Controvérsias sobre a primeira equipe da Liberal
1- A rádio já não era mais Difusora desde 1966., Foi inaugurada em fins de 1960.
2- No tempo da Difusora ( primórdios) teve uma pequena equipe onde só dois nomes tinham expressão por já terem passado como narradores pela Clube: Edgar Delgado (primo de Edy Proença) e José Maria Simões, em que pese não demorar pelos vários prefixos por onde passou (incluindo Recife e Rio de Janeiro). O restante era quase todo anônimo, com exceção do rádio-escuta Carlos Duílio, nome de peso do Plantão da Clube. Se tanto, a equipe durou seis meses. Seu equipamento de campo era de péssima qualidade. O que também concorria para a equipe não ter obtido sucesso. Simões que já é falecido, alega no livro que escreveu –“42anos- Uma vida no Esporte” a existência do “fogo amigo” dentro da própria emissora para inviabilizar a equipe. Talvez sim e não. O saudoso Joaquim Antunes era o diretor da Divisão de Esportes e Notícias da rádio. Negou pra mim, com veemência, a insinuação. Embora fizesse restrição à equipe, por não ter gente de peso. A montagem da grande equipe em 1970, também suscita alguma divergência. José Carlos Raimundo, já perecido, em entrevista para o meu livro “Rádio Repórter” ( 2010) disse que os mais famosos contratados, foram ainda do tempo em que a emissora pertencia ao seu sogro, o ex=governador e prefeito de Belém, o lembrado general Moura Carvalho. Até antes de ser vendida para o saudoso Rômulo Maiorana (1970 ou 71) JCR dirigiu a antiga ZYE-25 como seu diretor-geral desde a sua fundação.
3- Pediu-me, contudo, que tirasse a dúvida com uma pessoa, que eu prefiro manter o anonimato, como respeito póstumo e hoje eu posso até exagerar em dizer que eu preferisse
4- “uma boa morte” - quando fui procura-lo. Um bipolar agudo no temperamento, ressentido com sua dispensa da emissora, inclinou as pretendidas informações, mesmo já me conhecendo de outros tempos, a uma recompensa financeira. Parei por ai. Mas resolvi também ignora-lo no conteúdo do meu livro. Nenhuma foto dele e seu nome, se muito, sendo citado só uma vez no texto, ainda que abreviado por suas iniciais de três letras. E, já foi de bom tamanho... Trabalhou na rádio desde o início da Difusora. E ainda permaneceu por muito tempo quando foi comprada (já sendo Liberal) pelo Maiorana.
5- O filho do lembrado Grimoaldo Soares, o Paulo, mesmo sendo bem mais novo do que eu, sempre foi meu amigo, já que o Grimoaldo por muitos anos morou na mesma rua da minha família, a Soares Carneiro, próximo à Praça Brasil. Paulo Soares garantiu que foi Romulo Maiorana quem convidou seu pai para integrar a novel equipe, como comentarista. Foi um dos três nomes de peso –Cláudio Guimarães e Jayme Bastos, os outros dois- nos quais se alicerçou a promissora Equipe Legal, o slogan do novo time do rádio esportivo paraense. Além dele, um dos netos de Moura Carvalho, Pedro Valinoto, também afirma que a antiga Difusora foi de fato vendida para o RM no ano de 1970.
6- É inegável reconhecer em Cláudio Guimarães, naquela época remota, como a contratação mais impactante da nova equipe. Mesmo não sendo o titular exclusivo da narração na Clube, dividia com Jair Gouveia, o sucesso do relato dos jogos pela tradicional PRC-5. Claro que havia ainda a presença de Edgar Augusto (filho de Edyr), Tavernard Neves, Guilherme Jarbas e depois da grande revelação vindo inicialmente para a Marajoara, o macapaense Guilherme Pinho. Mocinho ainda, mas já seguro na narração com boa voz e pronúncia límpida. Ingressou também na Liberal, quando já estava em vertiginosa ascensão na Clube. A transferência de CG para a Liberal, segundo revela o próprio Cláudio, teve a recompensa de um carro novo, que RM ofertou-lhe como luvas pela contratação.
7- Jayme Bastos estava há quase cinco anos afastado do microfone, desde que deixou a extinta Guajará no final de 1965. Mas ainda era um nome muito lembrado dos ouvintes do futebol pelo estilo irreverente de narrar, arrimado na bela voz gutural e dicção cristalina, além dos bordões criativos e sobretudo populares ecoados pelo povão. Ele era também um cara preparado no improviso quando se fazia necessário comentar sobre um fato inesperado ocorrido no decorrer do jogo. Sem tanta demora e lançando o craniado jargão “neca, neca” pra traduzir o placar em branco para um dos times ou empate em zero a zero, voltaria logo a sua melhor forma no relato do futebol. Explodia a galera ao dizer no ar, o bordão que o consagraria na carreira nem tão linear no tempo que passou pelas quatro antigas AMs de Belém: Marajoara, Guajará, Liberal (sua fase áurea por cerca de 10 anos) e Clube ( em rápida passagem)
8. Além da sua extinta Maguary, de tão breve existência sob sua direção. Quem sabe, a grande frustração em sua marcante trajetória no rádio. Não conseguiu superar os entraves quase que previstos para ter uma emissora AM por mais de cinco anos (1990/95) e sem grana suficiente para investir, além das divergências com os dois outros irmãos que eram seus sócios, vendeu a rádio para uma igreja evangélica ( hoje é a Novo Tempo).
9- A equipe da Liberal quando iniciou em 1970, além de Jayme, Cláudio e Grimoaldo, contava com Guilherme Pinho, Luiz Solheiro (em disposição no mercado, depois de trabalhar algum tempo em Macapá, mas fora do rádio, embora já tendo passagens como comentarista pela Marajoara, Clube e Guajará); Carlos Cidon (ex- narrador na Guajará)e os plantonistas: os irmãos Antonio e Sergio Bellar, além de Joércio Barbalho e Hamilton Pinheiro (informante).
10- Pouco tempo depois, entraram: Guarany Jr. vindo do rádio santareno para a Marajoara, o desconhecido goiano Paulo Ferrer, além de Flávio Moreira, ex-plantonista da Clube e Aldo César que substituiu Hamilton Pinheiro. Causou espécie a contratação mais badalada da nova equipe, Cláudio Guimarães, sem tanta demora deixar a emissora. Na versão contada por ele, recentemente, sua saída foi espontânea. A saudade da Rádio Clube, com pouquíssimo tempo lhe fez procurar Edyr Proença que lhe acolheu de volta ao prefixo pioneiro da PRC-5 Um dia em conversa com Jayme Bastos sobre o assunto, com a ironia que era a marca registrada de sua personalidade, ele recorreu à zoação : “A Liberal não era ouvida em Bragança”. Cláudio é filho do município. Voltou à Clube, onde até hoje atua e que até parece ser a emissora do seu coração. Embora ainda tendo retornado à Liberal em 1988 onde ficou por breve tempo (menos de cinco anos) e não poupou críticas à direção da emissora por não saber gerir em termos modernos o departamento comercial que alegara redução de custos para sua dispensa e de outros companheiros em 1992. Nesse tempo, a Liberal contava com Ivo Amaral, Jorge Luiz e o próprio Cláudio como seus principais narradores.