com os notívagos da antiga Praça Princesa Isabel. Onde ficava a famosa boate, bar e restaurante o Palácio dos Bares, a casa do saudoso João de Barros. Que concentrava o grosso dos boêmios ávidos por bebida e pela luxúria. 

Em 1967 Prata e Délcio foram emprestados ao Sport em troca do goleiro Dudinha, do lateral esquerdo -Romildo e do atacante Milton. Com poucos meses no Leão da Ilha, a dupla se envolveu em uma briga em uma boate na qual o Delcio saiu esfaqueado. Depois de recuperado, ambos voltaram a Belém e foram reintegrados ao time. 

Só para ilustrar o extenso repertório sobre aquele elenco de farristas contava-se lá pelo Souza que às vésperas de um clássico (contra Remo ou Paissandu) o time ficou concentrado nas dependências do próprio estádio tunante. O treinador carioca Sávio Ferreira avisa que vai ao hotel mudar a roupa e não se demoraria. O treino encerrara no finalzinho da tarde. Quando retorna, já depois das 8h da noite, estranha os refletores do estádio acesos. E mais ainda ao se aproximar do campo, uma algazarra dominava o ambiente. No meio do gramado em forma de círculo, os “craques da bola ao copo” estavam devorando uma garrafa de rum. Ao verem o técnico que já partira para “ensaboa-los” com uma baita esculhambação, teve o revide inesperado. Com uma faca na mão, partiram pra cima dele aos gritos de “pega, pega”, O técnico saiu em carreira desenfreada, escapulindo pelo portão de entrada. 

Prata que era boa pinta, alto, louro e estudara no tradicional colégio marista Nazaré, só jogou cerca de uma década. Subira do juvenil ao profissional em 1959 Ao pendurar as chuteiras (1969) dirigia um taxi que fazia ponto na porta da Beneficente Portuguesa. Depois passou a residir em Macapá e faleceu já neste do novo século.

Um anúncio enigmático


Pelas presenças de Jair Gouveia e Cláudio Guimarães na equipe, o anúncio deve ser presumível à década de 1960. Dois jogos seriam realizados, um deles –o mais importante – envolvendo um clube carioca, no caso o Olaria, que enfrentaria o Remo. O local das partidas deve ter sido o Baenão, naquela época remota, recém inaugurado depois de uma longa (mais de cinco anos) temporada desativado para a construção de grandes obras que incluiriam pela primeira vez em Belém dois túneis embaixo dos quais ficariam os vestiários e por onde os times, o árbitro e seus auxiliares ingressariam no gramado. 

Além dos dois narradores já citado, a presença de Grimoaldo Soares no comentários e dos repórteres, Carlos Estácio, João Álvaro e dois nomes estranhos à equipe da tradicional PRC-5 : Denis Pinheiro (ou seria Menezes?) e Fernando Fonseca. E o famoso Plantão com seu time afinado: Carlos Vieira, Carlos Duílio, Paulo Pantoja e Virgílio Câmara. Detalhe: o nome do informante José Maria Nobre Gonçalves não se faz presente. Já teria deixado a emissora ou foi mero esquecimento? E se confirmada a dúvida, quem era o seu substituto entre os quatro efetivos da “escuta”? 

Com a palavra os “sobreviventes” daquela turma: Estácio, Vieira e Cláudio.


Times Inesquecíveis (2)

Dois times do Remo e Paissandu contemporâneos da década 1960. O do Remo é do ano de 1967 que teve a presença marcante do goleiro Florisvaldo que veio do Botafogo. Além do quarto-zagueiro Nagel, também vindo do Glorioso carioca, Luiz Carlos, atacante que acompanhou seus dois companheiros de General Severiano; o excelente volante que atravessara a avenida, saindo do Paissandu onde revelou-se um cracaço, embora não tendo repetido a mesma atuação no Remo: Oberdan era bom de bola e mais ainda de copo. O ponta esquerda Américo, fora contratado ao Vasco. O time inteiro da foto: da esquerda para a direita (em pé): Ribeiro, Assis, Florisvaldo, Nagel, Cláudio e Edilson. Agachados, na mesma ordem: Zezé, Luiz Carlos, Oberdan, Zequinha e Américo. 

Na equipe do Papão de 1966 que era comandada pelo uruguaio Juan Alvarez, o goleiro Edmar que veio do Campo Grande além de eficiente era de uma tranquilidade irritante embaixo da trave. Seguríssimo. O lateral-direito, o carioca Waltinho, esbanjava categoria, Oberdan surgia no futebol paraense vindo do time aspirante do Fluminense, assim como o eficiente meia-armador Tito, também iniciado nas Laranjeiras. E a dupla de atacantes (uma das melhores de todos os tempos no PSC), Bené e Rubilota. O ex-centro avante Garcia que veio para o Remo contratado como atacante (ele era do São Cristóvão) passou a jogar também como lateral- direito. E mostrando um futebol surpreendente. O time da foto, em pé, da esquerda para a direita: Juan Alvarez, Waltinho, Edmar, Abel, Oberdan, João Tavares, Paulinho e o médico Rodolfo Tourinho. Embaixo, na mesma disposição: Quarenta, Bené, Rubilota, Tito e Garcia, além do festejado massagista Carnaval. 

São falecidos: Ribeiro, Cláudio, Zezé, Oberdan, Zequinha, Abel, Rubilota, Tito, Juan, Tourinho e Carnaval.


Livro do Quarenta

A longa e gloriosa  trajetória não só no futebol, mas em sua existência longeva de 90 anos benfazejos, estão compilados no livro que o conhe...