quinta-feira, 4 de abril de 2019

Os rebarbados (3)



Eu morava na avenida Primeiro de Dezembro do final dos anos 1980 até princípios da década de 90. E costumava aos finais de semana frequentar um barzinho que ficava perto de minha casa. Certa madrugada chega o Leônidas e eu o convido a sentar comigo e,  lógico, beber também. Ficamos a conversar sobre o que gostávamos: o futebol. Ele já tinha parado de jogar, fazia muito tempo.

Minha primeira pergunta foi sobre o seu clube do coração, já que ele jogou na Tuna, onde surgiu na equipe juvenil que em 1970 foi a base do time campeão paraense daquele ano. Passou rapidamente pelo Paissandu emprestado para jogar a Primeira Divisão Nacional em 1973 quando o Papão estreou na competição fazendo uma das suas piores campanhas. E finalmente em 1976 quase no ostracismo, reapareceu pelo Remo jogando durante três anos (76/77 e 78) e mostrando um esplêndido futebol. Fora recuperado para a vida por inteiro, após ter sido esfaqueado por um vizinho que era torcedor do Remo em 1973 e depois de recuperado, perambular por alguns times do Nordeste –Maranhão, Piauí e Ceará.

Leônidas foi categórico em sua resposta:” Sou torcedor do   Paissandu desde criança. Mas os três anos que passei no Remo me marcaram  muito. Foi a minha redenção e por isso não esqueço o clube através do qual arranjei até emprego no IBGE”. E completou com ironia seu raciocínio:” Hoje sou metá (metade),  metá”.

A fama de bad boy era em razão das constantes polemicas que se envolvia por atraso de pagamentos salariais. Isso aconteceu não só em Belém como também no Sampaio Correa, no River de Teresina e mais grave,  no Fortaleza,  quando tentou  agredir  um dirigente do clube cearense. Justificou-se: “O cara ficava enrolando, é hoje, passa amanhã, até  o dia em que perdi a cabeça e dei um murro na mesa  onde o cartola estava sentado. Mas distorceram  o fato que se resumiu a isso”. Foi quando retornou a Belém e depois de passar por Castanhal e Liberato de Castro encontrou seu resgate no Baenão.

O ex- jogador morreu de infarto  aos 60 anos em 2011.

Leônidas, na foto com Mesquita, teve sua redenção no Remo

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