O futebol é tão enigmático quanto a própria vida. Quando tinha a pedra nas mãos para “bater o jogo”, Tonhão frustrava os que queriam vê-lo como presidente do Remo. Além da linhagem azulina herdada do pai, ele tinha um currículo precioso de cooperação ao clube remista, sobretudo no futebol profissional, que começou muito cedo. E, talvez por isso memo, sentia-se bloqueado quando era cogitado para comandar o clube do seu coração. Não queria, talvez, dar ordens à pessoas mais experientes na vida,e que viram-lhe ainda de calças curtas. Mas a fila anda.
Ele foi presidente da Junta Governativa que juntamente com Sérgio Cabeça (outro nome destacado no futebol do Leão Azul ) e João Santos, deram novo rumos ao combalido clube de Periçá. E prosseguiram na conquista de campeonatos estaduais, chegando ao Tetra em 1996.
Em 1999 estava de volta comandando um novo grupo que iria substituir Roberto Porto em fim de mandato. Com Ubirajara Salgado, João Santos, Clóvis Malcher e Paulo Mota, consegue recuperar o título estadual e permanecer na serie “B” nacional em uma campanha acirrada em sua fase derradeira.
Mesmo presente em vários anos no departamento de futebol, a presidência, porém, amedrontava-o e ele se esquivava quando seu nome era lembrado como esperança de um remista-raiz assumir o clube. Talvez, quem sabe, até mesmo por questões profissionais.
Mas nas voltas que a vida dá, inesperadamente ele aceitou em 2023 substituir Fábio Bentes que por cinco anos presidiu o Mais Querido. Realizou uma administração elogiável, modernizou o clube, mas foi quase um fiasco no futebol, considerado o carro-chefe em times de massa como é o Remo.
Tonhão encontrou o Remo parcialmente saneado financeiramente e com ajuda externa de um grupo endinheirado, resolveu investir no futebol. Equivocou-se em vários nomes de saída. Trouxe Catalá de volta que salvara o Remo de ser rebaixado de divisão no ano passado, mas neste ano decepcionara totalmente, a começar pela eliminação precoce da Copa do Brasil, por um time anônimo de Porto Velho. Substituído pelo apagado paraguaio Morínigo, o campeonato paraense e a Copa Verde também se inseriram no rol dos fracassos de 2024. Restava só a esperança na famigerada série “C”.
No início da competição, três derrotas seguidas. Normal começar o torneio com 9 pontos negativos? Sob nenhuma justificativa. A não ser que o time compense com três vitórias sequenciais. Difícil de acontecer em um campeonato da envergadura da Terceira Divisão. Com a quase milagrosa contratação do treinador Rodrigo Santana, para nossas bandas daqui, um quase desconhecido, as coisas melhoraram lá pelo Baenão.
É verdade que o Remo oscilou muito na competição. Sua gigantesca torcida, porém, seguiu por acreditar no time, ao lotar os estádios. Motivando sua equipe, sem esmorecer no sonho de voltar à série “B”. Foi do Fenômeno Azul a grande festa de domingo no Mangueirão lotado” até à boca”. O time superou-se em campo, foi bem escalado por Rodrigo Santana e a estrela do Tonhão ofuscou totalmente as perdas deste ano. O Remo agora precisa rever atitudes açodadas em termos de contratações de jogadores. Há atletas aproveitáveis no time? Pouquíssimos se o Leão Azul pretende de fato evoluir e não quiser passar somente seis meses para onde retornou agora, como aconteceu em 2021.
Tonhão veio para ficar? Tudo indica. E fez por merecer.
Tonhão, com Sérgio Cabeça e João Santos - junta governativa de 1996 |
Tonhão cumpriu o que prometeu. |