sábado, 14 de julho de 2018

Isaac Pais e suas controvérsias


O português Isaac Pais, por muito tempo atuou na imprensa esportiva belenense. Começou escrevendo uma coluna no extinto jornal “associado”, A Província do Pará, de onde foi depois seu editor, na metade dos anos de 1960. Nesse tempo eu atuava na Revisão. E trocávamos esparsas conversa na redação. Isaac era quase que um outsider entre a turma do jornal. Ainda que fosse relativamente novo. Gostava de escrever. Era extensivo em seus textos e comentários. Mas demonstrava consistência no que abordava. Dizia-se diplomado tanto como árbitro e ainda treinador pela FIFA. Chegou até a dirigir o departamento especializado (árbitros) da antiga Federação Paraense de Desportos (FPD), antecessora da FPF. 

E como técnico teve uma única experiência. Por sinal, desastrosa dirigindo a seleção paraense em um amistoso contra a seleção amazonense, em Manaus. Perdemos por 7 a 0. Mas quando retornou a Belém, Isaac justificou tintim por tintim todos os gols sofridos naquele placar vexatório. Quase consegue convencer. Era seu jeito de ser, sempre refratário à autocrítica. E excedendo-se na autoconfiança. Um presunçoso. 

Trabalhamos juntos no Liberal. Foi paciente comigo que era um péssimo datilógrafo no início da carreira. Por várias vezes almocei em sua residência que ficava em uma vila em frente ao Colégio Nazaré. Da mesma maneira nos eventos familiares como o aniversário da única filha. Mas nem por isso deixou de pedir minha cabeça ao Rômulo Maiorana quando entrei em uma lista de demissões. O saudoso e prestigiado fotógrafo Pedro Pinto intercedeu por mim junto ao RM e passei a ser repórter da Editoria de Cidade. O lembrado Walter Guimarães era o Chefe-de-Reportagem. 

Quando a Rádio Liberal passou a integrar o grupo de comunicação das ORM Isaac por breve tempo chefiou sua equipe esportiva. E passou a comentar alguns jogos numa linguagem quase grotesca chamando a bola de esférico, a trave de moldura, o goleiro de guarda-valas e por ai seguia sua romaria idiomática genuinamente lusitana. 

Um dia resolveu em sua coluna sugerir uma nova estratégia tática ao Remo. Que nesse tempo era comandado por ninguém menos que Zizinho. O Leão jogaria o clássico de um domingo à tarde no tradicional Re-Pa. 

À noite, com o placar da partida já definido – salvo engano, empate – Mestre Ziza comparece a um programa da extinta TV Marajoara, ancorado por Ivo Amaral que anuncia a participação de Isaac Pais nos debates. Mas ele ainda não se fazia presente ao programa. Zizinho estava com um jornal nas mãos. 

Ao se aproximar da metade do programa, Ivo anuncia que Isaac não se faria presente por estar acometido de forte resfriado, conforme telefonara justificando sua ausência. 

Foi o passe que Zizinho esperava. Dirigindo-se ao apresentador, ele disse que mesmo que o jornalista comparecesse, não debateria com o mesmo.” Esse cara entende muito mais futebol do que todo mundo” – ressaltou Ziza. E continuou: “Ele armou um esquema que somando tudo vai dar em 12 jogadores. E eu até hoje só conheço time com onze”. 

No dia seguinte em A Província”, sendo motivo de zoeira geral, ele não se fez de rogado. Chamou Zizinho de imbecil, pois apenas “hipoteticamente” admitira aquela “tática” com 12 jogadores. Piorou o lance. 

Ele ainda passaria pela redação do extinto O Estado do Pará ao tempo em que o jornal da família de Lopo de Castro foi arrendado à empresa Néo Administração e Participações em fins dos anos 1980. 

Faleceu em 1990.

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